Luanda é a cidade das trevas
Paris é, desde há muito, designada “a cidade luz”, contrariamente a Luanda, que pode vir a notabilizar-se como “a capital das trevas”, tal a ausência de iluminação pública que a caracteriza e, naturalmente, a torna perigosa.
A nossa capital, mal o sol se põe, é um manto de escuridão pintalgado pelas luzes dos anúncios luminosos, faróis de automóveis e pouco mais. A pública é mais rara do que roupa nova em corpo de pobre. Os candeeiros nas artérias são, na maioria das vezes, meros objectos de decoração. Que tanto estão acesos um dia ou dois, como apagados uma eternidade.
A falta de iluminação pública torna a cidade mais perigosa, por ser o cenário ideal para salteadores, violadores, assassinos. Mas, igualmente, é preciso realçar, para colisões de automóveis, atropelamentos, mortes nas estradas. Não tenho estatísticas, mas não corro grande risco de errar, se afirmar que Luanda é das cidades em todo o mundo com mais sangue no asfalto e a Avenida Deolinda Rodrigues das mais perigosas.
Há quantas noites é que não regista acidentes, tantas delas com consequências irreparáveis? Eram números que gostava de ver divulgados e afixados em todos os locais de trabalho. A começar pelos gabinetes dos principais responsáveis por este estado de coisas. É mais do que tempo da culpa não continuar aparentemente solteira. E assim há-de continuar enquanto a deixarem sozinha a arcar com o peso de delitos partilhados.
Muitas das vítimas mortais, mas também os fisicamente diminuídos devido a acidentes rodoviários na nossa província, designadamente na Avenida Deolinda Rodrigues, deviam, em boa verdade, chamar-se “vítimas da falta de iluminação pública em Luanda”.
Até quando Luanda tem de aturar tudo isto? Quantas mais mortes têm de ocorrer? Quantos diminuídos físicos por desastres rodoviários são ainda precisos, para acabar com esta calamidade nacional? Que responda quem pode e deve.