Casa 70 celebra aniversário com Paulo Flores e amigos
Carlitos Vieira Dias e Euclides da Lomba cantam no concerto que assinala, em três noites, o percurso de um projecto pioneiro
Em três noites, a partir de hoje e até sábado, a Casa 70 assinala duas décadas de existência, num concerto denominado “Estações do Semba”, que tem Paulo Flores como cabeça de cartaz, acompanhado pelos convidados Carlitos Vieira Dias, Euclides da Lomba, Leonel Almeida e Manecas Costa.
Pioneiro no movimento modernista registado na indústria do entretenimento em Angola, o espaço cultural localizado no bairro Vila Alice, em Luanda, escolheu músicos identificados com o seu percurso de sucesso, para celebrar o vigésimo aniversário.
Sob a máxima “pontualidade, continuidade e estabilidade, no ‘show biz’ em Angola”, a Casa 70 esteve na vanguarda da valorização dos músicos nacionais, numa altura em que muitos “queriam deixar de cantar”, segundo sublinhou Marcos Cunha, gestor da casa de espectáculos e restauração.
De Lindomar Castilho, cantor brasileiro que fez no espaço o regresso aos palcos, depois de sair da cadeia, a Kueno Aionda, o livro de registos guarda memórias da presença de músicos de vários pontos do Mundo. O norte-americano Percy Sledge, conhecido internacionalmente pela interpretação de “When a man loves a woman”, foi o primeiro grande nome contratado pelo empresário Carlos Cunha.
Cantores com créditos firmados no Brasil, Portugal, Antilhas, Cabo Verde, Guiné Bissau e Angola exibiram talento na Casa 70. Gilberto Gil, Gilliard, Alcione, Ana Carolina, Rui Veloso, Ralph Thamar, Cesária Évora, Bana, Eduardo Paim, Yola Semedo, Nelo de Carvalho, Kyako Kyadaff e Kristo são nomes que se destacam na extensa lista de actuações.
Laços de cumplicidade
A boa relação profissional estabelecida com o músico, motivou a escolha de Paulo Flores com o cartaz das três noites de concerto, hoje, amanhã e sábado. “É um cantor que conhecemos bem. Já fizemos várias coisas juntos. Tivemos um ‘show’, que era realizado em Dezembro. Ele gosta de trabalhar connosco”, explicou Marcos Cunha.
Defensor das raízes do semba, o autor dos sucessos “Cherry”, “Mana Xiquita”, “Inocenti”, “Poema do Semba”, “Boda”, “Clarice”, “A Carta” e mais recentemente “Baju”, regressa a Luanda num período de grande aceitação, dois meses depois da passagem com sucesso pelo Show do Mês da Nova Energia, que teve três concertos esgotados no anfiteatro do Royal Plaza Hotel, em Talatona, e muitos fãs à procura de ingressos.
A celebrar 30 anos de carreira, o vencedor do Top dos Mais Queridos de 2011 propõe uma viagem pelo seu vasto reportório, com o su-porte de experientes instrumentistas, consagrados na música urbana angolana. Na velocidade do “Kandongueiro Voador”, o mais recente disco, Paulo Flores esteve a 28 de Maio na Aula Magna, em Lisboa.
Carlitos Vieira Dias é uma das grandes influências do “anfitrião”, que confessou em entrevista ao Jornal de Angola a importância do músico e compositor. “Lembro-me que em alguns sembas que fiz no início, quando os kotas tocavam, o próprio andamento, eu não conseguia entrar no ritmo. O semba tem alguns segredos que não se explicam ou não sei explicar”, reconheceu.
Euclides da Lomba continua a alegrar os admiradores com as canções de amor que conquistaram os angolanos no final da década de 90. “Livre Serás”, “Parrandeira”, “Regressa” e “Desejo Malandro” disputam a primazia com temas “Me quedas com ganas”, “Tudo que passou”, “Como a gente se amou” e “Tua chan-ce”, alguns dos destaques do disco “País que venero”.
Leonel Almeida traz as sonoridades de Cabo Verde, na cadência da “morna” e “coladeira”, interpretando canções imortalizadas por Ildo Lobo, Cesária Évora e Bana, enquanto o guineense Manecas Costas exibe os solos da guitarra, companheira inseparável nas digressões pelo Mundo, com Paulo Flores.
Sob a máxima “pontualidade, continuidade e estabilidade, no ‘show biz’ em Angola”, a Casa 70 esteve na vanguarda da valorização dos músicos nacionais, numa altura em que muitos “queriam deixar de cantar”