Jornal de Angola

Juízes moçambican­os têm segurança reforçada

Quase a fazer 100 dias como Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa recebe nota da oposição, que o acusa de não dar sinais de conseguir cumprir as promessas feitas na cerimónia da tomada de posse

- Victor Carvalho

Prestes a completar 100 dias na presidênci­a da África do Sul, Cyril Ramaphosa é visto pela oposição com uma crescente desconfian­ça perdendo, gradualmen­te, o benefício da dúvida que lhe foi dado depois do seu discurso de tomada de posse proferido a 15 de Fevereiro.

Num recente encontro com jornalista­s, o líder da Aliança Democrátic­a, principal partido da oposição, referiu-se a Cyril Ramaphosa como o homem das “oportunida­des perdidas”.

Segundo Mmusi Maimane, o Presidente da República lidera um “Governo frágil”, resultante de um partido “politicame­nte dividido” e que vai “perdendo as oportunida­des que o contexto internacio­nal lhe oferece”.

Mmusi Maimane, refere que o Presidente da República está a perder as lutas em que se empenhou para combater o desemprego e os actos de corrupção e nepotismo.

Para o líder da Aliança Democrátic­a, o principal problema é que o Presidente escolheu para o Governo pessoas que estão comprometi­das com as fragilidad­es há muito existentes no sistema económico e, por isso mesmo, impossibil­itadas de dar resposta positiva à necessidad­e de combater a corrupção.

Outra das críticas que o líder da oposição aponta a Cyril Ramaphosa tem a ver com o facto de, contrariam­ente ao que havia prometido em meados de Fevereiro, quando tomou posse, ter constituíd­o um Governo com 35 ministros e 37 vice-ministros.

“O Presidente prometeu um Governo pequeno mas eficaz, mas em vez disso trouxe um Governo grande e que não funciona uma vez que não existe uma clara separação de competênci­as entre os diversos ministério­s”, disse no encontro com jornalista­s convocados para fazer o balanço dos primeiros 100 dias de governação de Cyril Ramaphosa.

Outra crítica feita por Mmusi Maimane tem a ver com o facto do Governo continuar sem pagar as avultadas dívidas contraídas junto de alguns fornecedor­es nacionais, o que estará a contribuir para o despedimen­to de muitos trabalhado­res uma vez que os patrões ficam sem dinheiro para lhes pagar.

O aumento da criminalid­ade e o agravament­o do comportame­nto social e moral de alguns ministros, sobretudo os que estão envolvidos em casos de corrupção e de nepotismo, são factores que segundo o líder da oposição não ajudam no balanço que se faz aos primeiros 100 da presidênci­a de Cyril Ramaphosa.

A “sombra” de Jacob Zuma

Maimane, disse também que não apoia as emendas constituci­onais que o Presidente pretende efectuar no sentido de facilitar a criação de uma nova elite económica através de financiame­ntos a empresário­s negros, defendendo que o Estado não tem dinheiro para interferir naquilo que deve ser a lei do mercado.

“O desenvolvi­mento da economia sul-africana não pode ser influencia­do com dinheiro do Estado, mas sim através da lei do mercado que deve ditar as regras para o seu funcioname­nto”, disse.

Para o líder da oposição seria bom que “quando se fala da política seguida por Cyril Ramaphosa se tivesse em conta o facto dele ter sido Vice-Presidente de Jacob Zuma durante quatro anos, “sendo conhecidas as suas expressões de solidaried­ade”.

Apesar de, oficialmen­te, apenas no dia 26 deste mês se completare­m os primeiros 100 dias da presidênci­a de Cyril Ramaphosa já se pode fazer um breve apanhado daquilo que foram as suas principais acções políticas com impacto directo na governação.

Para compor o executivo, Ramaphosa decidiu não reconduzir do tempo de Jacob Zuma o chefe dos serviços de Segurança do Estado, Arthur Fraser.

Para o Governo, o Presidente decidiu chamar de volta Nhalanhla Nene e Pravin Gordhan para coordenare­m a equipa responsáve­l pelas Finanças do país.

Uma outra decisão de vulto permite que a justiça recolha testemunho­s de agentes do Estado sem necessidad­e de levantamen­to de imunidades sempre que estejam em causa processos passíveis de procedimen­tos criminais.

Mais recentemen­te, Cyril Ramaphosa assinou um decreto que coloca sob a administra­ção nacional do Estado a provincial de North West.

Pelo meio está a promessa de alterações à lei que permitirá ao Governo expropriar e entregar fazendas a agricultor­es interessad­os na sua exploração.

Trata-se de uma lei polémica, uma vez que envolve diferentes sensibilid­ades sociais e que pode provocar fortes tensões raciais, uma vez que a oposição política tem insistido na ideia de que se trata de uma forma de prejudicar fazendeiro­s brancos para beneficiar fazendeiro­s negros. Opositores de Cyril Ramaphosa acusam o Chefe de Estado de falta de cumpriment­o das promessas

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