Identificado possível alvo para vacina contra a sífilis
Cientistas identificaram um possível alvo para uma vacina contra a sífilis em proteínas da bactéria que causa a doença sexualmente transmissível, foi ontem divulgado pela Universidade norte-americana de Connecticut.
A sífilis, a segunda maior causa de abortos espontâneos e nados-mortos no mundo, tem sido uma doença difícil de estudar porque, ao contrário de outras patologias provocadas por bactérias, não pode ser reproduzida em laboratório em placas de Petri ou em ratinhos.
Além das pessoas, o único animal susceptível à doença é o coelho, que elimina rapidamente a infecção, pelo que novos coelhos têm de ser regularmente infectados para manter activa uma estirpe da “Treponema pallidum”, a bactéria que causa a sífilis.
Por outro lado, explica em comunicado a Universidade norte-americana de Connecticut, que liderou a investigação, a bactéria na origem da doença, transmissível por contacto sexual, é muito delicada, sendo por isso difícil de manobrar em laboratório.
No novo estudo, divulgado na publicação digital, uma equipa de microbiólogos analisou geneticamente a bactéria da sífilis recolhida de amostras de doentes da Colômbia, de São Francisco (Estados Unidos) e República Checa, concluindo que as estirpes bacterianas eram bastante semelhantes, havendo entre elas poucas diferenças genéticas.
Os cientistas suspeitaram que os poucos genes mutantes da bactéria expressavam o tipo de proteínas que andavam à procura - as que habitualmente estão na membrana externa de uma bactéria e que são a forma de o sistema imunitário reconhecer um invasor bacteriano.
Usaram então um programa de modelação computacional para conceber um modelo das proteínas que os genes mutantes expressam e depois produziram-nas em laboratório.
Posteriormente, criaram os anticorpos para essas proteínas e verificaram, sem o comunicado da Universidade de Connecticut especificar como, que estes anticorpos atacavam a membrana exterior intacta da bactéria “Treponema pallidum”.
Na etapa final do estudo, a equipa partiu da pista dada pelos genes mutantes para procurar e encontrar os genes que codificam para proteínas da membrana exterior da bactéria que nunca se alteram.
Para os cientistas, tal é importante, pois proteínas que sofrem muitas mutações para se esconder do sistema imunitário não são boas candidatas a uma vacina.