Macron ameaça deixar Trump de fora do acordo final do G7
Cimeira dos sete países mais desenvolvidos do Mundo (G7) decorre num ambiente de contrariedades devido às novas políticas proteccionistas dos Estados Unidos
O Presidente de França, Emmanuel Macron, ameaçou ontem deixar os EUA de fora do tradicional comunicado final da reunião dos Sete Países Mais Industrializados do Mundo (G7) devido à guerra comercial provocada pela imposição norte-americana de tarifas.
“O Presidente dos Estados Unidos pode não se importar de ficar isolado, mas nós também não nos importamos de assinar um acordo a seis países se for preciso”, disse Macron durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro canadiano, anfitrião da reunião do G7.
As declarações de Macron são o mais recente episódio na guerra comercial lançada por Donald Trump com o propósito de proteger a produção norte-americana, nomeadamente no aço e alumínio, cujas tarifas aduaneiras foram aumentadas, motivando uma retaliação de vários países.
Na conferência de imprensa, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, disse que as medidas restritivas às importações vão prejudicar, não só os canadianos, mas também os trabalhadores norte-americanos: “Se eu conseguir fazer o Presidente dos EUA realmente perceber que o que ele está a fazer é contraproducente aos seus próprios objectivos, talvez possamos prosseguir de forma mais inteligente”, vincou Trudeau.
A participação de Donald Trump no G7, a segunda nesta reunião anual que decorre desde 1975, é o ponto alto do encontro, que começou com a habitual reunião preparatória dos ministros das Finanças dos sete países, e que foi descrita pelo ministro das Finanças de França como “uma reunião mais do G6 mais um do que propriamente do G7”.
Donald Trump chegou ontem à estância canadiana, mas deixará o país logo na manhã de hoje, antes de o encontro terminar, para rumar a Singapura, onde na segunda-feira deverá encontrar-se com o líder nortecoreano, Kim Jong Un, tendo anunciado a sua saída precoce da reunião depois de Macron e Trudeau terem sinalizado que vão usar o encontro para criticar a política proteccionista de Trump.
“Estou ansioso por corrigir os Acordos Comerciais injustos com os países do G7”, respondeu Trump numa mensagem no Twitter na manhã de ontem, acrescentando: “Se isso não acontecer, ainda nos saímos melhor”.
Na resposta às críticas de Trudeau e Macron na conferência de imprensa, Trump escreveu: "Por favor digam ao primeiro-ministro Trudeau e ao Presidente Macron que estão a cobrar tarifas massivas e a criar barreiras não monetárias. O excedente comercial da UE face aos EUA é de 151 mil milhões de dólares, e o Canadá mantém os nossos agricultores, e outros, de fora. Estou ansioso por vê-los amanhã [ontem]".
Esta será a segunda participação de Donald Trump no G7, um encontro informal de líderes que acontece todos os anos com uma presidência rotativa do Canadá, França, Itália, Japão, Alemanhã, Estados Unidos e Reino Unido, com a presença também da União Europeia, e que tem também previstos encontros bilaterais entre Trump e vários líderes, incluindo Trudeau e Macron.