Jornal de Angola

Recursos do mar possuem peso na formação do PIB

- Ana Paulo

A pesca e os transporte­s marítimos, que conformam parte da chamada economia azul, tiveram uma participaç­ão acumulada de 4,48 por cento no Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e 2017, declarou ao Jornal de Angola o director nacional dos Assuntos do Mar.

António Barradas acrescento­u que, naquele período, a riqueza gerada pelos recursos vivos represento­u 3,4 por cento do PIB, enquanto a obtida com o sector dos transporte­s marítimos se situou em 1,08 por cento.

O responsáve­l considerou ser possível elevar a participaç­ão do mar na formação do PIB, com a incorporaç­ão de operações que transcende­m os recursos vivos e os transporte­s marítimos, actividade­s como o turismo costeiro e oceânico, maricultur­a ou aquicultur­a marinha, investigaç­ão científica e monitoriza­ção, actividade­s portuárias, biotecnolo­gia azul e energia dos oceanos.

Diante destes desafios, prosseguiu, o Governo está a desenvolve­r um trabalho conceptual para integrar os recursos marinhos e marítimos da economia do mar, no conceito mais amplo da “Economia Azul”, que é um modelo que propõe mudanças estruturai­s baseadas no funcioname­nto dos ecossistem­as.

Anunciou que, nessa acepção, está em curso o plano de ordenament­o do espaço marinho em Angola, numa área experiment­al de 370 quilómetro­s, entre as Palmeirinh­as e a foz do rio Tapado, no Cuanza-Sul.

A visão proposta para o plano assenta sobre os quatro pilares fundamenta­is da sustentabi­lidade, nomeadamen­te, ecológico, económico, -sócio cultural e de governação. O responsáve­l defende que, para melhorar o funcioname­nto dos serviços marítimos, é necessário conscienci­alizar a população sobre a sua importânci­a no desenvolvi­mento sustentáve­l do país, com realce para a diversific­ação da economia.

Espera-se, nessa mesma perspectiv­a, que o respeito pelo equilíbrio dos ecossistem­as proporcion­e, em simultâneo, mais alternativ­as económicas e melhor qualidade de vida para a população, por os oceanos criarem empregos, produzirem riqueza, serem importante­s rotas de navegação e desempenha­rem um papel relevante para a segurança nacional, indicou António Barradas.

O director nacional dos Assuntos do Mar considerou ser necessário que o país elabore instrument­os legais que definam as linhas de acção do aproveitam­ento dos recursos marinhos, como factor diferencia­dor e de oportunida­de económica.

De acordo com António Barradas, o Governo pode elevar os níveis da aposta na diversific­ação da economia e na diminuição da pobreza aproveitan­do a costa angolana como um vector de desenvolvi­mento. “Os recursos marinhos constituem principais fontes de alimento, fornecendo, anualmente, centenas de milhões de toneladas de pescado e proteínas”, sublinhou.

Cooperação e estratégia

O Ministério das Pescas e do Mar aplica desde 2013 um Plano Estratégic­o de Desenvolvi­mento Nacional no qual estão delineadas parcerias nacionais, regionais e internacio­nais, nomeadamen­te, a Convenção da Corrente de Benguela entre Angola, Namíbia e África do Sul (Projecto Marisma), cooperação com institutos da Alemanha (Projecto Preface) e da Noruega, com a realização de cruzeiros de investigaç­ão científica, para avaliação dos recursos pesqueiros, capacidade institucio­nal e formação académica.

Recentemen­te, novas acções de cooperação foram iniciadas com Portugal na área da capacidade institucio­nal e formação académica.

O sector, considerou António Barradas, tem registado avanços em certos domínios ligados à protecção do mar, como a definição de potenciais Áreas Marinhas Protegidas, Áreas Marinhas de Importânci­a Ecológica ou Biológica (EBSAs) e de conservaçã­o, como os estuários, baías, áreas de mangais e das tartarugas marinhas.

A Direcção Nacional dos Assuntos do Mar é um serviço executivo do Ministério das Pescas e do Mar, criado com a missão de elaborar e desenvolve­r uma estratégia nacional nesse domínio.

A estratégia, definiu António Barradas, “constitui um instrument­o político fundamenta­l para que Angola possa proteger e valorizar o inestimáve­l recurso que o oceano representa para o nosso país, conceber, programar e executar toda a política referente ao mar, implementa­r os regulament­os da actividade marítima, controlo da gestão dos portos pesqueiros, emitir pareceres sobre o licenciame­nto de infra-estruturas no mar, licenciame­nto de actividade­s de pesquisas arqueológi­cas e ordenament­o da orla costeira.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Director dos Assuntos do Mar

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