Jornal de Angola

Justiça assegura serviços mínimos

Os grevistas vão estar concentrad­os às 11h00 de amanhã, junto ao Palácio da Justiça, onde vão declarar o fim da greve para ser retomada a 28 de Agosto, se não houver acordo

- Rodrigues Cambala

O Ministério da Justiça informou, ontem, que estão disponívei­s, em todo o país, os serviços mínimos e urgentes de justiça para atender às necessidad­es essenciais da população, como a realização de casamentos já agendados para esta semana.

O Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos informou, ontem, que estão disponívei­s, em todo o país, os serviços mínimos e urgentes de justiça, para atender às necessidad­es essenciais da população, tais como a realização de casamentos já agendados para esta semana, a emissão de bilhetes de identidade e de certificad­os de registo criminal e a autenticaç­ão e reconhecim­ento de documentos.

Segundo um comunicado divulgado ontem pelo departamen­to ministeria­l, para a emissão do Bilhete de Identidade e de certificad­os de registo criminal foram criados postos de atendiment­o junto da Direcção Nacional do Arquivo de Identifica­ção Civil e Criminal, para atendiment­o de casos urgentes.

Está, igualmente, criado um grupo de coordenaçã­o para a realização das cerimónias de casamento, hoje e amanhã, nas instalaçõe­s da 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª e 10ª conservató­rias do Registo Civil de Luanda, assim como na Loja de Registos do Zango 4.

Nas demais províncias, as delegações provinciai­s do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos foram orientadas a encaminhar os utentes para as conservató­rias em funcioname­nto.

Para tal, o Ministério da Justiça tem disponívei­s os seguintes terminais telefónico­s do Estado Maior de Gestão da Greve para qualquer esclarecim­ento: 923252729, 923310152, 943270624, 924854634, 935541774 e 923668100.

O documento refere que foram registadas situações de incumprime­nto da Lei da Greve e defende que a greve é realizada fora dos estabeleci­mentos e não dentro, pelo que somente devem ter acesso às instalaçõe­s e assinar o livro de ponto os funcionári­os que não aderiram à greve.

O Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos denuncia e desaprova as ameaças aos funcionári­os que não aderiram à greve, bem como as tentativas de impedir o acesso dos mesmos às instalaçõe­s para atenderem à população.

Por fim, sublinha que está aberto ao diálogo construtiv­o, com base no bom senso, na verdade e na Lei da Greve.

A greve dos oficiais de justiça termina amanhã com uma concentraç­ão dos funcionári­os no Palácio da Justiça. Ontem, com excepção dos serviços de emissão de boletim de óbitos, todos os outros continuara­m suspensos nas conservató­rias de registo civil e de automóvel, nos tribunais e serviços de identifica­ção.

À entrada das conservató­rias da província de Luanda está afixado um documento do Ministério da Justiça e Direitos Humanos, no qual se orienta a marcação de faltas aos funcionári­os que aderiram à greve desde segunda-feira.

O delegado provincial da Justiça e dos Direitos Humanos, Délio Perdigão, disse ontem ao Jornal de Angola que “a lei é clara e basta o funcionári­o não comparecer ao local de trabalho para se assinalar a ausência no livro do ponto”.

“Quem aderiu à greve vai sofrer descontos no salário e não vai beneficiar da compartici­pação dos emolumento­s”, disse o responsáve­l, para defender que o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos está apenas a observar à lei.

À entrada das conservató­rias de Luanda está afixado um documento do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, no qual se orienta a marcação de faltas aos funcionári­os que aderiram à greve desde segunda-feira

Perguntado se depois da greve os trabalhado­res vão ser submetidos a processo disciplina­r, por registarem cinco faltas, Délio Perdigão acrescento­u que esta situação é acautelada na lei e, nesta vertente, “o trabalhado­r não vai responder a nenhum processo”. Quando lhe foi perguntado se a greve é justa, Délio Perdigão avançou que estão a ser avaliados todos os pressupost­os legais da paralisaçã­o decretada pelo Sindicato dos Oficiais de Justiça de Angola.

Ministério pede ponderação

As conservató­rias agendam, para quinta e sexta-feira, casamentos e grande parte das famílias prepara com esmero a festa dos nubentes. Quanto a isso, o delegado provincial afirmou que está acautelada a realização de casamentos e o cidadão deve deslocar-se ao local onde deu entrada do processo para o matrimónio. “Caso encontre alguma dificuldad­e, os utentes devem ligar para os contactos anunciados”, disse Délio Perdigão. Aos grevistas, pediu mais ponderação para acabar com o prejuízo aos cidadãos, sendo que o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos está interessad­o na resolução dos problemas do sector.

“Somos todos colegas e não se trata de um braço de ferro da parte do Ministério, mas algumas questões ainda são impossívei­s de serem resolvidas de forma imediata”, disse, admitindo que algumas questões a entidade patronal já cedeu, mas o sindicato rejeita.

O secretário-geral do Sindicato dos Oficiais de Justiça de Angola (SOJA), Lázaro Binjola, disse que a Lei da Greve prevê que, enquanto decorrer a paralisaçã­o, a relação jurídico-laboral é suspensa, por via da qual não vê razões para a marcação de faltas.

“A decisão tomada pela entidade empregador­a visa intimidar os funcionári­os, porque cumprimos com os pressupost­os legais”, aludiu, para assegurar que a concentraç­ão dos funcionári­os no Palácio da Justiça não se trata de uma manifestaç­ão, mas para pôr fim à greve, que durou cinco dias.

“A greve está consagrada na Constituiç­ão e, se houver marcação de faltas, estão a impedir o exercício da greve”, disse o sindicalis­ta, garantindo que a organizaçã­o sindical continua aberta ao diálogo com o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, desde que os acordos correspond­am às exigências feitas.

O Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos e o sindicato alcançaram consensos em alguns dos 11 pontos, mas não houve acordo em relação às promoções e condições de trabalho.

Um dos pontos de discórdia é a atribuição de fundo de maneio a órgãos afectos ao sector, tendo o Ministério proposto 200 mil kwanzas, enquanto o SOJA exige 500 mil kwanzas. Sobre os subsídios aos oficiais de diligência, o sindicato apresentou um valor de 40 mil kwanzas, mas a entidade empregador­a fez uma contraprop­osta de 20 mil kwanzas.

Como disse Lázaro Binjola, se até amanhã não houver acordo, vão aguardar mais 90 dias e, no dia 28 de Agosto, voltam à greve para durar desta vez duas semanas.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Um grupo de funcionári­os do Guiché Unico de Empresa no primeiro dia da paralisaçã­o laboral

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