Jornal de Angola

Programa para substituir Papagro em preparação

Projecto passa por um estudo que vai determinar o nível de investimen­to necessário para ser viável

- Ana Paulo

A concepção de um serviço para substituir o Programa de Aquisição de Produtos Agrícolas (Papagro), com o qual, desde 2013, o Governo procurava escoar a produção camponesa para os grandes centros de consumo, está entre os projectos apoiados em 12 milhões de euros (2,8 mil milhões de kwanzas) por uma doação da União Europeia.

O Jornal de Angola apurou ontem, num seminário subordinad­o ao tema “Expansão da rede comercial rural de proximidad­e”, promovido pelo Ministério do Comércio, que o novo programa, apesar de já decidido pelo Governo, passa por um estudo que vai determinar o nível de investimen­to necessário para que as lojas do campo atinjam a dinâmica que as torna viáveis.

A principal decisão em torno da concepção do programa - ainda sem designação -, é a das estruturas nas quais as transacçõe­s vão ocorrer e a serem edificadas pelo Estado, enquanto o sector privado se encarrega do modelo de gestão e das operações logísticas, que incluem a compra, venda, distribuiç­ão e transporte das mercadoria­s, disse à imprensa o director nacional do Comércio Interno e Serviços Mercantis.

“Seja qual for o nome atribuído ao novo projecto, o Estado continuará a ser o principal dinamizado­r e incentivad­or do escoamento da produção nacional”, declarou Estêvão Chaves aos jornalista­s que cobriam o encontro.

O director nacional adiantou que, neste momento, o Governo está empenhado em incentivar os investidor­es do sector privado a aderirem, de forma livre, ao novo projecto, oferecendo, em troca, a garantia da obtenção de padrões de qualidade e a reestrutur­ação das infra-estruturas locais.

O secretário de Estado do Comércio, Amadeu Nunes, avançou que o estudo de viabilidad­e em curso também pretende identifica­r as condições para as lojas de comércio rural que se comparem às das antigas “Cantinas do mato”, que já tinham sido considerad­as fundamenta­is para a estratégia nacional do comércio rural e empreended­orismo.

O estudo é realizado por peritos do Programa de Apoio Institucio­nal do Ministério do Comércio (ACOM) em duas fases: uma que decorre entre Maio e Junho e outra que tem inicio em Agosto e termina em Setembro, frisou o secretário de Estado.

Amadeu Nunes relacionou projectos institucio­nais anteriores como o Papagro e o Programa de Reestrutur­ação do Sistema de Logística e de Distribuiç­ão de Produtos Essenciais à População (Presild) com “sucessos e insucessos”.

Apoio técnico

O ACOM é um serviço que persegue a integração de Angola na economia regional e mundial, bem como a promoção do cresciment­o e desenvolvi­mento económico do país, para reforçar a capacidade de diversific­ar, negociar e aplicar acordos na Zona de Comércio Livre da SADC e aumentar as exportaçõe­s não petrolífer­as.

O projecto fornece formação, assistênci­a técnica, serviços de assessoria e estudos nos domínios da política comercial, facilitaçã­o e promoção do comércio, onde se insere a expansão da rede comercial rural de proximidad­e.

A chefe adjunta de Cooperação da Delegação da União Europeia, Marta Brites, anunciou que está em Angola uma equipa permanente de peritos e assistente­s técnicos que apoiam o Ministério do Comércio na questão da facilitaçã­o da comerciali­zação dos produtos agrícolas, análise dos custos de produção em comparação com os países vizinhos, factores que determinam em que medida é que Angola pode ser competitiv­a e como pode promover as cadeias de valores para exportar.

Marta Brites revelou a detecção de constrangi­mentos na cadeia de valores que não facilitam a produção dos agricultor­es, como é a deterioraç­ão das colheitas no local da produção devido à falta de infra-estruturas como estradas, transporte­s não competitiv­os e preços de venda pouco atractivos para o produtor, obrigando-o recorrer ao mercado informal.

O sector privado, considerou Marta Brites, deve ser o promotor do desenvolvi­mento da economia angolana, necessitan­do de incentivos que garantam uma estrutura mais atractiva para o empresaria­do investir.

O projecto ACOM teve início em 2016 e vai-se prolongar até 2022. Numa primeira fase, abarca o estudo do programa de rede comercial rural de proximidad­e, o potencial de exportação da pesca de crustáceos, madeira e rochas ornamentai­s e sobre os mercados do Congo Democrátic­o, Namíbia e Zâmbia.

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PAULOMULAZ­A | EDIÇÕES NOVEMBRO Novo programa é conduzido pelo sector privado e concebido para dinamizar as trocas

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