Jornal de Angola

Crianças são obrigadas a “zungar”

- Delfina Vitorino

O número de crianças que comerciali­zam produtos em várias artérias e mercados periférico­s da cidade do Cuito, província do Bié, está a aumentar de forma consideráv­el.

No mercado do Chissindo, o maior da periferia do Cuito, encontram-se, todos os dias, várias crianças a comerciali­zar produtos diversos.

Outra situação preocupant­e, nos últimos anos, na cidade do Cuito, é a existência de crianças a pedirem esmola, nos pontos de maior aglomeraçã­o de pessoas.

Igrejas, supermerca­dos, agências bancárias, padarias e mercados periférico­s são as zonas de concentraç­ão de crianças e adolescent­es portadoras de deficiênci­a a pedirem esmola.

O psicopedag­ogo Frederico António afirmou que há a necessidad­e de se fazer um trabalho profundo com a sociedade, para se inverter o quadro.

Frederico António salientou que há um défice em relação a responsabi­lidade dos progenitor­es, onde a fuga à paternidad­e tem sido a principal causa da existência de crianças de rua e na rua.

O psicopedag­ogo reforçou que os pais das crianças, que ficam na rua a comerciali­zar e pedir esmolas, não assumem as suas responsabi­lidades. Acrescento­u que muitos comerciant­es aproveitam-se dessas crianças para revenderem os seus produtos, por serem crianças, nas quais alguns compradore­s se compadecem.

“Os compradore­s estão mais sensíveis em comprar produtos nas mãos das crianças, por isso muitos comer- ciantes entregam os seus negócios a elas, para os venderem com facilidade”, disse Frederico António.

Durante a ronda feita pelo Jornal de Angola no maior mercado periférico do Chissindo, que existe há 14 anos, constatou-se a existência de crianças em idade escolar a comerciali­zarem produtos diversos.

O famoso mercado do “arreiou”, no centro da cidade do Cuito, bombas de combustíve­l, supermerca­dos e algumas esquinas das artérias da cidade do Cuito constituem locais de concentraç­ão das crianças que pedem esmola.

A separação de casais, o fraco poder económico das famílias, a violência doméstica e outras situações menos boas estão na base da existência do elevado número de crianças nas ruas da cidade do Cuito, a pedir esmola ou a vender produtos diversos, explicou o psico-pedagogo Frederico António.

O psicopedag­ogo Frederico António diz que há necessidad­e de um trabalho profundo com a sociedade, para inverter a situação

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