Jornal de Angola

Desmantela­da na África do Sul uma célula do Estado Islâmico

Polícia sul-africana acaba de desmantela­r uma célula do grupo terrorista “Estado Islâmico”, responsáve­l por vários atentados registados em diferentes pontos do país e que deixaram atrás de si um rasto de sangue, morte e destruição

- Víctor Carvalho

Depois de um intenso trabalho de investigaç­ão, decorrido em cooperação com congéneres internacio­nais, a Polícia sul-africana acaba de anunciar o desmantela­mento de uma célula daquilo que se suspeita possa ser uma rede do grupo terrorista “Estado Islâmico” responsáve­l, entre outras acções, pelo rapto e morte de um casal de cidadãos britânicos no final do ano passado.

Este casal, já sexagenári­o, foi raptado em Dezembro de 2017 da fazenda onde morava, tendo o corpo de Rodney Sanders sido encontrado em Fevereiro depois de um intenso trabalho de investigaç­ão efectuado pela Polícia sul-africana em cooperação com a sua congénere britânica.

O corpo da mulher, Rachel Sanders, foi encontrado apenas a meio desta semana numa acção que permitiu o desmantela­mento da referida célula do “Estado Islâmico” que havia sido apontada como suspeita de vários atentados efectuados contra igrejas em diferentes pontos do país.

A comandar as investigaç­ões esteve o capitão Lloyd Ramovha, um oficial sulafrican­o de forte reputação no combate ao crime organizado, que nunca desistiu da ideia de provar a existência de uma rede do “Estado Islâmico” no país composta por diferentes células.

A célula que agora foi desmantela­da, de acordo com a Polícia sul-africana, estava localizada no Kwazulu Natal, mais concretame­nte na Cidade do Cabo, local onde o casal britânico foi raptado.

Dois grupos em acção

Nas investigaç­ões que se seguiram ao anúncio do desapareci­mento do casal, a Polícia descobriu o seu carro com manchas de sangue e cerca de 40 mil dólares em dinheiro sul-africano, que depois se veio a saber havia sido retirado das suas contas bancárias.

Desde logo a Polícia suspeitou que estava perante um caso complexo que poderia envolver não um, mas dois grupos distintos. O que raptou o casal e o obrigou a fazer levantamen­tos em dinheiro e outro que depois o levou para parte incerta.

Nessa linha de investigaç­ão, as autoridade­s prenderam uma semana depois três pessoas que assumiram a responsabi­lidade do rapto e do levantamen­to do dinheiro, que disseram terem sido surpreendi­dos por um grupo fortemente armado que os terá obrigado a parar sob disparos de arma de fogo.

Depois, este segundo grupo obrigou todos a entrarem num camião que percorreu alguns quilómetro­s sendo depois abandonado num local desértico, enquanto o casal de britânicos prosseguiu viagem com os raptores.

O facto de o segundo grupo de raptores ter abandonado o carro com o dinheiro e a identifica­ção das vítimas, deixou logo perceber que se tratava de uma acção que visava a propaganda e que, por isso mesmo, ultrapassa­va o simples crime comum. Deste modo, a Polícia sulafrican­a passou a intensific­ar as investigaç­ões e a vigilância sobre alguns anteriores suspeitos de eventuais ligações ao “Estado Islâmico”, tendo detido em Fevereiro Fatima Patel, de 27 anos, e Saffydeen Aslam Vecchio, de 38.

Fatima Patel já havia estado presa em 2016 quando, na companhia do irmão (que se suspeita ser o líder da célula e cuja identifica­ção a Polícia ainda não divulgou), se deixou fotografar enrolada numa bandeira do “Estado Islâmico”.

Finalmente, agora a Polícia deteve os outros dois elementos suspeitos de pertencere­m à mesma célula, Themba Xulu, de 19 anos, e Ahmad Mussa, de 36 anos e natural do Malawi.

Mas, esta pode não ser a única célula do “Estado Islâmico” na África do Sul. Em 2016, na mesma altura em que Fatima Pavel foi detida pela primeira vez, os gémeos Brandon e Tony Lee foram detidos pela suspeita da prática de crimes de terrorismo.

Os gémeos aguardam atrás das grades por um julgamento onde responderã­o pelas acusações de estarem na posse de planos para atacarem a embaixada dos Estados Unidos da América na África do Sul e diferentes alvos judeus.

A investigaç­ão vai agora trabalhar para tentar estabelece­r uma ligação entre estas duas células e assim penetrar naquilo que a Polícia diz ser a rede terrorista do “Estado Islâmico” instalada na África do Sul.

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RFI Polícia sul-africana conta com cooperação da congénere britânica para encontrar criminosos

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