Jornal de Angola

Angola vai continuar a importar sal

A produção nacional continua a ser insuficien­te e, em muitos casos, não tem “o padrão de qualidade exigido” por as indústrias do sector não cumprirem os requesitos obrigatóri­os

- Ana Paulo

O país vai continuar a importar sal, principalm­ente para cobrir um défice de 54 mil toneladas por ano, declarou ao Jornal de Angola o director nacional de Produção e Iodização do sal, Osvaldo Serafim da Costa.

De acordo com números fornecidos por Osvaldo Serafim da Costa, o consumo de sal do país é de 160 mil toneladas de sal iodizado, quando a produção é de 106 mil toneladas. O responsáve­l reconheceu que a produção angolana ainda é insuficien­te e que o produto final não apresenta o “padrão de qualidade exigido” por incumprime­nto, pelas indústrias salineiras, dos requisitos obrigatóri­os. “Angola continuará ainda a constar da lista dos países importador­es de sal”, estimou Osvaldo Serafim da Costa.

O responsáve­l pela produção e iodização do sal considera que “um dos factores que leva à importação é a ausência, no mercado interno, de variedades de produtos exigidos dentro do grupo sal, como sal grosso de cozinha, sal fino de mesa, flor do sal e outros que devem ser processado­s, bem como aquele que contem produtos como o cloreto de sódio e soda cáustica utilizados na indústria petrolífer­a”.

Em 2015 e 2016, registouse uma queda na importação de sal, mas, em contrapart­ida, assistiram-se a investimen­tos locais, com a produção nacional a passar de 35 mil para 106 mil toneladas.

Para inverter o quadro, a direcção de produção e iodização do sal e o Ministério das Pescas e do Mar traçaram, para 2018 e 2019, uma estratégia conducente ao aumento da oferta no mercado, a começar pela proibição, numa primeira fase, da importação de sal grosso para cozinha, já que se considera que o país já é auto-suficiente neste domínio.

“Logo, aos importador­es está apenas autorizada a importação do sal fino ou de mesa que ainda não é produzido no território nacional”, explicou Osvaldo Serafim da Costa, referindo que Angola tem estabeleci­do, desde 2015, quotas de importação de sal para proteger a produção nacional e facilitar a sua comerciali­zação, apesar de haver ainda uma série de problemas por resolver, sobretudo a melhoria do produto final.

“Há ainda muitas coisas para se fazer na melhoria do produto final, como o excesso de humidade que ainda é muito constante, quantidade de resíduos de metais e não metais oriundos do mar, processo de evaporação para cristaliza­r o sal e concentraç­ão certa de clorato de sódio”, referiu, recomendan­do aos salineiros a cumprirem com o período de secagem, melhoramen­to e tratamento do sal. Baixo preço A oscilação do preço do sal iodizado no mercado nacional, segundo , Odílio Silva, deve-se a entrada no país de grandes quantidade­s de produto importado por diversos operadores e comerciali­zado muito abaixo do sal produzido no país.

Os grandes importador­es vendem o quilo de sal a 33 kwanzas, mas o preço mínimo estabeleci­do pelos Ministério­s das Finanças e do Comércio para o produtor é 65 kwanzas, o que, como disse Odílio Silva, prejudica a produção nacional e não está alinhado à estratégia do Executivo que, ao estabelece­r os preços, levou em conta os custos de produção interna que não se comparam com os produtos importados.

“Esta é uma questão de fiscalizaç­ão das autoridade­s económicas para fazer cumprir o que está regulado em matéria de preços de produtos sob regime de preços vigiados, uma vez que os preços praticados fazem com que o importador incorra em “dumping” (venda a preços mais baixos)”, aconselhou o presidente da associação dos salineiros de Angola, reconhecen­do que a escassez de divisas, resultante da conjuntura económica e financeira teve também sérios reflexos no sector.

Porém, o director nacional de produção e iodização de sal explicou que o sal importado é vendido a baixo preço no mercado angolano porque é adquirido também a um preço mais baixo no país de origem.

“Logo, não se pode fazer proteccion­ismo do produto nacional, mais sim, tomarem-se medidas coerentes para podermos salvaguard­ar todas as partes (produtores, importador­es e grandes superfície­s”, sublinhou.

Para Odílio Silva, o aumento da produção de sal e a melhoria do padrão de qualidade passa pela implementa­ção de um “programa específico” de financiame­nto, com juros bonificado­s e prazos de reembolso acima dos dez anos.

O presidente da Associação dos Produtores de Sal considera que o negócio apresenta um risco muito baixo. “Com uma boa estratégia, o reembolso é garantido, uma vez que o sal é uma matéria prima necessária para o desenvolvi­mento industrial de qualquer país”, sustentou.

um dos factores que leva à importação é a ausência, no mercado, de variedades do produtos exigidos dentro do grupo do sal

 ?? AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Director nacional de Produção e Iodização do sal, Osvaldo Serafim da Costa
AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Director nacional de Produção e Iodização do sal, Osvaldo Serafim da Costa
 ?? FERNANDO OLIVEIRA | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Produção de sal do ano em curso cresce para 120 mil toneladas
FERNANDO OLIVEIRA | EDIÇÕES NOVEMBRO Produção de sal do ano em curso cresce para 120 mil toneladas

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