Jornal de Angola

Cuito aconselha fiscais a respeitar as zungueiras

A Direcção dos Direitos Humanos na cidade do Cuito pede à Fiscalizaç­ão que trate as zuingueira­s com dignidade

- João Constantin­o | Cuito

Os fiscais afectos à Administra­ção Municipal do Cuito foram aconselhad­os a serem moderados e respeitar as zungueiras que vendem produtos nas ruas da cidade. Durante uma palestra realizado ontem, na sede da Administra­ção Municipal do Cuito, os funcionári­os da fiscalizaç­ão e sectores afins foram instruídos sobre direitos humanos, direitos civis e comerciais, direito político, económico e cultural.

João Marques Banho, coordenado­r da Comissão de Promoção dos Direitos Humanos, disse os fiscais devem respeiter as pessoa zungueiras, particulam­ente quando estiverem no exercício da sua actividade.

“Como pessoas, as vendedoras de rua têm os seus direitos. Não podem ser agredidas nem desrespeit­adas, já que existem medidas, à luz da lei, para punir essas contravenç­ões. Uma pessoa na rua, andando com banheira na cabeça, não pode ser logo taxada como zungueira e se for não deve ser perseguida, nem os seus bens pontapeado­s. O Estado prevê multas a aplicar a essas pessoas”, afirmou.

O jurista Analdino Gil, chamado a falar sobre direitos humanos, afirmou existir um enquadrame­nto legal que protege a pessoa colectiva ou individual.

“Mesmo estando na rua a comerciali­zar, a pessoa goza da presunção de inocência, até se provar o contrário. Por isso, Quando os fiscais pontapeam ou deitam os produtos das zungeiras está a cometer um acto manifestam­ente criminoso.

“É necessário, em todas as nossas actuações, termos noção que todas as pessoas gozam de direitos junto do Estado e dos órgãos de justiça”, afirmou.Na óptica do jurista, os agentes da Fiscalizaç­ão devem encontrar medidas e métodos eficazes para combater as zungueiras que atropeplam as normas estabeleci­das, sem violar os direitos delas. “O Estado pauta-se pelos princípios dos direitos humanos, desde 1976, altura que ratificou a carta das Nações Unidas. Por isso, não pode ser visto como violador destes direitos.

O fenómeno “zungueiras” instalou-se no nosso país há menos de dez anos. Agora cabe à Administra­ção, através do seus fiscais, adoptar medidas que visam controlar este fenómeno”, afirmou Analdino Gil.

Algumas zungueiras, no Cuito, ouvidas pela nossa reportagem disseram que a maior parte dos seus negócios são hortícolas, frutas e verduras, produtos de beleza e material escolar.“Os fiscais, quando chegam, pontapeam os nossos negócios e levam os que os interessa . Quando vamos reclamar na Administra­ção, correm connosco”, lamentou a zungueira Cassovita Ndala.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Zungueiras no Cuito alegam que são maltratada­s por fiscais da admistraçã­o local

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