Coreia do Sul e EUA suspendem manobras militares
Decisão surge na sequência da cimeira histórica de Singapura entre os Presidentes norte-americano e da Coreia do Norte
A Coreia do Sul e os Estados Unidos decidiram ontem “suspender indefinidamente” as principais manobras militares que se realizam regularmente na região da península coreana, disse um responsável da Administração norte-americana citado pela agência France Press.
“As principais manobras estão suspensas indefinidamente na península coreana”, disse o responsável, dois dias depois do anúncio feito pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, do fim dos exercícios militares.
“Vamos parar com as manobras militares, o que nos poupará muito dinheiro, a menos que vejamos que as negociações futuras não estão a correr como deviam”, disse na ocasião Trump, que considerou as manobras de “muito provocadoras”.
O próximo exercício com o nome Ulchi Freedom Guardian, estava previsto para finais de Agosto ou princípios de Setembro.
A Coreia do Norte exigia há muito tempo a suspensão dos exercícios militares conjuntos, que considera serem um ensaio de uma invasão ao seu território.
Na véspera da decisão, o Presidente sul-coreano mostrou-se disponível para suspender os exercícios conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos para contribuir para o actual clima de diálogo com a Coreia do Norte. Ao falar ontem durante uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, Moon Jae-in disse que não excluia essa possibilidade se a Coreia do Norte “implementar medidas de desnuclearização” e se “continuar o diálogo sincero de Pyongyang com Seul e Washington com vista a reduzir as hostilidades”.
“Neste cenário, a Coreia do Sul precisa mudar de forma flexível a sua pressão militar com o objectivo de criar um clima de confiança mútua, conforme acordado na declaração de Panmunjom”, disse.
Moon avançou com a possibilidade após o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado a suspensão das manobras no final da histórica cimeira realizada na terça-feira em Singapura com o líder nortecoreano, Kim Jong-un.
O Presidente sul-coreano disse ao Conselho de Segurança Nacional, que inclui os ministros de Defesa e Segurança, que esta medida deve ser analisada detalhadamente e em coordenação com os Estados Unidos.
Antes da reunião do Conselho de Segurança Nacional, tanto Moon quanto o chefe da diplomacia sul-coreano, Kang Kyung-wha, tinhamse reunido em Seul com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, para discutir o resultado da cimeira de Singapura.
Fonte sul-coreana disse à agência de notícias Associated Press que militares das duas Coreias estão em conversações ao mais alto nível para abordar a redução de tensões na zona de fronteira entre os dois países.
O objectivo do encontro na vila fronteiriça de Panmunjom é o de alcançar um firme compromisso por parte da Coreia do Sul de terminar os exercícios militares com os Estados Unidos.
Após a cimeira de terçafeira com o líder nortecoreano Kim Jong-un, o Presidente dos Estados Unidos afirmou que os aliados deviam acabar com os “jogos de guerra” durante as negociações sobre a desnuclearização da Coreia do Norte, num gesto de “boa vontade”.
Estas negociações são as primeiras a integrar generais de ambas as Coreias desde Dezembro de 2007.
“Nós vamos investir os nossos melhores esforços para garantir uma nova era de paz na península coreana”, sublinhou o major-general sul-coreano Kim Do-gyun antes do encontro.
Altos representantes dos Governos dos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul também analisaram, em Seul, o resultado da cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un, bem como o compromisso de desnuclearização da Coreia do Norte, de acordo com a agência Lusa.
O secretário de Estado norteamericano, Mike Pompeo e os ministros dos Negócios Estrangeiros do Japão e da Coreia do Sul, Taro Kono e Kang Kyungwha, respectivamente, lideraram as delegações.
Fim das sanções
A Rússia solicitou, quartafeira, ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que analise a suspensão progressiva das sanções económicas contra a Coreia do Norte, após o acordo firmado com os Estados Unidos da América (EUA) para eliminar as armas nucleares da península coreana.
O conselho aprovou, em 2017, três pacotes de duras sanções económicas contra Pyongyang, que proíbem quase todas as suas exportações de matéria-prima e limitam severamente o fornecimento de combustíveis.
Após a cimeira histórica de terçafeira com Kim Jong-un, Donald Trump afirmou que os aliados deviam acabar com “os jogos de guerra” durante as negociações sobre desnuclearização