Há défice de dadores de sangue
Secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar solicitou o apoio da sociedade, principalmente das associações e dos parceiros, para que ajudem a influenciar a população, no sentido de estimular a dádiva regular de sangue
Angola tem um grande défice de dadores regulares de sangue, estimado em 17 mil pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece um universo de voluntários na ordem de 1 por cento da população. Angola, com 26 milhões de habitantes, precisa de 260 mil dadores.
O número de dadores regulares de sangue em Angola, estimado em 17 mil pessoas, está muito abaixo das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estabelece um universo de voluntários na ordem de um por cento da população, disse ontem, em Luanda, o secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar.
Altino Matias falava durante uma marcha denominada “Junho Vermelho”, para saudar o 14 de Junho, Dia Mundial do Dador de Sangue, que partiu doPortodeLuandaaoComando Geral da Polícia Nacional, na avenida 4 de Fevereiro (Marginal), com o objectivo de mobilizar a sociedade para se rever neste processo.
O secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar disse na ocasião que os angolanos devem adoptar a doação de sangue como um hábito e não fazerem de forma exporádica ou quando os seus familiares precisam, justificando a razão que levou o Ministério da Saúde a realizar a campanha de incentivo.
Para o país atingir a meta satisfatória da Organização Mundial da Saúde, o governante solicitou o apoio da sociedade, principalmente das associações e dos parceiros, para que ajudem a influenciar a população, no sentido de estimular a dádiva regular de sangue. Além da ingente preocupação de atingir a meta da OMS, as autoridades sanitárias pretendem incentivar mais pessoas para fazerem parte do grupo de dadores voluntários, para permitir um aumento da reserva de sangue em unidades hospitalares do país.
Na sua intervenção, o secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar enalteceu as agremiações de dadores de sangue, com destaque para a Brigada de Jovens Solidários, que tem incentivado vários jovens voluntários a fazerem doações regulares.
Efectivos da Polícia Nacional, das Forças Armadas Angolanas e membros de várias igrejas sediadas em Angola, também mereceram o carinho do governante, a julgar pelo contributo prestado quando chamados a doar sangue voluntariamente.
Altino Matias pretende que mais pessoas doem sangue, de forma voluntária, em hospitais ou no Instituto Nacional de Sangue, para que se possa ter um grupo de dadores forte e que esteja presente em todas as situações relacionadas com esta actividade.
Afirmou que tem sido uma realidade, na qual várias famílias em aflição, procuram dadores de sangue, a julgar pela existência de grupos sanguíneos raros, o que nem sempre satisfaz, razão que levou a apelar aos cidadãos para a tomada de consciência da necessidade de doar “o precioso líquido vermelho que salva vidas”.
A marcha
Sob o lema “Faça a diferença na vida de alguém! Dê sangue e partilhe a vida”, centenas de pessoas entre jovens, agentes da Polícia Nacional, estudantes universitários, funcionários do Ministério da Saúde e dadores voluntários, marcharam ontem, em Luanda.
Promovida pelo Instituto Nacional de Sangue, a marcha visou incentivar os cidadãos a doarem sangue, para ajudar os doentes internados em hospitais a melhorarem o seu estado de saúde.
A directora-geral do Instituto Nacional de Sangue disse que a doação de sangue no país não é das melhores e a instituição não tem reservas para atender as necessidades, tendo apelado para a existência de mais dadores voluntários, para ajudar a salvar vidas.
De acordo com Deodete Machado, o Instituto Nacional de Sangue não tem reservas que garantem que o doente tenha o produto disponível para ser atendido imediatamente, pelo que em seu entender é importante haver mais dadores para se conseguir ter “stockes”, em quantidades consideráveis.
Deodete Machado deu a conhecer que durante os últimos cinco meses, a instituição atendeu poucos pedidos de sangue solicitados por algumas unidades hospitalares, devido à escassez, uma realidade que leva a não ir a tempo de transfundir pacientes de forma urgente.
Sangue raro
Deodete Machado disse que as necessidades de sangue do grupo ORH negativo a nível mundial representam 15 por cento, e que muitas vezes os serviços de hemoterápia dos hospitais do país não conseguem atender de imediato os pacientes portadores deste grupo sanguíneo, por ser muito raro.
Em função desta realidade, a responsável do Instituto afirmou que têm recorrido a dadores já conhecidos, contribuindo para o atraso na entrega à unidade hospitalar que solicita.
De acordo com a médica, os pacientes com anemias ligadas à malária, pessoas portadoras de anemia falciforme, cancro, mulheres grávidas, devido às hemorragias durante o parto, hemodiálise, e vítimas de acidentes de viação, são os que mais sangue consomem a nível de todos os hospitais.
O Instituto Nacional de Sangue não tem reservas que garantem que o doente seja atendido imediatamente. Tem de haver mais dadores para se conseguir ter “stockes”