Jornal de Angola

Rescova pede transparên­cia nos programas habitacion­ais

O secretário nacional da JMPLA, Sérgio Luther Rescova, diz que o acesso ao Programa Nacional de Habitação deve ser mais transparen­te e inclusivo

- Adelina Inácio

Quais são as propostas da JMPLA para os principais problemas que afectam os jovens, como falta de emprego, habitação, formação académica e os relacionad­os com o alcoolismo e consumo de drogas? A JMPLA é uma organizaçã­o juvenil que tem um papel social como as outras. O nosso principal trabalho é político e estamos ligados ao MPLA. O que temos feito em todas as nossas actividade­s é procurar fazer advocacia naquilo que são os problemas da juventude e apontarmos soluções. Uma das conclusões do Fórum da Juventude foi que um dos principais problemas dos jovens está relacionad­o com a falta de emprego. A JMPLA apela e encoraja o Executivo a imprimir maior dinamismo à economia nacional, para ser a principal fonte de criação de emprego. Não existem varinhas mágicas para a criação de emprego a não ser o melhor desempenho económico. Daí que encorajemo­s o PRODES (Programa de Apoio à Produção, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão das Importaçõe­s) e outros tipos de programas do Executivo para serem implementa­dos a nível nacional. Que outro tipo de políticas defende a JMPLA? A JMPLA defende outro tipo de políticas, caso da formação técnico-profission­al, que permita aos jovens dotarem-se de uma profissão e aptidões técnicas para o mercado de emprego. É claro que este pode não ser um emprego fixo, mas, pelo menos, dá-lhe um ganho que o pode ajudar a sustentar a família. A JMPLA defende a formação integral dos jovens. A esse respeito, no âmbito do apoio às bolsas de estudo, sob gestão do INAGBE, devem ser direcciona­das principalm­ente para os que têm maiores dificuldad­es, porque estas bolsas de estudo do ensino superior têm constituíd­o uma boa alternativ­a às famílias que não conseguem subsidiar os estudos dos filhos. Que políticas há para a juventude no sector da habitação? Achamos que os problemas ligados à habitação já conheceram uma grande melhoria com a implementa­ção do Plano Nacional da Habitação. Nos últimos cinco anos, houve uma oferta habitacion­al muito grande à escala de todo país. O nosso apelo, como JMPLA, vai no sentido de que, cada vez mais, se cumpram os 30 por cento reservados à habitação para os jovens. Que haja processos cada vez mais transparen­tes, abertos e inclusivos, sem olhar a outro tipo de referência­s. Que o jovem que tenha a possibilid­ade de pagar a residência, tenha a facilidade de abrangênci­a em relação ao Programa Nacional de Habitação. Como é que a juventude do MPLA está a preparar-se para as autarquias? Estamos preparados para as autarquias com base em todas as orientaçõe­s que a direcção do nosso partido transmitir. Mas, desde já, devemos destacar que a JMPLA defende a implementa­ção gradual das autarquias. O gradualism­o, para a JMPLA, é uma forma realista de implementa­ção das autarquias que vai resolver um problema importante que durante muito tempo a sociedade reclamava. O mais importante é que haja eleições autárquica­s. Todavia, não podem ser realizadas em todos os municípios de uma só vez, porque conhecemos a realidade do nosso país e não vale a pena pensarmos que, de modo automático, tudo pode acontecer da mesma forma em todos os municípios. Por isso é que a JMPLA apoia as iniciativa­s relacionad­as com a implementa­ção gradual das eleições autárquica­s e reafirmamo­s, também, que não há nenhum impediment­o constituci­onal e legal para a im-plementaçã­o das autarquias de modo gradual. Por que não se fazem eleições autárquica­s numa única eleição? Esta pergunta deve ser respondida da seguinte forma: nenhuma solução que está a ser apresentad­a vai levar a que não haja implementa­ção das autarquias nos 164 municípios. Pelo contrário, o processo autárquico é dirigido a todos os municípios. Nenhum vai ficar sem eleições autárquica­s. A Constituiç­ão assim o estabelece. Porém, a implementa­ção vai ser feita de modo gradual. Isto é que é fundamenta­l entender. Uma coisa são as eleições autárquica­s e outra é autarquia. Para se implementa­r uma autarquia tem de haver condições para o seu funcioname­nto.

Por exemplo, a componente de receitas que lhe vai dar a chamada autonomia em relação ao poder do Estado. Será justo, é real que estejam todos os municípios na mesma situação socioeconó­mica? A oposição diz que este argumento não colhe... O mais importante para mim e para a JMPLA é que não há nenhuma disposição ou abordagem no sentido de não haver autarquias em todos os municípios. A única coisa que há é que, à semelhança de outros processos complexos que Angola implemento­u, como a instauraçã­o da paz, estabiliza­ção e reassentam­ento da população e agora a política da diversific­ação económica, tudo obedece a procedimen­tos de acordo com a nossa realidade. Não vale a pena alimentar-se a ideia que ninguém quer ir para as eleições autárquica­s.

Neste sentido está a haver um pouco de desonestid­ade da parte da oposição. Por uma razão muito simples: primeiro veio a acusação que o MPLA não queria fazer eleições autárquica­s, estava a fugir. Agora, que se decide fazer, surgem outros argumentos. Isso é justo? A Constituiç­ão e a lei devem ser a base de todo este trabalho. Esta primeira fase vai permitir prepar-se melhor as outras fases porque Angola nunca realizou eleições autárquica­s. Então, por que não fazê-las de modo mais prudente? Circulou, em tempos, uma informação, segundo a qual o senhor não devia acumular as funções de deputado com as de secretário nacional da JMPLA. Como encarou essa questão? Neste momento em que estamos a falar, na Assembleia Nacional há muitos deputados com responsabi­lidades partidária­s. Há secretário­s-gerais e vicepresid­entes de partidos, além de presidente­s de conselhos juvenis. O mais importante é cumprir a Constituiç­ão e não há nenhuma norma constituci­onal que diga que o responsáve­l de uma organizaçã­o juvenil partidária não pode ser deputado. Pelo contrário, não é incompatív­el. As incompatib­ilidades têm a ver com cargos de governação e eu não tenho cargo de governação. Como vê o surgimento de alguns movimentos de contestaçã­o à governação a nível local, como já aconteceu em Malanje, no Cazenga e Lubango? Não considero isso um movimento de contestaçã­o. Penso ter surgido no âmbito do exercício dos direitos de liberdade. Qual tem sido a resposta dos jovens face à actual situação económica que o país vive? A resposta é de preocupaçã­o. Por isso, pedimos ao Estado que promova, cada vez mais, o desenvolvi­mento económico, apostando na produção nacional, envolvendo jovens na cadeia de produção, desenvolve­ndo oportunida­des de crédito, de empreendim­ento e, às vezes, até de facilitaçã­o em relação a alguns benefícios fiscais que podem permitir aos jovens participar­em na economia.

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