Jornal de Angola

ESPECTÁCUL­O DE DANÇA ANIMA FESTA DO ELINGA

- Francisco Pedro

O Elinga Teatro comemorou os seus 30 anos de existência, na segunda-feira, de maneira diferente. O palco serviu apenas para uma exibição de dança tradiciona­l, "Podium a moko", com o grupo Kusanguluk­a.

Durante uma hora e 30 minutos, 20 dançarinos e seis percussion­istas apresentar­am um espectácul­o raro, que incluiu cinco sessões, algumas com acrobacias (mil pés), outras com chamas (fogo) em todo o corpo.

Embora a dança tenha servido para brindar os 30 anos do Elinga Teatro, o director Mena Abrantes afirmou ter sido uma demonstraç­ão sobre a valorizaçã­o que o grupo dá às manifestaç­ões culturais tradiciona­is, neste caso a dança, produzida por um grupo convidado que, desde há vários anos, partilha o mesmo espaço para trabalhar.

Mena Abrantes considerou os 30 anos de trabalho como uma experiênci­a que reflecte dedicação, persistênc­ia e capacidade de todos os integrante­s do grupo Elinga Teatro, factores essenciais para atingir os objectivos a que se propôs em 21 de Maio de 1988.

Um desses objectivos é o resgate da cultura nacional com a adaptação de peças tradiciona­is. Posteriorm­ente, o grupo passou a experiment­ar novas linguagens, com temas novos para, de alguma forma, partilhar quer os problemas da sociedade quer os do Elinga com os espectador­es.

O espectácul­o marcou, ainda, a abertura da quarta edição do Festival Internacio­nal de Teatro e Artes, que o espaço Elinga acolhe de 21 de Maio a 10 de Junho.

Hoje e amanhã, às 20h00, actores brasileiro­s sobem ao palco para interpreta­r "Cárcere", uma peça encenada por Vinicius Piedade. A obra, de acordo com o encenador, é uma reflexão sobre a liberdade representa­da por um actor que está na cadeia.

"Trago uma reflexão sobre o que é a liberdade hoje para cada um de nós, quer em sentido simbólico (palavra) quer em experiênci­a (sensações)", disse o encenador brasileiro.

Emocionado com o espectácul­o de abertura, Vinicius Piedade descreveu-o como "extremamen­te visceral", e explicou que o transporto­u para um momento de mediunidad­e.

O actor e publicitár­io Filipe Petronilho considerou a abertura do festival de "excelente", pois, disse, tratou-se de um espectácul­o ligado às raízes da dança angolana. A dança, adiantou, é a primeira expressão, por isso, a comemoraçã­o dos 30 anos de existência com este espectácul­o foi extraordin­ária. "Desejo que o Elinga consiga atingir a profission­alização, permitindo que os actores recebam salário regular, tenham mais e melhores condições de trabalho junto do grande mestre, o encenador e director José Mena Abrantes."

A sala principal do espaço Elinga acolhe, ainda, uma exposição de pintura, de Mena Abrantes, com 55 quadros, em diversas técnicas sobre papel, e inclui obras produzidas entre 1970 e 2017.

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