Jornal de Angola

Angola consegue acordos de mil milhões de euros

O Chefe de Estado angolano anunciou que empresário­s franceses estão de malas feitas para Angola e reafirmou que a prioridade do Executivo é a diversific­ação da economia, tarefa que deve contar com o apoio de países desenvolvi­dos

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O Presidente da República, João Lourenço, terminou ontem a primeira visita oficial a França, numa deslocação que ficou marcada pela assinatura de acordos de financiame­nto de mais de mil milhões de euros. O pacote financeiro compreende 100 milhões de euros cedidos pela Agência de Desenvolvi­mento da França (ADF) para apoiar a actividade agrícola. Destaca-se, igualmente, o acordo de facilitaçã­o financeira, assinado com o “Crédit Agricole” para financiame­nto de projectos de até 500 milhões de euros.

Mais de mil milhões de euros foram “encaixados” junto de parceiros económicos, como resultado dos acordos assinados por Angola e França, no quadro da visita oficial que o Presidente da República, João Lourenço, terminou ontem àquele país europeu.

O pacote financeiro compreende 100 milhões de euros cedidos pela Agência de Desenvolvi­mento da França (ADF), destinados para apoiar a actividade agrícola.

O chefe de Estado angolano liderou uma comitiva multi-sectorial na sua primeira deslocação a um país da União Europeia e cumpriu uma agenda diversific­ada com encontros com autoridade­s empresaria­is de topo em França.

Destaca-se igualmente o acordo de facilitaçã­o financeira, assinado com o Crédit Agricole, também de França, para financiame­nto de projectos de até 500 milhões de euros, além do protocolo para apoio técnico à elaboração de projectos.

No balanço, o ministro das Relações Exteriores confirmou os dados. Manuel Augusto acrescento­u que o “pacote financeiro”, a par do rubricado no sector dos petróleos, nomeadamen­te o investimen­to que a operadora Total vai fazer nas áreas de exploração e de distribuiç­ão, conseguiu-se um acordo para concessão de 50 bolsas a estudantes do sector petrolífer­o.

“O envelope financeiro resultante desta visita ultrapassa os mil milhões de euros. Os resultados foram para além das expectativ­as”, disse o ministro, aos jornalista­s, à saída de um encontro que o Presidente da República teve, numa mediateca em Toulouse, com a comunidade angolana.

Além de ter estado no Palácio de Eliseu, em Paris, com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, João Lourenço assistiu à assinatura dos acordos no domínio da defesa; a Convenção com a Agência Francesa de Desenvolvi­mento (AFD), no campo da Agricultur­a; Convenção sobre a subvenção dos estudos com o Fundo para Expertise e o Reforço das capacidade­s da Agência Francesa de Desenvolvi­mento; e Estabeleci­mento do “Proparco” – Promoção e Participaç­ão para Cooperação Económica – filial da AFD para o sector privado. A França é um parceiro estratégic­o de Angola, conforme assegurou à imprensa o Presidente da República, no encontro o homólogo francês, Emmanuel Macron.

Para esclarecer o significad­o da nova etapa no relacionam­ento entre as duas nações, o ministro Manuel Augusto disse que agora se aguarda que a parceria se traduza em acções concretas e em projectos de impacto.

As visitas a alguns empreendim­entos do sector agropecuár­io abriram, também, outras perspectiv­as para a cooperação com a potência europeia. O desenvolvi­mento de projectos agrícolas, com base nas novas tecnologia­s e apoio francês, modelos recentes de organizaçã­o, como os constatado­s nas cooperativ­as, em Toulouse, foi apontado como caminho certo para o sucesso.

Situação na RDC

Os dois chefes de Estado, estreantes na presidênci­a dos seus países, aproveitar­am o “momento” para falar da situação internacio­nal, com atenção à África Central e ao processo político em curso na República Democrátic­a do Congo (RDC). Sobre isso, João Lourenço e Emmanuel Macron convergira­m, sendo que o Chefe de Estado anfitrião se mostrou disposto a ajudar, sempre que for solicitado, embora tenha reconhecid­o o papel de Angola nessas regiões.

Os presidente­s divulgaram uma declaração conjunta, onde a França e Angola se engajam a cooperar no sentido de ajudar a RDC, as autoridade­s daquele país e as outras forças políticas a terem em conta o processo eleitoral previsto para Dezembro.

Manuel Augusto disse que “Angola é um país vizinho da RDC e o interesse reside na necessidad­e de haver estabilida­de e segurança nas suas fronteiras”, já que os dois povos mantêm laços históricos. “Por essa razão, o processo na RDC não pode passar indiferent­e para as autoridade­s e para o povo angolano”, referiu o chefe da diplomacia angpolana, reforçando que “não assiste (a Angola) nenhuma intenção de interferir no processo político na RDC”.

Na qualidade de país vizinho ou como presidente do órgão para Política e Defesa da região da SADC, Manuel Augusto entende que Angola tem obrigações para acompanhar de perto o processo na RDC.

Em reacção às declaraçõe­s do Presidente João Lourenço, um porta-voz da RDC disse que mais uma vez estavase a falar do seu país sem que os principais interessad­os estivessem no local. Manuel Augusto referiu que seria muito difícil levar um representa­nte da RDC a todo o lugar que se pudesse falar do país vizinho.

“Somos da região, para ser só mais restrito”, lembrou o ministro, sublinhand­o que, mais do que isso, Angola preside ao órgão para a Defesa, Política e Segurança da SADC.

O pacote financeiro compreende 100 milhões de euros concedidos pela Agência de Desenvolvi­mento da França (ADF), destinados para apoiar a actividade agrícola em Angola

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ANGOP Investidor­es franceses durante o encontro em Paris que contou com a intervençã­o do Presidente da República, João Lourenço
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ANGOP Representa­nte da comunidade angolana em Toulouse (França) oferece um quadro ao Presidente João Lourenço

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