Proposta criação de prémio “Alda do Espírito Santo”
Galardão literário foi criado como uma forma de homenagear o contributo da poetisa são-tomense Alda do Espírito Santo
Os participantes do segundo Festival Literário Luso-Brasileiro-Africano, que decorreu entre os dias 15 e 18, no Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA), em Luanda, sugeriram a criação do prémio literário Alda do Espírito Santo, em homenagem à poetisa são-tomense.
A proposta foi apresentada na sessão de encerramento, sendo uma das razões, segundo o curador José Luís Mendonça, o facto de os escritores africanos considerarem o prémio Camões “destinado para brasileiros e portugueses”. Neste caso, “queremos institucionalizar um prémio destinado aos autores dos PALOP-Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa”.
Com a criação do prémio Alda do Espírito Santo a intenção é compensar limites geográficos e editoriais do prémio Camões, extensivo à CPLP.
“O prémio Camões tem vindo a contemplar mais os escritores de Portugal e do Brasil, países que dominam o movimento editorial da CPLP e cujo júri não tem conhecimento das obras e autores potenciais candidatos ao prémio que vivem em África, por falta de uma política de Estado no seio dos países da comunidade africana que leve a literatura para além do continente”, argumentou o curador, poeta e jornalista, José Luís Mendonça. A proposta sugere ainda que o prémio Alda do Espírito Santo contemple o vencedor com o valor de 50 mil dólares norte-americanos e que esse montante seja garantido através das contribuições de Angola (20 mil), Moçambique (20 mil), Cabo Verde (5 mil), Guiné Bissau (mil dólares), São Tomé e Príncipe (mil dólares) e Timor Leste (mil dólares), país que também deve ser incluído no galardão por afinidade histórico-linguística.
Além da proposta do prémio, no decorrer de quatro dias de debates, escritores, jornalistas, estudantes e pesquisadores apresentaram outras sugestões em prol da promoção do livro e da leitura.
Livro e leitura
Durante quatro dias, o Centro Cultural Brasil-Angola foi palco de uma longa e alargada conversa que reuniu escritores e intelectuais de quatro continentes e cinco países, nomeadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.
Representaram Angola os escritores António Fonseca, Lopito Feijóo, José Luís Mendonça, Domingas Monte, Hélder Simbad e Ondjaki. Pelo Brasil estiveram Mirna Queiroz, Marta Costa, Felipe Fortuna, Josélia Aguiar e Flávia Amparo. Em nome de São Tomé, falou o escritor Orlando Pedro, de Portugal veio Maria João Cantinho, Mbate Pedro representou Moçambique e Abraão Vicente (que também é ministro da Cultura) marcou presença por Cabo Verde.
O objectivo central do II Festlab foi colocar sobre o palco os aspectos fundamentais que dão corpo ao sistema literário, a sua função histórica no processo de desenvolvimento nacional, bem como as ligações naturais que estabelece com o sistema de educação e ensino, a cultura e as línguas nacionais e a repercussão sobre a eficácia da administração pública e o desempenho da economia nacional e internacional.
O festival assinalou que existe, a nível da comunidade internacional lusófona, uma redução do intercâmbio cultural livreiro e de escritores, mesmo até por razões da crise económica mundial.
“Queremos institucionalizar um prémio destinado aos autores dos PALOP, pelo facto de os escritores africanos considerarem o prémio Camões destinado brasileiros e portugueses”