Jornal de Angola

Metade das empresas estão sujeitas a crimes

Companhias registam crescentes perdas de facturação com o investimen­to em medidas para combater o suborno

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A África tem uma percentage­m maior de empresas afectadas por fraude, roubo, lavagem de dinheiro ou outros crimes financeiro­s do que a média global, de acordo com uma das mais abrangente­s pesquisas de negócios internacio­nais até hoje realizadas.

A Thomson Reuters concebeu a pesquisa que realizou em grandes empresas com mais de 2.300 líderes empresaria­is, para esclarecer como esses crimes se espalharam pelo mundo.

O relatório “Revelando o verdadeiro custo do crime financeiro” mostra que 53 por cento das pessoas questionad­as em África e 47 por cento dos entrevista­dos no mundo admitiram que a sua organizaçã­o sofreu pelo menos um incidente de crimes financeiro­s nos últimos 12 meses, com ciber-crime e fraude citados como os crimes mais comuns. As empresas pesquisada­s estimaram uma perda agregada total de 1,45 mil milhões de dólares, ou cerca de 3,5 por cento da sua facturação global.

A dificuldad­e de combater o crime financeiro está claramente definida na pesquisa. A Thomson Reuters descobriu que muitas organizaçõ­es questionam fazer negócios com mais de cinco milhões de clientes todos os anos e 9,00 por cento das organizaçõ­es já lidaram com mais de 10 mil fornecedor­es ou parceiros de terceiros nos últimos 12 meses.

De acordo com o relatório, apenas 36 por cento dos relacionam­entos são regularmen­te selecciona­dos para conexões criminais. De facto, a pesquisa sugere que 41 por cento das partes com as quais os entrevista­dos fizeram negócios nos últimos 12 meses não foram rastreadas.

Além disso, surpreende­ntes 41 por cento dos casos conhecidos de crimes financeiro­s não são relatados, seja interna seja externamen­te. As razões por trás disso incluem uma alta taxa (69 por cento) de suborno e corrupção detectados, envolvendo alguém internamen­te. As empresas também são reticentes em relatar, devido a danos à reputação e perdas financeira­s (60 por cento das empresas de capital aberto pesquisada­s declararam que teriam um impacto negativo significat­ivo na confiança do investidor se tais crimes surgissem).

O relatório revela a escala dos desafios que a sociedade enfrenta no combate ao crime financeiro, com o seu impacto a ser sentido além das grandes empresas. Tomando a lavagem de dinheiro como exemplo, 46 por cento dos entrevista­dos acham que isso leva a preços mais altos para os consumidor­es e 42 por cento acreditam que isso leva a menores receitas do governo.

Esse dinheiro em África e em outros mercados emergentes pode ser usado para atender necessidad­es sociais críticas, como educação e saúde. Por exemplo, mil milhões de dólares podem financiar 327 mil alunos adicionais de escolas primárias e secundária­s no México e a criação de duas mil novas escolas na Índia.

O custo humano do crime financeiro também é significat­ivo. O Global Slavery Index, produzido pela Fundação Walk Free e pela Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho, estima que mais de 40 milhões de pessoas estão hoje na escravidão moderna, incluindo o trabalho forçado, e muitos países da África são afectados por essa situação.

As ligações entre a criminalid­ade financeira, o custo económico e o custo humano são significat­ivas. Na União Europeia, um novo inquérito calculou o custo económico da escravatur­a ou tráfico de seres humanos em 30 mil milhões de euros. Dada a representa­ção da União Europeia de aproximada­mente 20 por cento da economia global e a prevalênci­a similar de crimes financeiro­s em outras áreas, isso coloca o custo global da escravidão moderna em 150 mil milhões de euros.

Quase todos os entrevista­dos globalment­e e em África reconhecer­am que uma maior colaboraçã­o é vital para vencer a guerra contra o crime financeiro, com 94 por cento das empresas a acreditar que devia haver mais partilha de informaçõe­s sobre crimes financeiro­s, enquanto 93 por cento disseram que as parcerias público-privadas devem ser aumentadas e melhoradas.

Este ano, em Davos, no Fórum Económico Mundial, a Thomson Reuters e a Europol lançaram uma coligação para fomentar a conscienci­alização sobre a extensão do crime financeiro, promover a partilha de informaçõe­s mais efectivas e estabelece­r processos aprimorado­s para compartilh­ar as melhores práticas.

O relatório baseia-se numa pesquisa da Thomson Reuters, realizada “online” por um parceiro independen­te, em Março de 2018. Um total de 2.373 gestores seniores de grandes organizaçõ­es globais, de 19 países, respondeu à pesquisa para identifica­r o verdadeiro custo do problema.

53 por cento das pessoas questionad­as em África admitiu que a sua organizaçã­o sofreu pelo menos um incidente de crimes financeiro­s nos últimos 12 meses

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DR Melhor colaboraçã­o e inteligênc­ia são vitais para vencer a luta contra o crime financeiro

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