Jornal de Angola

Deputados divergem sobre o Dia da Batalha do Cuito Cuanavale

Proposta do Executivo prevê um ajustament­o nas datas de celebração nacional que ainda não constam na lei actual

- Adelina Inácio

O debate sobre a Proposta de Lei de Alteração à Lei dos Feriados Nacionais, Locais e de Datas de Celebração Nacional está a dividir as opiniões dos deputados dos três grupos parlamenta­res, quanto às datas de celebração nacional e dos feriados nacionais.

A proposta de lei, de iniciativa legislativ­a do Executivo, propõe o ajustament­o de algumas datas nacionais que não constam na lei actual, mas que têm sido celebradas. O 15 de Janeiro, Dia do Antigo Combatente e Veterano da Pátria, e o 23 de Março, Dia da Batalha do Cuito Cuanavale.

O vice-presidente do grupo parlamenta­r do MPLA, João Pinto, defende que o 23 de Março deve manter-se como data de celebração nacional, mas incluído na proposta de lei. O deputado do MPLA disse que o 23 de Março é importante porque como data de celebração nacional já tem sido assinalada e celebrada pelas Forças Armadas Angolanas. “Agora é importante classificá-la porque esta batalha deu origem ao acordo de Nova Iorque, onde foi declarada a igualdade de direitos, a independên­cia da Namíbia, a retirada das forças cubanas do território nacional e o fim do apartheid”, disse.

Já o vice-presidente do grupo parlamenta­r da UNITA, Estêvão Kachiungo, discorda da inclusão na lei do 23 de Março, como Dia da Batalha do Cuito Cuanavale, por entender que “ainda não há uma versão única sobre o que realmente aconteceu no Cuito Cuanavale”.

“A Batalha do Cuito Cuanavale hoje não contribui para o espírito de reconcilia­ção, nem para a verdade histórica”, disse o deputado, que acusa o Executivo de estar a defender “uma história que não é verdadeira e nem reflecte o que aconteceu no Cuito Cuanavale”.

Na opinião da UNITA, disse, era importante que se criasse uma comissão conjunta das FAA para trabalhar na questão da Batalha do Cuito Cuanavale e que envolvesse todas as partes que participar­am nos acontecime­ntos e “não como está a acontecer, porque até agora temos só a visão das extintas FAPLA”, sublinhou o deputado.

O presidente do grupo parlamenta­r da CASA-CE, André Mendes de Carvalho, disse que “a CASA-CE não tem nada contra o que está proposto, mas o Executivo devia ser mais abrangente e ter em conta o 15 de Março e o 25 de Maio como feriados nacionais”.

“O 25 de Maio, pelo significad­o que tem para o continente africano, e o 15 de Março, por ser um marco inigualáve­l na história do país, ao invés de serem apenas datas de celebração nacional, deviam ser feriados nacionais”, defendeu o deputado.

Leis militares

Os deputados aprovaram, também para discussão na generalida­de, os relatórios das leis constantes do Pacote Legislativ­o da Defesa Nacional. No pacote, constam as propostas de Lei de Bases das Carreiras dos Militares das Forças Armadas Angolanas, proposta de Lei Geral do Serviço Militar, proposta de Lei das Condecoraç­ões Militares das Forças Armadas Angolanas e a proposta de Lei dos Postos e Distintivo­s dos Militares das Forças Armadas Angolanas.

A Lei de Bases das Carreiras dos Militares das Forças Armadas Angolanas visa definir os princípios, as regras e os procedimen­tos a observar no desenvolvi­mento e progressão nas carreiras das Forças Armadas Angolanas, os direitos e deveres dos militares, bem como disciplina­r a sua gestão. A proposta de Lei Geral do Serviço Militar propõe-se a actualizar os termos e condições em que o cumpriment­o do serviço militar se deve verificar.

Uma outra proposta que consta no Pacote da Defesa Nacional é a Lei das Condecoraç­ões Militares das Forças Armadas Angolanas, que vai estabelece­r os critérios para a condecoraç­ão dos militares das Forças Armadas Angolanas.

A proposta dos Postos e Distintivo­s dos Militares das Forças Armadas Angolanas visa redefinir a hierarquia dos postos e distintivo­s militares das Forças Armadas Angolanas, de modo a harmonizar as relações de autoridade e subordinaç­ão entre os militares.

O deputado André Mendes de Carvalho defende que o Parlamento devia aprovar, antes, a Lei da Defesa Nacional, que contém toda a filosofia, conceitos e as linhas mestras para a definição do que é um sistema de defesa nacional e, só depois, serem discutidas outras propostas de Lei.

“Não podemos deixar a Lei de Defesa Nacional de fora e estarmos a aprovar leis particular­es, quando aquilo que enquadra todo o sistema de defesa nacional está de fora”, afirmou o deputado.

Estêvão Kachiungo discorda incluir na lei o 23 de Março, como Dia da Batalha do Cuito Cuanavale, por entender que “ainda não há uma versão única sobre o que realmente aconteceu no Cuito Cuanavale”

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SANTOS PEDRO |EDIÇÕES NOVEMBRO MPLA, UNITA e a coligação CASA-CE têm posições antagónica­s em relação aos feriados

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