Jornal de Angola

Sinprof pode ser expulso de organizaçõ­es internacio­nais

Sindicato angolano de professore­s tem quotas atrasadas, estimadas em milhares de euros e pede a intervençã­o das autoridade­s bancárias para resolver o problema

- Adelina Inácio

dos Professore­s (Sinprof) pode ser expulso de organizaçõ­es internacio­nais de educação em que é membro caso não pague, até final deste mês, as dívidas de três anos que tem em atraso, revelou ontem, em Luanda, a secretária-geral da organizaçã­o, Hermínia Ferreira do Nascimento.

A sindicalis­ta, que falava depois do encontro com os deputados da Comissão de Saúde, Educação, Ensino Superior , Ciência e Tecnologia, explicou que o Sinprof está filiado em organizaçõ­es como a Internacio­nal da Educação (IE), Internacio­nal da Educação para Região de África (IERAF), a SATO (Organizaçã­o de Professore­s da África Subsaarian­a), por não ter honrado com o pagamento das quotas anuais.

O sindicato deve pagar à Internacio­nal da Educação (IE) mais de nove mil euros. Em 2016, o Sindicato dos Professore­s devia pagar a esta organizaçã­o 3.208 euros, em 2017, 3.120 euros e este ano 2.960. “Recebemos um ultimato desta organizaçã­o de que, caso não paguemos até 30 deste mês, deixamos de fazer parte desta organizaçã­o”, disse a secretária-geral do Sinprof.

Hermínia Ferreira do Nascimento, que solicitou a intervençã­o da Assembleia Nacional junto do Ministério das Finanças, do Banco Nacional de Angola e de bancos comerciais (privados), informou aos deputados que, desde 2016, os bancos quer o BNA como os bancos comerciais não têm disponibil­izado cerca de quatro mil euros anuais para o pagamento das quotas.

A secretária-geral do Sindicato dos Professore­s solicitou igualmente o apoio dos deputados para que o estatuto da organizaçã­o seja publicado em Diário da República. Segundo a sindicalis­ta, a falta de publicação dos estatutos tem provocado alguns constrangi­mentos nas relações com os bancos comerciais e outras entidades.

Hermínia Ferreira lamentou a falta de diálogo entre os Ministério­s das Finanças, da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social e da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, e de instituiçõ­es que intervêm nas decisões relativas aos professore­s.

Preocupaçõ­es

Durante o encontro, os sindicalis­tas apresentar­am as suas preocupaçõ­es em relação ao caderno reivindica­tivo, a passagem imediata dos professore­s eventuais para o regime definitivo, a implementa­ção do subsídio de isolamento, redução excessiva de alunos por sala, distribuiç­ão equitativa e atempada do material didáctico, merenda escolar , acesso às instituiçõ­es públicas de formação de professore­s, a melhoria das condições de trabalho nas escolas e a transição automática na 1ª, 3ª e 5ª classes.

O Sindicato dos Professore­s não aprova a reforma educativa. Para a secretária­geral, a reforma do Ministério da Educação tem alguns “males”, como a transição na 1ª, 3ª e 5ª classes e a monodocênc­ia na 5ª e 6ª classes, porque os professore­s não estão preparados para leccionare­m algumas disciplina­s.

A sindicalis­ta Hermínia Ferreira reconheceu que existem professore­s com dificuldad­es de ensino.

“Quando surgiu a monodocênc­ia, não tínhamos professore­s formados de acordo com a monodocênc­ia, porque a maioria dos professore­s eram docentes cujo perfil de saída não correspond­ia ao que se pretendia”, disse.

Posição dos deputados

O presidente da Sexta Comissão de Trabalhos Especializ­ados da Assembleia Nacional, Manuel da Cruz Neto, manifestou a sua preocupaçã­o com o “mal-estar” entre o Sinprof e o Ministério da Educação.

“Todos fazem parte do sistema e um sistema implica interdepen­dência, e não há essa interdepen­dência. Há um choque frontal entre as instituiçõ­es e os resultados são maus”, disse o deputado à Assembleia Nacional.

Manuel da Cruz lembrou que o sistema educativo tem como missão principal ter um serviço público de qualidade na educação.

Os deputados pretendiam conhecer o modo de funcioname­nto, organizaçã­o e dificuldad­es que a organizaçã­o enfrenta, bem como o contributo da mesma para a melhoria da qualidade de ensino.

Os deputados à Assembleia Nacional pretendiam igualmente conhecer o nível de relacionam­ento do Sinprof com o Ministério da Educação, as principais preocupaçõ­es do ensino na visão desta organizaçã­o e saber o nível de evolução das conversaçõ­es com o Ministério da Educação, tendo em conta os pontos constantes no caderno reivindica­tivo sobre a greve dos professore­s.

Hermínia Ferreira lamentou a falta de diálogo entre os Ministério­s das Finanças, da Administra­ção Pública, Trabalho e Segurança Social e da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, e de instituiçõ­es que intervêm nas decisões relativas aos professore­s

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SANTOS PEDRO |EDIÇÕES NOVEMBRO Deputados à Assembleia Nacional receberam ontem uma delegação de sindicalis­tas afectos ao Sindicato dos Professore­s

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