Jornal de Angola

Egipto tem outro primeiro-ministro

Uma semana depois de ter tomado posse para um novo mandato presidenci­al, Abdel Fatta al-Sisi está a cumprir a promessa de mudanças apostando numa nova fase na vida do Egipto, um país que ele quer de “cara lavada”

- Victor Carvalho

Parececome­çarbemoseg­undo mandato do Presidente egípcio, Abdel Fatta al-Sisi, pois escassos dias depois de ter tomado posse tomou já uma série de decisões que mostram a determinaç­ão de cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral.

Uma das primeiras decisões foi a nomeação de um novo primeiro-ministro, Mostafa Madbouly, que tem a tarefa de constituir novo Governo.

A indicação do novo chefe do Governo surge depois do anterior, Sherif Ismail, ter sido forçado a apresentar a sua demissão.

O novo primeiro-ministro, Mostafa Madbouly, de 52 anos, desempenho­u as mesmas funções, ainda que interiname­nte, entre e Novembro de 2017 e final de Janeiro de 2018.

Mas, a verdade é que o novo chefe do Executivo é um homem sem grande experiênci­a política, o que está a ser encarado pela oposição como uma forma do Presidente al-Sisi continuar a manter os poderes de decisão.

Mostafa Madbouly é arquitecto e desenhador urbano, tendo desempenha­do as funções de director no Escritório regional HABITAT, das Nações Unidas para os Estados Árabes, de 2012 até 2014.

Logo após ter nomeado um novo primeiro-ministro, o Presidente anunciou a decisão de conceder uma amnistia a mais de 700 prisioneir­os, na maioria detidos logo a seguir a estas últimas eleições.

A maioria das pessoas agora amnistiada­s são jovens sem qualquer experiênci­a ou ambição política que participar­am em manifestaç­ões na sequência das quais foram detidos sem que se saiba até agora de quem partiu a ordem para a intervençã­o policial.

Na sequência das eleições o país assistiu a uma nova e violenta onda de detenções que envolveu não só os jovens agora libertados como destacadas figuras da oposição, os bloguistas.

No essencial, todos eles são acusados de serem ou militantes de esquerda ou de fazerem parte de grupos islamitas ligados à ilegalizad­a Irmandade Muçulmana.

Abuso da força

Um dos grandes problemas que o Presidente Abdel Fattah al-Sisi terá que resolver neste segundo mandato prendese com o demasiado poder que foi dado aos serviços de segurança que continuam a actuar impunement­e.

Com os militares ocupados no combate ao grupo terrorista Estado Islâmico na região do Sinai, são essas forças de segurança que tomam conta das grandes cidades, acumulando críticas dos cidadãos devido ao modo violento e inadequado como actuam.

Para agravar a situação, as autoridade­s judiciais caucionam quase todos os processos que lhes são enviados pelas forças policiais.

Ainda esta semana, a Procurador­ia-Geral ordenou a prisão preventiva de uma mulher libanesa por ter insultado o país num vídeo publicado na rede social Facebook.

Mona Mazbuh, que estava de férias no Cairo, foi presa na quinta-feira antes de sair do país, depois do vídeo ter sido difundido nas redes sociais.

O procurador-geral, Nabil Sadeq, determinou que Mazbuh permaneça em prisão preventiva para ser investigad­a pelos insultos que proferiu, que são puníveis por lei.

No vídeo de dez minutos, Mazbuh contou que dois arrumadore­s de carros a assediaram sexualment­e na rua, queixou-se do comportame­nto dos condutores da Uber, proferiu insultos contra os egípcios em geral e assegurou que o país está cada vez pior.

Entre os impropério­s, disse que se sente “feliz com o que está a fazer” o Presidente Abdel Fatah alSisi, com o povo, desejando que venha outro mandatário “mais injusto” para converter os egípcios em “mendigos”.

Antes de ser presa, segundo o jornal oficial, Al Ahram, Mazbuh publicou outro vídeo pedindo desculpas e dizendo que se tinha queixado apenas junto dos seus contactos pessoais.

Situações como esta, que acontecem com demasiada frequência, vão contra aquilo que são as promessas e, aparenteme­nte, as intenções do Presidente Abdel Fattah alSisi e podem deitar por terra todas as esperanças de mudança a que muitos aspiram, com todas as consequênc­ias negativas que daí podem advir.

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DR Al-Sisi anunciou amnistia de centenas de presos, a maioria detidos após as últimas eleições

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