Académico lembra que no país
Decano de Faculdade de Medicina declara que a redução da mortalidade é imperativo moral, político e socioeconómico
A taxa de mortalidade materna continua alta em Angola, afirmou, em Luanda, o decano da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, Santos Nicolau, quando falava à imprensa à margem de um seminário dedicado à saúde materna em Angola.
No seminário, Santos Nicolau acentuou ser de facto ainda alta a mortalidade materna, embora se tenha observado uma redução de 1.400 mulheres grávidas em cada 100 mil nados vivos, em 1990, para 350 mulheres em cada 100 mil nados vivos em 2016.
Em Angola, de acordo com o académico, cerca de dois terços da mortalidade materna resultam de “causas directas”, decorrentes da própria gravidez, podendo também estar na origem doenças como a malária. As principais causas de morte de grávidas são as hemorragias, infecções, abortos e roturas uterinas.
O decano da faculdade pública de Medicina considerou a mortalidade materna um flagelo social no mundo, devido às consequências sociais, principalmente no seio das famílias.
“É inaceitável que as mulheres continuem a morrer quando existem recursos para prevenir tais mortes”, disse o académico, acentuando que, no mundo, mais de 80
O decano considerou que a mortalidade materna nos países em desenvolvimento constituiu um grave problema de saúde pública e alertou que o elevado índice de mortalidade e morbilidade é resultado directo de “graves deficiências do tecido social, cultural e económico, assim como insuficiências dos serviços de saúde”. O decano da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto informou que o Executivo declarou a saúde materna e infantil como uma prioridade.
No mundo, mais de um milhão de mulheres morrem anualmente por causas relacionadas com a gravidez ou o parto, estando entre as principais vítimas jovens dos 15 aos 19 anos. O decano Santos Nicolau disse que a taxa de mortalidade nesta faixa etária é duas vezes maior que a das mulheres entre os 20 e os 24 anos, o que “significa que é preciso dedicar uma maior atenção às jovens e adolescentes”.
O seminário, realizado sob o lema “Por uma Maternidade Segura”, foi realizado com o objectivo de promover um debate sobre a situação da mortalidade materna em Angola e identificar políticas e estratégias para a sua redução.
No rol de temas abordados foram incluídos a “Mortalidade materna, análises comparativas entre o primeiro trimestre de 2017 e 2018”, a "Evolução da taxa de mortalidade materna”, as "Estratégias para a sua redução” e a "Estratégia nacional de planeamento familiar”, que tiveram como prelectores Paulo Adão de Campos, Tazi Nimi Maria e Henda Vasconcelos.
Num outro painel, dedicado à saúde sexual e reprodutiva na adolescência, foram analisados os temas “Gravidez na adolescência”, “Estratégia da atenção integrada” “Saúde do adolescente e jovens” e “Violência doméstica e sexual e outras violências”, que tiveram como prelectores Maria Coelho, João Luz e Henda Vasconcelos. O seminário foi realizado por ocasião do Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher, assinalado segunda-feira.