PERISCÓPIO A degradação do São Paulo
O São Paulo, que faz fronteira com o BÔ, embora diferente na génese, que cedo teve artérias asfaltadas, luz eléctrica, água canalizada, esgotos, prédios de construção definitiva, não escapou ao desleixo de “quem de direito”.
Os habitantes de São Paulo constituíam uma população mais heterogenia do que a do BÔ, embora apenas na aparência confirmada, entre outras evidências, no “Colonial, sala de cinema com lugares bem diferenciados, a espelharem a descriminação entre classes que, no caso, era essencialmente racial. Não havia placas a indicar a quem se destinavam. Não era preciso, saltavam à vista. Os das filas da frente, mais perto do ecrã, eram bancos corridos de cimento, logo a seguir, iguais, mas de madeira e já com encosto, coisa que os primeiros não tinham. As cadeiras do mesmo material, com assentos articulados ficavam atrás. Os preços, evidentemente, eram diferentes, a servirem de “tabuletas” da hipocrisia do regime que vigorava na colónia. Era igualmente uma forma de acirrar diferenças entre os que não tinham quase nada e os que não tinham mesmo nada.
São Paulo foi isso e muito mais, mas era asseado e dispunha de artérias bem tratadas. O que não sucede hoje. Em próximos “periscópios” havemos de falar de alguns casos que comprovam a inoperância de “quem de direito”.