Os bacongo como grupo étnico
A população angolana acusa uma composição muito complexa. Cerca de 95 cento dos angolanos são de origem bantu, pertencentes a uma diversidade de etnias.
Entre estas, a mais importante é a dos ovimbundu que representam mais de um terço da população, seguidos dos ambundu com cerca de um quarto, e os bakongo com mais de 10 por cento. Menor peso demográfico têm os lunda-cokwe, os ovambo, os nyanekankhumbi, os ganguela e os xindonga.
Existem ainda pequenos grupos residuais de khoisan (ocasionalmente designados como bosquímanos ou hotentotes), habitantes originais do território angolano hoje (e portanto prébantu). O habitat destas etnias, tal como existia no fim da era colonial, continua no essencial inalterado. No entanto, durante a segunda metade do século XX houve um fluxo permanente de habitantes das áreas rurais para as cidades. Vamos falar do terceiro maior grupo étnico linguístico.
Os bacongo ou bakongo é um grupo étnico bantu que vive numa larga faixa ao longo da costa atlântica de África, desde o Sul do Gabão até às províncias angolanas do Zaire e do Uíge, passando pela República do Congo, pelo enclave de Cabinda e pela República Democrática do Congo. Em Angola, são o terceiro maior grupo étnico.
Os bacongo, cuja língua é o kikongo, ocupavam o vale do rio Congo em meados do século XIII e formaram o Reino do Congo, que, até à chegada dos portugueses, no fim do século XV, era forte e unificado. A sua capital, Mbanza Kongo, ficava na actual província do Zaire. Durante a guerra de independência de Angola, muitos bacongos fugiram para o então Zaire, levando a uma considerável diminuição da presença dessa etnia em solo angolano.
No entanto, após a independência angolana, muitos refugiados (ou seus filhos e netos) retornaram a Angola. Mesmo assim, não se chegou mais a atingir os valores demográficos de 1960, quando os bacongo representavam 13,5 por cento da população angolana, contra os actuais 8,5 por cento (estimativa).
Importa salientar que os regressados do Zaire (hoje República Democrática do Congo) muitas vezes não voltaram a fixar-se no seu habitat original, mas foram viver nas grandes cidades sobretudo em Luanda, mas também mais a sul, inclusive no Lubango.