América pressiona libertação de Bemba
O antigo secretário de Estado adjunto norte-americano para os Assuntos Africanos (1989 a 2003), Herman Cohen, defende a libertação do senador e antigo vicepresidente da República Democrática do Congo (RDC), Jean-Pierre Bemba, que aguarda esta tarde a decisão dos recursos interpostos junto do Tribunal Penal Internacional (TPI) para a sua libertação.
Jean-Pierre Bemba, 55 anos, foi condenado em Junho de 2016 a 18 anos de prisão por uma onda de assassínios, pilhagens e violações cometidos pela sua milícia, o Movimento de Libertação do Congo, na República Centro Africana (RCA) entre Outubro de 2002 e Março de 2003, actos considerados Crimes de Guerra e contra a Humanidade.
A esta pena, o Tribunal Penal Internacional tinha juntado em Março de 2017 outra sentença de um ano de prisão e ao pagamento de uma multa de 300 mil euros por ter juntamente com outros réus subornado 14 testemunhas, apresentado provas forjadas e solicitado a declaração de falsos testemunhos.
Herman Cohen pediu a libertação numa carta enviada ao TPI e retomada pela imprensa congolesa. Na carta ao TPI, o octogenário, que é um dos diplomatas norte-americanos que mais tempo se dedicou às questões da RDC e de toda a África Central, refere que não ficou provado que Jean-Pierre Bemba tenha permitido os massacres atribuídos à sua milícia. Na carta enviada ao procurador do TPI, o antigo subsecretário de Estado norte-americano para os Assuntos Africanos lembra que, no actual período de intensa crise política na RDC, Jean-Pierre Bemba é um factor de estabilidade.
Para Herman Cohen, o ex-candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2006 devia ser condenado pelos actos que são alegados contra os seus homens durante a sua intervenção na República Centro Africana (RCA), mas hoje, após 10 anos de detenção, Bemba devia ser libertado para voltar à política activa no seu país.
Herman Cohen admite que o presidente da MLC foi condenado por atrocidades cometidas pelas suas milícias da MLC na República Centro Africana, mas lembra ao mesmo tempo que nunca foi provado que ele esteve pessoalmente envolvido nessas atrocidades, nem mesmo que ele tenha comandado as forças que cometeram essas atrocidades. Cohen admite alguma negligência na liderança de Bemba, mas insiste que os dez anos atrás das grades a seu ver foram suficientes para pagar por esse erro.
Na carta, o diplomata aproveita a oportunidade para lembrar que as actuais autoridades da RDC também estão a cometer atrocidades e pergunta ao TPI se investiga, em particular, a morte de dois cidadãos dos Estados Unidos naquele país.