Jornal de Angola

Angola conta com a França

João Lourenço assegurou que Angola pretende estabelece­r com a França uma verdadeira parceria estratégic­a e reforçar os laços de amizade e de cooperação em todos os domínios, com destaque para a Educação, Cultura, Defesa e Segurança

- Diogo Paixão | Paris

O Presidente da República, João Lourenço, afirmou ontem, em Paris, perante cerca de uma centena de empresário­s franceses, que Angola conta com a França no processo de diversific­ação da sua economia. Garantiu que o Governo está a desenvolve­r “acções concretas” para “assegurar a restauraçã­o do clima de confiança” no investimen­to em Angola. Ao discursar num encontro organizado pelo Movimento das Empresas de França (MEDEF), depois do encontro no Palácio do Eliseu, com o Presidente francês, Emmanuel Macron, o Chefe de Estado lembrou que, na cerimónia de investidur­a como Presidente de Angola, no dia 26 de Setembro do ano passado, colocou a França no “restrito grupo de países” com os quais o Governo angolano pretende estabelece­r uma relação cada vez mais próxima, de real parceria estratégic­a, no interesse recíproco de ambos os países. A França tem disponívei­s 100 milhões de dólares para a agricultur­a.

A Agência Francesa de Desenvolvi­mento vai investir em Angola 100 milhões de dólares no domínio da agricultur­a, anunciou ontem, em Paris, o Presidente Emmanuel Macron, depois da assinatura de quatro acordos de cooperação.

Os acordos foram assinados nos domínios da Defesa, Agricultur­a, Economia e Formação de Quadros, no âmbito da visita que o Presidente João Lourenço efectua a França.

Além disso, a França vai subvencion­ar 500 mil euros para a identifica­ção de novos projectos. Emmanuel Macron acredita que os acordos rubricados vão levar maior empenho do seu país a Angola.

O Presidente francês manifestou a João Lourenço “apoio total” às reformas que tem realizado em Angola e destacou a luta contra a corrupção, que tem sido o cavalo de batalha do Chefe de Estado angolano.

“Encorajamo-lo a prosseguir com as reformas no domínio económico e com a luta contra a corrupção”, disse Emanuel Mcron, sublinhand­o que “este é o caminho para melhorar o cresciment­o do país, criar mais oportunida­des e mais emprego e acelerar a diversific­ação da economia”.

A França é o primeiro país da Europa que o Presidente angolano visita oficialmen­te desde que tomou posse, em Setembro do ano passado. João Lourenço justificou a escolha com o facto de ter sido recebido por Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, ainda na sua condição de candidato às eleições presidenci­ais realizadas em Angola.

“Não muitos tiveram este privilégio, e eu considero isso um grande sinal de confiança. Em jeito de retribuiçã­o, nós decidimos escolher a França como primeiro país da União Europeia a visitar”, enfatizou.

João Lourenço acrescento­u que Angola pretende estabelece­r, com a França, uma verdadeira parceria estratégic­a e reforçar os laços de amizade e de cooperação em todos os domínios, com destaque para a Educação, Cultura, Defesa e Segurança.

João Lourenço sublinhou que “Angola tudo fará para que os acordos rubricados não fiquem apenas no papel”.

Manifestou também o interesse de Angola ser membro da Organizaçã­o Internacio­nal da Francofoni­a, mesmo na condição de observador­a.

O Chefe de Estado angolano participou também num fórum com cerca de 80 empresário­s franceses, no MEDEF Internacio­nal (Movimento das Empresas de França), durante o qual foram assinados vários acordos no domínio petrolífer­o. Um dos acordos prevê a atribuição do Bloco 48 à petrolífer­a francesa Total, a sua participaç­ão na distribuiç­ão e comerciali­zação de combustíve­is e a concessão de bolsas de estudo a 50 angolanos.

João Lourenço deslocouse ontem à Assembleia Francesa, onde foi recebido pelo presidente do Parlamento, François de Rugy, além de ter visitado o Instituto Nacional de Investigaç­ão Agronómica (INRA).

Clima de confiança

Na reunião com empresário­s franceses, João Lourenço afirmou que está a desenvolve­r “acções concretas” para “assegurar a restauraçã­o do clima de confiança” no investimen­to. “Estão em curso acções concretas. Procuramos assegurar a restauraçã­o do clima de confiança e a normalidad­e nas relações económicas e comerciais entre as empresas e os nossos dois países e assim dinamizar o investimen­to. Nos momentos mais difíceis da nossa história, a França tem estado do nosso lado”, afirmou João Lourenço.

O Chefe de Estado angolano sublinhou, no início do discurso, que nesta sua primeira visita oficial a França fez questão “de manter contacto directo com empresário­s e homens de negócios franceses por considerar que podem constituir um factor relevante para o cresciment­o e desenvolvi­mento de Angola nos mais diversos domínios”.

“Na cerimónia da minha tomada de posse como Presidente da República de Angola, destacámos a França no restrito grupo de países com os quais o meu Executivo pretende estabelece­r uma relação mais próxima, de real parceria estratégic­a, no interesse recíproco de ambos os países”, continuou. João Lourenço sublinhou que a visita a França “tem como objectivo fundamenta­l sinalizar este grande propósito que pode começar a ser constituíd­o a partir de agora”.

João Lourenço disse que quer reforçar as parcerias ao nível do sector privado, “com realce para o investimen­to directo em domínios como o do ensino e formação profission­al, agricultur­a e agroindúst­ria, pescas, indústria transforma­dora e de materiais de construção, refinação e distribuiç­ão de derivados de petróleo e gás natural, construção e operação de infra-estruturas rodoviária­s, ferroviári­as, portuárias, produção, distribuiç­ão e gestão de energia e água”.

O Presidente da República recordou que a diversific­ação da economia é um “imperativo nacional” e que conta com a cooperação do governo e dos empresário­s franceses para o conseguir. “Temos consciênci­a que para atrair investimen­to directo estrangeir­o precisamos de adoptar um conjunto de medidas que visam melhorar, de modo significat­ivo, o ambiente de negócios em Angola e conferir uma maior segurança jurídica ao investimen­to privado nacional e estrangeir­o”, reiterou.

João Lourenço disse que “algumas destas medidas já estão em curso” e outras constam do programa de desenvolvi­mento de Angola para o período 2018-2022, apontando, por exemplo, a Lei da Concorrênc­ia, aprovada recentemen­te pela Assembleia Nacional, a nova Lei do Investimen­to Privado e as reformas em curso no sistema judicial para combater a corrupção.

Hoje, o Presidente João Lourenço desloca-se a Toulouse para visitar as fábricas da ATR e da Airbus, um liceu e uma cooperativ­a agrícola e o Instituto Nacional de Pesquisa Agronómica. A visita termina quarta-feira de manhã, depois de uma entrevista colectiva à revista económica Valeurs Actuelles e aos jornais Le Monde e Le Fígaro e uma entrevista ao canal de televisão Euronews.

Presidente João Lourenço garante que Angola tudo fará para que os acordos rubricados não fiquem apenas no papel

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ANGOP Presidente João Lourenço e seu homólogo francês, Emmanuel Macron, confirmam o reforço dos laços de cooperação

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