ESPECTÁCULO DE DANÇA ANIMA FESTA DO ELINGA
O Elinga Teatro comemorou os seus 30 anos de existência, na segunda-feira, de maneira diferente. O palco serviu apenas para uma exibição de dança tradicional, "Podium a moko", com o grupo Kusanguluka.
Durante uma hora e 30 minutos, 20 dançarinos e seis percussionistas apresentaram um espectáculo raro, que incluiu cinco sessões, algumas com acrobacias (mil pés), outras com chamas (fogo) em todo o corpo.
Embora a dança tenha servido para brindar os 30 anos do Elinga Teatro, o director Mena Abrantes afirmou ter sido uma demonstração sobre a valorização que o grupo dá às manifestações culturais tradicionais, neste caso a dança, produzida por um grupo convidado que, desde há vários anos, partilha o mesmo espaço para trabalhar.
Mena Abrantes considerou os 30 anos de trabalho como uma experiência que reflecte dedicação, persistência e capacidade de todos os integrantes do grupo Elinga Teatro, factores essenciais para atingir os objectivos a que se propôs em 21 de Maio de 1988.
Um desses objectivos é o resgate da cultura nacional com a adaptação de peças tradicionais. Posteriormente, o grupo passou a experimentar novas linguagens, com temas novos para, de alguma forma, partilhar quer os problemas da sociedade quer os do Elinga com os espectadores.
O espectáculo marcou, ainda, a abertura da quarta edição do Festival Internacional de Teatro e Artes, que o espaço Elinga acolhe de 21 de Maio a 10 de Junho.
Hoje e amanhã, às 20h00, actores brasileiros sobem ao palco para interpretar "Cárcere", uma peça encenada por Vinicius Piedade. A obra, de acordo com o encenador, é uma reflexão sobre a liberdade representada por um actor que está na cadeia.
"Trago uma reflexão sobre o que é a liberdade hoje para cada um de nós, quer em sentido simbólico (palavra) quer em experiência (sensações)", disse o encenador brasileiro.
Emocionado com o espectáculo de abertura, Vinicius Piedade descreveu-o como "extremamente visceral", e explicou que o transportou para um momento de mediunidade.
O actor e publicitário Filipe Petronilho considerou a abertura do festival de "excelente", pois, disse, tratou-se de um espectáculo ligado às raízes da dança angolana. A dança, adiantou, é a primeira expressão, por isso, a comemoração dos 30 anos de existência com este espectáculo foi extraordinária. "Desejo que o Elinga consiga atingir a profissionalização, permitindo que os actores recebam salário regular, tenham mais e melhores condições de trabalho junto do grande mestre, o encenador e director José Mena Abrantes."
A sala principal do espaço Elinga acolhe, ainda, uma exposição de pintura, de Mena Abrantes, com 55 quadros, em diversas técnicas sobre papel, e inclui obras produzidas entre 1970 e 2017.