CARTAS DOS LEITORES
Exercício da greve
Acompanho com interesse e expectativa de ver resolvida preferencialmente já e a contento de todas as partes a greve dos oficiais de justiça, os funcionários do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. Estou a gostar a forma serena como esse ministério está a gerir o problema, numa altura em que alguns serviços mínimos parecem estar a ser assegurados pelos funcionários. Aliás, como impõe a Lei da Greve, há parâmetros que os trabalhadores grevistas devem observar na hora de recorrerem à greve como forma de exigirem os seus direitos. A paralisação, que se regista em todo o país, inviabilizou nalguns casos julgamentos, emissão de certidões de nascimento, Bilhetes de Identidade, cédulas pessoais, soltura de réus e outros serviços. Espero que a instituição ou as várias instituições do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos esteja a acautelar numerosas situações que podiam ter o potencial de “estragar” a vida de milhares de famílias. Ainda bem que nem tudo, no que respeita à tramitação de documentação para registo, casamento e outras situações, está estrangulado na medida em que alguns serviços continuaram e continuam mesmo com a vigência da greve.
Visita do Presidente
Sou psicólogo de formação e acompanho com atenção as deslocações do Presidente da República para fora do país, facto que se tem revelado como a promoção de uma agenda pan-africanista que deverá levar Angola à diversificação da economia. Deu prioridade a África quando visitou a Zâmbia e Namíbia, cumprindo com uma das promessas do seu discurso de tomada de posse. O Presidente João Lourenço cumpre uma importante missão no estrangeiro, que vai ter o potencial de contribuir para fazer crescer a economia de Angola. Embora não esteja por dentro dos objectivos delineados por esta deslocação à segunda maior economia da Europa, julgo que foi oportuna a inclusão na delegação de numerosos empresários angolanos. Ultimamente o Presidente da República tem sido exemplar ao incluir na delegação que o acompanha ao estrangeiro empresários, facto que constitui um paradigma relevante porque, afinal de contas, as relações económicas e comerciais são vitais para os Estados modernos. Espero que esta empreitada do Chefe de Estado venha contribuir para que Angola dê passos firmes a caminho da diversificação da sua economia. Acredito que não se vão colocar mais entraves à entrada em Angola de investidores estrangeiros. O país precisa de capitais para desenvolver a sua economia, e temos de tudo fazer para que tenhamos no país muitos investidores privados. O ambiente de negócios tem de melhorar para que os investidores privados estrangeiros sejam incentivados a colocar no nosso país os seus capitais.
Final da Champions
A final da Taça dos Clubes Campeões da Europa terminou como muitos previam, a vitória da equipa do Real Madrid, da capital madrilena. Vivo em Cacuaco e muitas pessoas vibraram com a vitória da antiga equipa que congregava no seu seio os chamados “galácticos”. Mas uma das coisas que, de alguma maneira, me surpreendeu foi a forma como as pessoas, sobretudo jovens, vibram muito com o futebol estrangeiro e pouco com o nacional. Gostava de ver esse movimento de júbilo pelas ruas de Luanda com as equipas do nosso campeonato, onde brilham grandes equipas e cintilam numerosas estrelas. Era bom que os nossos cientistas sociais estudassem mais para sabermos as causas que levam as populações a estar de costas viradas com o futebol, numa altura em que os estádios não enchem. É verdade que muitos dizem que tudo se deve à má qualidade na execução técnica dos nossos futebolistas. Penso que para lá da execução técnica, existem outros factores que contribuem para haver esse divórcio entre as populações e os estádios no nosso país. Digo isso comparando o que se passa em muitos países africanos, alguns inclusive nossos vizinhos, nomeadamente a Malawi, Zâmbia, e outros um pouco distantes como a Serra Leoa, o Quénia. Nestes países, que não têm um nível acima do futebol praticado em Angola, os estádios enchem com entusiastas do futebol.