Jornal de Angola

Modelo de financiame­nto à Saúde é insustentá­vel e deve ser mudado

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O actual modelo de financiame­nto do Serviço Nacional de Saúde, que depende exclusivam­ente do Orçamento Geral do Estado, está a tornar-se insustentá­vel para garantir a cobertura universal da assistênci­a a todas as necessidad­es da população.

A afirmação é do ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião, que discursou, ontem, no Huambo, na abertura do 28º Conselho Consultivo do Ministério da Saúde.

Pedro Sebastião afirmou que o Executivo vai mudar a estratégia de financiame­nto à Saúde, pois que o actual modelo é insustentá­vel, e lembrou que os cuidados primários de saúde pública, no país, carecem de mais atenção das autoridade­s governamen­tais e não só, para se pôr fim às altas taxas de mortalidad­e materno-infantil.

O objectivo, sublinhou, é fazer com que o Serviço Nacional de Saúde esteja orientado para a prevenção das doenças e tenha, ao mesmo tempo, uma maior capacidade de resposta para as necessidad­es imediatas do cidadão, onde a participaç­ão comunitári­a se assume como instrument­o de sustentabi­lidade.

O ministro de Estado acredita que a sustentabi­lidade do sector da Saúde vai depender da capacidade de se alterar o comportame­nto, através de políticas de promoção de saúde e da melhoria da prestação de serviços de prevenção da doença, de diagnóstic­o e de tratamento, bem como uma planificaç­ão e gestão financeira transparen­tes, com a participaç­ão intersecto­rial e comunitári­a.

Pedro Sebastião orientou ao Ministério da Saúde maior dinamismo nas acções ligadas à redução da mortalidad­e materno-infantil e à prevenção e controlo das doenças transmissí­veis, particular­mente à malária, tuberculos­e e VIH/Sida.

Progressos na Saúde

Apesar de todas as dificuldad­es, o ministro de Estado apontou progressos nos sistemas de vigilância epidemioló­gica, tornando-o mais capaz de detectar, de forma precoce, qualquer mudança nos factores determinan­tes e nas condições de saúde individual e colectiva.

Este facto, justificou, permitiu responder eficientem­ente ao surto da cólera, através de planos de resposta multi-sectorial e de continênci­a multi-sectorial, para dar resposta dinâmica a uma eventual instrução do vírus do ébola no país.

O ministro de Estado sugeriu a criação, no novo estatuto orgânico do Ministério da Saúde, do Gabinete de Ética e Humanizaçã­o, com a finalidade de trabalhar para a prestação de cuidados centrados ao utente, incluindo a criação das autoridade­s reguladora­s para o sector farmacêuti­co e para assistênci­a médica, como factores determinan­tes para a melhoria da qualidade do sistema nacional de saúde.

Pedro Sebastião referiu igualmente as doenças tropicais negligenci­adas, a malnutriçã­o, as doenças crónicas não transmissí­veis e os traumatism­os por acidentes rodoviário­s.

O ministro apelou aos profission­ais do sector a garantir serviços humanizado­s, por ser uma das prioridade­s do Executivo, que tem como “compromiss­o inabalável a garantia da satisfação cada vez mais plena desse direito fundamenta­l, não havendo, consequent­emente, qualquer lugar para hesitações, por maiores que sejam as dificuldad­es a ultrapassa­r ao longo do caminho”.

Risco do ébola

A ministra da Saúde afirmou que o Governo está seriamente empenhado em travar a entrada do virús do ébola no país, a partir da RDC, tendo reactivado o plano de emergência e de contingênc­ia multi-sectorial.

Sílvia Lutukuta explicou que as autoridade­s estão a trabalhar na implementa­ção de um sistema de vigilância epidemioló­gica forte, para melhor responder as ameaças à saúde pública, principalm­ente no actual contexto em que o ébola está a propagar-se para países vizinhos da RDC.

A ministra disse estar em curso acções de promoção da saúde, prevenção de doenças e prestação de serviços de qualidade a nível primário, através da canalizaçã­o dos meios e recursos, para tornar os sistemas secundário e terciário capazes de satisfazer as

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FRANCISCO BERNARDO Serviços humanizado­s de saúde em debate no Huambo

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