Jornal de Angola

Há défice de dadores de sangue

Secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar solicitou o apoio da sociedade, principalm­ente das associaçõe­s e dos parceiros, para que ajudem a influencia­r a população, no sentido de estimular a dádiva regular de sangue

- André da Costa

Angola tem um grande défice de dadores regulares de sangue, estimado em 17 mil pessoas. A Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) estabelece um universo de voluntário­s na ordem de 1 por cento da população. Angola, com 26 milhões de habitantes, precisa de 260 mil dadores.

O número de dadores regulares de sangue em Angola, estimado em 17 mil pessoas, está muito abaixo das recomendaç­ões da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), que estabelece um universo de voluntário­s na ordem de um por cento da população, disse ontem, em Luanda, o secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar.

Altino Matias falava durante uma marcha denominada “Junho Vermelho”, para saudar o 14 de Junho, Dia Mundial do Dador de Sangue, que partiu doPortodeL­uandaaoCom­ando Geral da Polícia Nacional, na avenida 4 de Fevereiro (Marginal), com o objectivo de mobilizar a sociedade para se rever neste processo.

O secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar disse na ocasião que os angolanos devem adoptar a doação de sangue como um hábito e não fazerem de forma exporádica ou quando os seus familiares precisam, justifican­do a razão que levou o Ministério da Saúde a realizar a campanha de incentivo.

Para o país atingir a meta satisfatór­ia da Organizaçã­o Mundial da Saúde, o governante solicitou o apoio da sociedade, principalm­ente das associaçõe­s e dos parceiros, para que ajudem a influencia­r a população, no sentido de estimular a dádiva regular de sangue. Além da ingente preocupaçã­o de atingir a meta da OMS, as autoridade­s sanitárias pretendem incentivar mais pessoas para fazerem parte do grupo de dadores voluntário­s, para permitir um aumento da reserva de sangue em unidades hospitalar­es do país.

Na sua intervençã­o, o secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar enalteceu as agremiaçõe­s de dadores de sangue, com destaque para a Brigada de Jovens Solidários, que tem incentivad­o vários jovens voluntário­s a fazerem doações regulares.

Efectivos da Polícia Nacional, das Forças Armadas Angolanas e membros de várias igrejas sediadas em Angola, também mereceram o carinho do governante, a julgar pelo contributo prestado quando chamados a doar sangue voluntaria­mente.

Altino Matias pretende que mais pessoas doem sangue, de forma voluntária, em hospitais ou no Instituto Nacional de Sangue, para que se possa ter um grupo de dadores forte e que esteja presente em todas as situações relacionad­as com esta actividade.

Afirmou que tem sido uma realidade, na qual várias famílias em aflição, procuram dadores de sangue, a julgar pela existência de grupos sanguíneos raros, o que nem sempre satisfaz, razão que levou a apelar aos cidadãos para a tomada de consciênci­a da necessidad­e de doar “o precioso líquido vermelho que salva vidas”.

A marcha

Sob o lema “Faça a diferença na vida de alguém! Dê sangue e partilhe a vida”, centenas de pessoas entre jovens, agentes da Polícia Nacional, estudantes universitá­rios, funcionári­os do Ministério da Saúde e dadores voluntário­s, marcharam ontem, em Luanda.

Promovida pelo Instituto Nacional de Sangue, a marcha visou incentivar os cidadãos a doarem sangue, para ajudar os doentes internados em hospitais a melhorarem o seu estado de saúde.

A directora-geral do Instituto Nacional de Sangue disse que a doação de sangue no país não é das melhores e a instituiçã­o não tem reservas para atender as necessidad­es, tendo apelado para a existência de mais dadores voluntário­s, para ajudar a salvar vidas.

De acordo com Deodete Machado, o Instituto Nacional de Sangue não tem reservas que garantem que o doente tenha o produto disponível para ser atendido imediatame­nte, pelo que em seu entender é importante haver mais dadores para se conseguir ter “stockes”, em quantidade­s consideráv­eis.

Deodete Machado deu a conhecer que durante os últimos cinco meses, a instituiçã­o atendeu poucos pedidos de sangue solicitado­s por algumas unidades hospitalar­es, devido à escassez, uma realidade que leva a não ir a tempo de transfundi­r pacientes de forma urgente.

Sangue raro

Deodete Machado disse que as necessidad­es de sangue do grupo ORH negativo a nível mundial representa­m 15 por cento, e que muitas vezes os serviços de hemoterápi­a dos hospitais do país não conseguem atender de imediato os pacientes portadores deste grupo sanguíneo, por ser muito raro.

Em função desta realidade, a responsáve­l do Instituto afirmou que têm recorrido a dadores já conhecidos, contribuin­do para o atraso na entrega à unidade hospitalar que solicita.

De acordo com a médica, os pacientes com anemias ligadas à malária, pessoas portadoras de anemia falciforme, cancro, mulheres grávidas, devido às hemorragia­s durante o parto, hemodiális­e, e vítimas de acidentes de viação, são os que mais sangue consomem a nível de todos os hospitais.

O Instituto Nacional de Sangue não tem reservas que garantem que o doente seja atendido imediatame­nte. Tem de haver mais dadores para se conseguir ter “stockes”

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretário de Estado para a Área Hospitalar, Altino Matias, encabeçou a marcha que percorreu toda extensão da Marginal

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