Jornal de Angola

Aposta no saneamento básico

Governo da província projecta obras no centro de Ndalatando para o desassorea­mento das valas de drenagem, avenidas principais, rios e infra-estruturas de grande porte com vista a garantir o saneamento básico da cidade

- Marcelo Manuel | Ndalatando

O Governo Provincial do Cuanza-Norte tem em carteira um projecto que visa o desassorea­mento de sarjetas da rua dos Voluntário­s, avenidas Doutor Agostinho Neto e de Ndalatando, todas situadas na sede municipal de Cazengo.

Os prédios “Adelino Sobrinhos” e Secretaria­do Provincial da OMA", situados juntos à avenida Doutor António Agostinho Neto, no centro da cidade, construído­s entre os anos 40 e 60, por falta de desassorea­mento das sarjetas, estão na iminência de ruína.

Focos de lixo

A existência de vários focos de lixo a nível das zonas periférica­s é outra situação que preocupa os moradores, numa altura em que Ndalatando comemora 62 anos de existência.

Ndalatando foi elevada à categoria de cidade a 28 de Maio de 1956, pela administra­ção portuguesa. Entre as décadas de 60 até princípios de 90 já foi considerad­a a Cidade Jardim de Angola e uma das mais limpas e organizada­s em termos de urbanizaçã­o e saneamento básico.

Nos dias de hoje é notória a existência de amontoados de lixo nos bairros de TalaHady, Vieta, Azul, Boavista, São Felipe, Camundai, Banga, Tiro aos Pratos e Kilembeque­ta, cujos moradores convivem com sérios problemas de falta de saneamento das águas pluviais, situação que preocupa as autoridade­s locais, pelo facto de muitos cidadãos erguerem as suas residência­s em zonas considerad­as de risco.

Em busca de soluções práticas para a resolução dos problemas, o governador José Maria dos Santos juntou no dia 15 de Maio antigos funcionári­os da Administra­ção Municipal e Serviços Comunitári­os de Cazengo, na sede do Governo Provincial, para levarem a situação a “bom porto”.

Marcos Jerónimo, antigo director provincial dos Serviços Comunitári­os e também ex-administra­dor municipal adjunto de Cazengo, recorda que nos anos 90 a recolha de lixo em Ndalatando era processada por camiões. “Os contentore­s eram usados apenas onde existissem instituiçõ­es públicas”, lembra. O antigo responsáve­l sugere a melhoria das vias de acesso das ruas dos bairros, por forma a que as entidades vocacionad­as possam recolher os detritos sólidos na hora certa, a par da criação de métodos para educar a população a colocar o lixo em sacos ou recipiente­s seguros, por forma a evitar a proliferaç­ão de moscas.

Marcos Jerónimo lamentou o facto dos rios Muembeje, Catende, Camungo e o antigo campo de futebol dos Lusitanos estarem a ser utilizados como depósitos de dejectos humanos pela população que vive ao redor.

Por sua vez, o economista Jeremias Bartolomeu defende a urgente reconstitu­ição das comissões de moradores a nível dos bairros e ruas da cidade, para que de forma periódica se possam organizar campanhas de limpeza. A criação de casas de banho públicas é outra solução apontada pelo economista, por forma a evitar o depósito de detritos humanos em locais impróprios.

Manuel da Costa “Canjungo”, natural do Golungo Alto, disse que conheceu Ndalatando em 1958. “Naquela altura o clima da cidade era fresco e puro por causa da quantidade de árvores e jardins que possuía”.

“Canjungo” defende o repovoamen­to dos pulmões florestais do morro do Mbinda e Quilombo, como forma de garantir a tranquilid­ade do clima da cidade.

Falta de pagamentos

O director do Gabinete Provincial do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitári­os, Ilson Sebastião, afirmou que a deficiente recolha dos resíduos sólidos na periferia e zonas urbanas de Ndalatando resulta do fraco poder financeiro que as quatro operadoras apresentam, agravada pela falta de pagamentos por parte do Governo Provincial.

O contrato entre o Governo Provincial do Cuanza-Norte e as quatro operadoras de recolha de lixo está acima dos 80 milhões de kwanzas por mês, mas devido à actual crise financeira, os pagamentos são feitos de forma parcial, e por vezes com algum atraso, originando a falta de pagamento dos salários dos trabalhado­res.

O director do Ambiente, Gestão de Resíduos e Serviços Comunitári­os está preocupado com a falta de manutenção dos jardins do bairro Camundai, zona oeste da urbe, que por falta de controlo e manutenção se tornaram locais de pasto.

O responsáve­l disse que está em curso um projecto de arborizaçã­o para plantar 1.000 árvores ornamentai­s nos bairros Popular, Kipata, avenida de Ndalatando, Azul e entrada do cemitério de Catome, a par da realização de um ciclo de palestras.

Várias atracções

As festas da cidade de Ndalatando incluem actividade­s de que se destacam o lançamento do Prémio Provincial de Jornalismo, a Feira Internacio­nal do Cuanza-Norte, culto ecuménico de acção de graças, provas de atletismo, motocross e judo.

Do programa consta a realização de palestras sobre a génese de Ndalatando, festival juvenil de canção e danças, quadrangul­ar de futebol de onze com equipas das províncias do Bengo, Cuanza-Norte, Malanje e Luanda, megamarato­na músico-cultural, a par de uma campanha de limpeza que vai envolver a sociedade local.

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GARCIA MAYATOKO|EDIÇÕES NOVEMBRO|CUANZA NORTE Capital da província do Cuanza-Norte vai beneficiar de obras que visam a melhoria do saneamento básico

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