Duque e Petro disputam segunda volta em Junho
Iván Duque, do partido Centro Democrático, e Gustavo Petro, da coligação Colômbia Humana, disputam a segunda volta
As primeiras eleições presidenciais disputadas domingo à luz dos acordos de paz com as FARC, na Colômbia, não fizeram eleger um chefe de Estado à primeira, e revelaram uma enorme polarização da sociedade.
Iván Duque, um candidato crítico do acordo de paz com as FARC, ficou em primeiro lugar: conseguiu 39,13 por cento dos votos. Mas terá de se bater contra Gustavo Petro, um ex-guerrilheiro de esquerda, que conseguiu 25,09 por cento dos votos. A segunda volta das presidenciais está marcada para 17 de Junho.
Iván Duque, com posições que o tornam um candidato com características de extrema-direita, é apoiado pelo antigo Presidente Álvaro Uribe, que se opõe ao acordo de paz com as FARC, a guerrilha que depôs as armas. Este acordo, que pôs fim a uma guerra que fez pelo menos 220 mil mortos, valeu ao Presidente cessante Juan Manuel Santos o Prémio Nobel da Paz em 2016.
Ao jornal “El País”, Iván Duque afirmou que não tenciona acabar com o acordo com os guerrilheiros, mas que quer introduzir modificações importantes. Em termos económicos, este representante da oligarquia colombiana que chamou a Uribe “o Presidente eterno”, relata o “New York Times”, advoga uma economia mais amiga dos mercados, apoia a iniciativa privada para a geração de riqueza, e promete cortar impostos e atrair investimento para o país.
Já Gustavo Petro, o segundo mais votado, juntou-se na juventude ao movimento M19, um dos muitos movimentos de guerrilha que assolaram a Colômbia. Mas o M-19 terminou em 1990. Petro é um político da esquerda latinoamericana, que se notabilizou como presidente da Câmara da capital colombiana, Bogotá, apoia o acordo com as FARC, introduzido pelo actual Presidente Juan Manuel Santos, um centrista.
Sem críticas para a Venezuela
Petro assume-se, em termos económicos, contra as grandes multinacionais que operam no país e mostrou-se relutante em criticar a vizinha Venezuela durante a campanha, o que lhe alienou muitos votos.
O candidato de esquerda promete pôr cobro à oligarquia “feudal” do país, através da distribuição de terrenos privados pouco produtivos pelas classes mais pobres, da substituição do petróleo e do carvão por energias mais ecológicas e da criação de um sistema bancário público que facilite o acesso ao crédito às pequenas empresas e negócios familiares.
Ambas as posições se distanciam do legado de Juan Manuel Santos. Em causa estão questões como a paz, a eliminação da violência armada que ainda persiste em algumas regiões da Colômbia, o narcotráfico e a recuperação da economia.
Juan Manuel Santos, em declarações ao “El País”, salientou as circunstâncias históricas em que se realizaram os comícios que antecederam o escrutínio: “Há muito pouco tempo, décadas, isto não acontecia”, disse, referindo-se ao conflito armado com as FARC. “Por isso vão ser as eleições mais seguras e tranquilas.”
Violência armada
Onze dissidentes da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) foram mortos numa operação militar no sul do país, que fez também dois feridos, anunciou ontem o ministro da Defesa colombiano, Luis Carlos Villegas.
A operação ocorreu no domingo à noite e fez “onze mortos e dois feridos, entre os quais um menor recentemente recrutado à força”, disse o ministro, citado pelos media locais. Estes 13 combatentes pertenciam à 7.ª frente das FARC, comandado por Edgar Salgado, também conhecido como Rodrigo Cadete, chefe guerrilheiro que rejeitou o acordo de paz assinado no final de 2016 e que levou a mais antiga rebelião das Américas a depor as armas e a converter-se num partido político sob o mesmo acrónimo.
Iván Duque, um candidato crítico do acordo de paz com os guerrilheiros das FARC, ficou em primeiro lugar, com 39,13 por cento dos votos. Gustavo Petro obteve 25,09 por cento dos votos