Jornal de Angola

Soyo propõe pagamento do imposto na autarquia

Consulta pública foi orientada pelo secretário de Estado da Administra­ção do Território, Márcio Daniel Lopes

- Jaquelino Figueiredo | Soyo Kapalo Manuel | Moxico

Membros da sociedade civil do município do Soyo, na província do Zaire, propõem que as pequenas, médias e grandes empresas paguem a totalidade dos impostos nas autarquias onde arrecadam receitas.

A proposta do pacote legislativ­o para a implementa­ção das autarquias no país em 2020 foi apresentad­a e analisada pelos membros do governo e da sociedade civil na quarta-feira na vila do Soyo, província do Zaire.

A consulta pública foi orientada pelo secretário de Estado da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, Márcio Daniel Lopes.

Académicos, políticos e funcionári­os públicos, na presença do vice-governador para o sector Económico, Félix Kialinguil­a, discutiram as seis propostas de lei constantes do pacote legislativ­o autárquico, cuja divulgação e discussão decorre em todo o território.

O pacote legislativ­o autárquico é constituíd­o pelas propostas de leis orgânicas sobre a organizaçã­o e funcioname­nto das autarquias, das eleições autárquica­s, sobre a institucio­nalização das autarquias locais, da tutela administra­tiva, da transferên­cia de atribuiçõe­s e competênci­as do Estado para as autarquias locais e das finanças locais.

Durante a apresentaç­ão do pacote legislativ­o, o director do Centro de Pesquisa de Políticas Públicas e Governação Local da Universida­de Agostinho Neto, Carlos Teixeira, indicou que o fórum de auscultaçã­o visou uma interacção entre o governo local e munícipes.

“Com a institucio­nalização das autarquias, as atribuiçõe­s e competênci­as do poder central passam para os órgãos autárquico­s”, esclareceu Carlos Teixeira, que defendeu o gradualism­o geográfico como melhor via para a implementa­ção das autarquias.

Carlos Teixeira falou da relação que deve existir entre o poder central e os órgãos autárquico­s, e da questão da recolha de receitas resultante­s de impostos. Estas matérias suscitaram acesos debates entre os munícipes do Soyo e o governo.

Após a discussão das propostas de lei constantes do pacote legislativ­o autárquico, a sociedade civil do Soyo sugere que algumas questões ligadas à recolha de receitas para as autarquias bem como as percentage­ns das consignaçõ­es sejam debatidas de forma profunda.

Os membros da sociedade civil considerar­am que o Executivo deve fazer algumas concessões em relação aos impostos predial e industrial, bem como às percentage­ns consignada­s para melhor arrecadaçã­o de receitas por parte dos futuros poderes autárquico­s.

“Achamos que quer as pequenas, médias e grandes empresas devem pagar na totalidade os seus impostos junto das autarquias, uma vez que essas empresas funcionam nessas localidade­s”, sugeriram.

“Nós propomos essa alteração é no sentido de se tornar mais inclusiva, porque dentro da comunidade não teremos só as autarquias locais, uma vez que já existe o poder local que são as autoridade­s tradiciona­is e era bom que fossem tidas em conta para juntar o útil ao agradável”, acrescenta­ram.

Os munícipes considerar­am também que o critério de candidatur­as deve contemplar apenas o cidadão residente há mais de cinco anos na localidade, e que conheça de forma profunda a realidade da comunidade.

Auscultaçã­o no Moxico

O processo de auscultaçã­o sobre as autarquias foi apresentad­o ontem, no município de Camanongue, na província do Moxico, pela secretária de Estado da Administra­ção do Território. Laurinda Cardoso explicou que o processo de auscultaçã­o sobre as autarquias vai permitir ouvir os cidadãos sobre esta matéria e consequent­emente criar condições técnicas e materiais para que o processo chegue a todos os municípios seleccioná­veis.

Ao Ministério da Administra­ção do Território e Reforma do Estado cabe organizar e preparar todos os processos que têm a ver com a política administra­tiva do país, sobretudo questões da toponímia, fixação das residência­s dos cidadãos, e organizaçã­o administra­tiva, lembrou a secretária de Estado, que acrescento­u que devem ser criadas as condições para que os municípios possam continuar a funcionar e se adaptem facilmente a futuras câmaras municipais.

Laurinda Cardoso falou do diploma relacionad­o com o reforço das competênci­as das administra­ções municipais e da delimitaçã­o das competênci­as de âmbito central, provincial e municipal.

“Estamos a trabalhar com todos os municípios do país, respeitand­o a especifici­dade de cada um”, disse a secretária de Estado.

Para o académico Pedro Fiete, as autarquias devem ser implementa­das de forma faseada, permitindo de forma paulatina a transferên­cia das competênci­as, como define o diploma legal das autarquias locais.

Director do Centro de Pesquisa de Políticas Públicas e Governação Local da Universida­de Agostinho Neto afirmou que o fórum visou uma interacção entre o governo local e munícipes

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ADOLFO DUMBO | EDIÇÕES NOVEMBRO | SOYO Carlos Teixeira falou da relação que deve existir entre o poder central e os órgãos autárquico­s

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