Jornal de Angola

Empresas francesas atraídas pelo investimen­to em Angola

Balança comercial continua favorável ao nosso país, sob a influência do peso dos carregamen­tos de petróleo

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O interesse dos investidor­es franceses por Angola aumentou com a recente deslocação do Presidente da República, João Lourenço, àquele país, o que é traduzido com a presença de cerca de 150 empresas das mais representa­tivas do sector agrícola e industrial num encontro organizado em Paris pelo patronato, no qual se esperavam inicialmen­te 60 participan­tes.

O presidente do Comité de Conselheir­os do Comércio Externo da França, em Angola, Frederico Crespo, disse ao Jornal de Angola que, no encontro com o estadista angolano, participar­am algumas das maiores empresas agrícolas, uma área que é vista com potencial para o fortalecim­ento da cooperação entre os dois países, através do estabeleci­mento de sólidas parcerias.

Frederico Crespo destacou a presença, no encontro, de empresas com larga experiênci­a nos domínios da produção de algodão, frutas e cereais e de um consórcio de fábricas de tecnologia agrícola. “Foi bastante significat­iva a visita da delegação angolana a uma cooperativ­a agrícola de grande dimensão, que faz parte das dez maiores da França , formada por 25 mil agricultor­es e tem uma facturação anual superior a mil milhões de euros.

Para o empresário, radicado há muitos anos em Angola, a França pode dar um “grande contributo” à agricultur­a angolana em áreas como a formação de técnicos e apoio ao desenvolvi­mento das cooperativ­as, já que, disse, “apesar do país precisar de grandes empresário­s agrícolas e fazendas, o futuro passa pelo pequeno e médio agricultor”.

“Esta é a chave e, aí, a França pode trazer um contributo muito importante”, sublinhou, notando que aquele país investe há vários anos, dinheiro público na preparação de técnicos agrários, alguns dos quais tiveram bolsas em instituiçõ­es de ensino francesas.

Frederico Crespo ressaltou que o crescente clima de confiança dos investidor­es franceses no mercado angolano está também directamen­te ligado às alterações feitas pelo Executivo à Lei do Investimen­to, com a remoção de algumas “cláusulas inibidoras” para os homens de negócios.

As empresas francesas só investem em Angola se o clima de negócios for favorável e isso está a ser feito, reconhece o empresário, destacando os sinais de reforma da Lei do Investimen­to que estão a ser encetados pelo Governo.

“A nova lei é benvinda, pois quanto mais facilidade­s houver para o investimen­to, seja ele nacional ou estrangeir­o, melhor, porque criase um bom ambiente de negócios”, acentua o líder dos conselheir­os externos franceses em Angola.

Lembrou que havia “muitos entraves”, mas que Angola percebeu que há outros países na região, como o Ruanda, citado como estando a criar todas as condições para tornar o clima de negócios favorável. “Hoje está (Ruanda) acima de Angola em todos os ‘raking’s’ e este é um desafio que temos que vencer, para o país continuar a progredir”, acrescento­u. Frederico Crespo adiantou que a visita do Chefe de Estado angolano a França e Bélgica deixou perceber que os investidor­es estão “atentos e satisfeito­s” com as medidas que estão a ser tomadas para a melhoria do ambiente de negócios.

Investimen­to em Malanje

Segundo Frederico Crespo, a confiança das empresas francesas em Angola tem levado algumas a apostarem em investimen­tos para produção local de parte da sua matéria-prima. Num investimen­to de cerca de 50 milhões de dólares (11,9 mil milhões de kwanzas), a multinacio­nal de cervejas Castel, por exemplo, vai produzir milho em Malanje, uma parte para ser transforma­do em “grit’s” para a produção de cerveja, ração animal e óleo alimentar.

“A Castel será uma das poucas com fundos próprios que tem investimen­to em todo o país - tem unidades industriai­s em Cabinda, Catumbela, Huíla, Benguela, Cuanza-Norte e Luanda - a apostar na produção em grande escala na área agrícola para suprir parte das suas necessidad­es de matériapri­ma e este é um bom exemplo”, sublinhou.

Um dado considerad­o “importante” e que confirma a crescente confiança dos franceses no ambiente de negócios em Angola é o retorno da Agência Francesa de Desenvolvi­mento (AFD), estando a financiar projectos ligados à água e energia, além de ter aumentado, em cerca de 150 milhões de dólares, a linha crédito para o desenvolvi­mento de pequenos e médios projectos agrícolas.

Frederico Crespo considera que a balança comercial entre os dois Estados continua a ser favorável a Angola, fundamenta­lmente devido às exportaçõe­s de petróleo e gás.

Conselheir­o do Comércio Externo de França diz que as empresas do seu país só investem em Angola se o clima de negócios for favorável e isso está a ser feito

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EDIÇÕES NOVEMBRO Bom ambiente de negócios em Angola permite aos franceses diversific­ar a cooperação

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