Desmantelada na África do Sul uma célula do Estado Islâmico
Polícia sul-africana acaba de desmantelar uma célula do grupo terrorista “Estado Islâmico”, responsável por vários atentados registados em diferentes pontos do país e que deixaram atrás de si um rasto de sangue, morte e destruição
Depois de um intenso trabalho de investigação, decorrido em cooperação com congéneres internacionais, a Polícia sul-africana acaba de anunciar o desmantelamento de uma célula daquilo que se suspeita possa ser uma rede do grupo terrorista “Estado Islâmico” responsável, entre outras acções, pelo rapto e morte de um casal de cidadãos britânicos no final do ano passado.
Este casal, já sexagenário, foi raptado em Dezembro de 2017 da fazenda onde morava, tendo o corpo de Rodney Sanders sido encontrado em Fevereiro depois de um intenso trabalho de investigação efectuado pela Polícia sul-africana em cooperação com a sua congénere britânica.
O corpo da mulher, Rachel Sanders, foi encontrado apenas a meio desta semana numa acção que permitiu o desmantelamento da referida célula do “Estado Islâmico” que havia sido apontada como suspeita de vários atentados efectuados contra igrejas em diferentes pontos do país.
A comandar as investigações esteve o capitão Lloyd Ramovha, um oficial sulafricano de forte reputação no combate ao crime organizado, que nunca desistiu da ideia de provar a existência de uma rede do “Estado Islâmico” no país composta por diferentes células.
A célula que agora foi desmantelada, de acordo com a Polícia sul-africana, estava localizada no Kwazulu Natal, mais concretamente na Cidade do Cabo, local onde o casal britânico foi raptado.
Dois grupos em acção
Nas investigações que se seguiram ao anúncio do desaparecimento do casal, a Polícia descobriu o seu carro com manchas de sangue e cerca de 40 mil dólares em dinheiro sul-africano, que depois se veio a saber havia sido retirado das suas contas bancárias.
Desde logo a Polícia suspeitou que estava perante um caso complexo que poderia envolver não um, mas dois grupos distintos. O que raptou o casal e o obrigou a fazer levantamentos em dinheiro e outro que depois o levou para parte incerta.
Nessa linha de investigação, as autoridades prenderam uma semana depois três pessoas que assumiram a responsabilidade do rapto e do levantamento do dinheiro, que disseram terem sido surpreendidos por um grupo fortemente armado que os terá obrigado a parar sob disparos de arma de fogo.
Depois, este segundo grupo obrigou todos a entrarem num camião que percorreu alguns quilómetros sendo depois abandonado num local desértico, enquanto o casal de britânicos prosseguiu viagem com os raptores.
O facto de o segundo grupo de raptores ter abandonado o carro com o dinheiro e a identificação das vítimas, deixou logo perceber que se tratava de uma acção que visava a propaganda e que, por isso mesmo, ultrapassava o simples crime comum. Deste modo, a Polícia sulafricana passou a intensificar as investigações e a vigilância sobre alguns anteriores suspeitos de eventuais ligações ao “Estado Islâmico”, tendo detido em Fevereiro Fatima Patel, de 27 anos, e Saffydeen Aslam Vecchio, de 38.
Fatima Patel já havia estado presa em 2016 quando, na companhia do irmão (que se suspeita ser o líder da célula e cuja identificação a Polícia ainda não divulgou), se deixou fotografar enrolada numa bandeira do “Estado Islâmico”.
Finalmente, agora a Polícia deteve os outros dois elementos suspeitos de pertencerem à mesma célula, Themba Xulu, de 19 anos, e Ahmad Mussa, de 36 anos e natural do Malawi.
Mas, esta pode não ser a única célula do “Estado Islâmico” na África do Sul. Em 2016, na mesma altura em que Fatima Pavel foi detida pela primeira vez, os gémeos Brandon e Tony Lee foram detidos pela suspeita da prática de crimes de terrorismo.
Os gémeos aguardam atrás das grades por um julgamento onde responderão pelas acusações de estarem na posse de planos para atacarem a embaixada dos Estados Unidos da América na África do Sul e diferentes alvos judeus.
A investigação vai agora trabalhar para tentar estabelecer uma ligação entre estas duas células e assim penetrar naquilo que a Polícia diz ser a rede terrorista do “Estado Islâmico” instalada na África do Sul.