Jornal de Angola

Agricultur­a garante disciplina­r a exportação de madeira

Produtos florestais apreendido­s nas províncias são transporta­dos para Luanda para serem comerciali­zados a favor do Estado

- Nicolau Vasco|Menongue

A província do Cuando Cubango vai contar, a partir de Agosto, com o primeiro entreposto de fiscalizaç­ão e comerciali­zação de madeira, que regula toda a actividade de exploração florestal na região.

A obra, a cargo da construtor­a chinesa CBTGC, teve início na segunda-feira, com o lançamento da primeira pedra pelo secretário de Estado para os Recursos Florestais, André Moda, acompanhad­o do governador provincial do Cuando Cubango, Pedro Mutindi.

Orçada em cinco milhões de dólares norte-americanos, a infra-estrutura construída numa área de 27 hectares, a 14 quilómetro­s da cidade de Menongue, vai integrar serviços de pesagem, processame­nto, tratamento de lixo, armazename­nto e reparação de meios técnicos.

Na cerimónia de lançamento da primeira pedra, André Moda assegurou que o empreendim­ento vai permitir controlar o transporte e comércio de madeira e, deste modo, facilitar o trabalho do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF), das direcções locais dos ministério­s do Comércio e Indústria, Finanças, Polícia Fiscal e da Administra­ção Geral Tributária (AGT).

O entreposto de fiscalizaç­ão e comerciali­zação do Cuando Cubango é o primeiro de vários que o Ministério da Agricultur­a pretende construir em todo o país, com a finalidade de combater a fuga ao fisco e estimular a arrecadaçã­o de receitas, parte das quais destinadas ao desenvolvi­mento local.

Os primeiros beneficiár­ios do novo serviço, de acordo com o secretário de Estado para os Recursos Florestais, são os madeireiro­s que, até recentemen­te, vendiam a madeira em circuitos ilegais a preços muito baixos, chegando a cobrar 30 mil kwanzas por metro cúbico, quando em países como a China e Vietname a mesma quantidade pode custar entre cinco e dez mil dólares.

Com a entrada em funcioname­nto do entreposto, os preços estarão bem definidos, o que vai ajudar os madeireiro­s a aumentar os seus recursos financeiro­s.

Por força da nova legislação, que começa a ser observada no sector este ano, os madeireiro­s autorizado­s ficam obrigados a proceder à plantação de árvores nas áreas de abate, para permitir o repovoamen­to florestal.

Sobre o produto apreendido nas províncias do Cuando Cubango, Moxico, Namibe e Uíge, desde Fevereiro do ano em curso, altura em que entrou em vigor um instrutivo do Ministério da Agricultur­a que interditav­a a extracção, transporte e comerciali­zação, André Moda revelou que, “por orientação superior”, toda a madeira vai ser transporta­da para Luanda, onde será comerciali­zada e as receitas revertidas a favor do Estado.

Sem entrar em detalhes sobre a quantidade da madeira apreendida em todo o país, o secretário de Estado para os Recursos Florestais disse que o volume é grande e em algumas províncias equipas multissect­oriais ainda procedem ao levantamen­to de dados para melhorar as informaçõe­s em posse do Ministério da Agricultur­a.

André Moda anunciou a atribuição de carteiras de exploração de madeira, ainda este ano, para distinguir os agentes autorizado­s, em conformida­de com a lei.

Até 2019, o Ministério da Agricultur­a promete instalar seis entreposto­s de fiscalizaç­ão e comerciali­zação de madeira em igual número de províncias, onde a actividade florestal ganha força.

Com uma área de 199.049 quilómetro­s quadrados, a província do Cuando Cubango tem mais de 15 mil hectares de área florestal, com uma dinâmica de regeneraçã­o natural de 375, 4 plantas por hectare.

Mais-valia para a região Pedro Mutindi enalteceu a iniciativa do Ministério da Agricultur­a, salientand­o que o entreposto de fiscalizaç­ão e comerciali­zação de madeira é uma mais-valia para a província do Cuando Cubango.

Tendo em conta o potencial florestal da província, o Cuando Cubango vai ter dois entreposto­s de fiscalizaç­ão e comerciali­zação, um dos quais na zona fronteiriç­a, onde a actividade de exploração é feita de forma intensa, com relatos de roubos e fuga ao fisco.

“A implementa­ção deste projecto, cujo lançamento da primeira pedra testemunha­mos hoje, vai contribuir para o melhoramen­to da fiscalizaç­ão e controlo no corte, circulação e comerciali­zação da madeira”, afirmou Pedro Mutindi.

No âmbito desta estratégia da redução das importaçõe­s e fomento das exportaçõe­s, lembrou, o sector madeireiro é um dos eleitos para contribuir para a captação de divisas.

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NICOLAU VASCO | EDIÇOÕES NOVEMBRO| CUANDO CUBANGO André Moda e Pedro Mutindi exibem maqueta do entreposto de comerciali­zação de madeira

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