Egipto tem outro primeiro-ministro
Uma semana depois de ter tomado posse para um novo mandato presidencial, Abdel Fatta al-Sisi está a cumprir a promessa de mudanças apostando numa nova fase na vida do Egipto, um país que ele quer de “cara lavada”
Parececomeçarbemosegundo mandato do Presidente egípcio, Abdel Fatta al-Sisi, pois escassos dias depois de ter tomado posse tomou já uma série de decisões que mostram a determinação de cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Uma das primeiras decisões foi a nomeação de um novo primeiro-ministro, Mostafa Madbouly, que tem a tarefa de constituir novo Governo.
A indicação do novo chefe do Governo surge depois do anterior, Sherif Ismail, ter sido forçado a apresentar a sua demissão.
O novo primeiro-ministro, Mostafa Madbouly, de 52 anos, desempenhou as mesmas funções, ainda que interinamente, entre e Novembro de 2017 e final de Janeiro de 2018.
Mas, a verdade é que o novo chefe do Executivo é um homem sem grande experiência política, o que está a ser encarado pela oposição como uma forma do Presidente al-Sisi continuar a manter os poderes de decisão.
Mostafa Madbouly é arquitecto e desenhador urbano, tendo desempenhado as funções de director no Escritório regional HABITAT, das Nações Unidas para os Estados Árabes, de 2012 até 2014.
Logo após ter nomeado um novo primeiro-ministro, o Presidente anunciou a decisão de conceder uma amnistia a mais de 700 prisioneiros, na maioria detidos logo a seguir a estas últimas eleições.
A maioria das pessoas agora amnistiadas são jovens sem qualquer experiência ou ambição política que participaram em manifestações na sequência das quais foram detidos sem que se saiba até agora de quem partiu a ordem para a intervenção policial.
Na sequência das eleições o país assistiu a uma nova e violenta onda de detenções que envolveu não só os jovens agora libertados como destacadas figuras da oposição, os bloguistas.
No essencial, todos eles são acusados de serem ou militantes de esquerda ou de fazerem parte de grupos islamitas ligados à ilegalizada Irmandade Muçulmana.
Abuso da força
Um dos grandes problemas que o Presidente Abdel Fattah al-Sisi terá que resolver neste segundo mandato prendese com o demasiado poder que foi dado aos serviços de segurança que continuam a actuar impunemente.
Com os militares ocupados no combate ao grupo terrorista Estado Islâmico na região do Sinai, são essas forças de segurança que tomam conta das grandes cidades, acumulando críticas dos cidadãos devido ao modo violento e inadequado como actuam.
Para agravar a situação, as autoridades judiciais caucionam quase todos os processos que lhes são enviados pelas forças policiais.
Ainda esta semana, a Procuradoria-Geral ordenou a prisão preventiva de uma mulher libanesa por ter insultado o país num vídeo publicado na rede social Facebook.
Mona Mazbuh, que estava de férias no Cairo, foi presa na quinta-feira antes de sair do país, depois do vídeo ter sido difundido nas redes sociais.
O procurador-geral, Nabil Sadeq, determinou que Mazbuh permaneça em prisão preventiva para ser investigada pelos insultos que proferiu, que são puníveis por lei.
No vídeo de dez minutos, Mazbuh contou que dois arrumadores de carros a assediaram sexualmente na rua, queixou-se do comportamento dos condutores da Uber, proferiu insultos contra os egípcios em geral e assegurou que o país está cada vez pior.
Entre os impropérios, disse que se sente “feliz com o que está a fazer” o Presidente Abdel Fatah alSisi, com o povo, desejando que venha outro mandatário “mais injusto” para converter os egípcios em “mendigos”.
Antes de ser presa, segundo o jornal oficial, Al Ahram, Mazbuh publicou outro vídeo pedindo desculpas e dizendo que se tinha queixado apenas junto dos seus contactos pessoais.
Situações como esta, que acontecem com demasiada frequência, vão contra aquilo que são as promessas e, aparentemente, as intenções do Presidente Abdel Fattah alSisi e podem deitar por terra todas as esperanças de mudança a que muitos aspiram, com todas as consequências negativas que daí podem advir.