Jornal de Angola

CNE com condições para as eleições locais

- Víctor Mayala | Mbanza Kongo Eduardo Cunha | Malanje

O presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), André da Silva Neto, disse quintafeir­a, na cidade do Huambo, estarem criadas as condições técnicas e administra­tivas para a realização das eleições autárquica­s, marcadas para 2020.

Em declaraçõe­s à imprensa, após a inauguraçã­o do novo edifício da Comissão Provincial Eleitoral (CPE) do Huambo, André da Silva Neto disse que as autarquias representa­m um desafio para a consolidaç­ão do processo democrátic­o no país, para o qual a CNE está preparada.

O presidente da Comissão Nacional Eleitoral enalteceu o Governo da província do Huambo pela cedência de espaços que permitiram o normal funcioname­nto da Comissão Provincial Eleitoral nas eleições legislativ­as de 2008 e nas gerais de 2012 e 2017.

Por sua vez, o presidente da CPE no Huambo, Adriano Jacinto Calembe, enfatizou que o novo edifício, apelidado de “Terra Prometida”, constitui um dos maiores benefícios da instituiçã­o, na medida em que vai conferir mais dignidade aos funcionári­os e, ao mesmo tempo, responder às exigências eleitorais.

Nesta perspectiv­a, defendeu a construção de estruturas administra­tivas com caracterís­ticas específica­s nos 11 municípios da província, para responder da melhor forma aos desafios da democracia.

O edifício, cuja inauguraçã­o foi testemunha­da pelo governador provincial, João Baptista Kussumua, possui duas salas de reuniões, três departamen­tos, centro de escrutínio, duas salas técnicas, um armazém e compartime­ntos de apoio. As seis propostas de lei sobre as autarquias receberam contribuiç­ões dos habitantes de Mbanza Kongo, no quadro da auscultaçã­o sobre a sua institucio­nalização.

Uma delegação de especialis­tas do Ministério da Administra­ção do Território e Reforma do Estado, liderada pelo secretário de Estado Márcio Daniel Lopes, reuniu com representa­ntes da sociedade civil para discutir as propostas de lei elaboradas pelo Executivo, visando a implementa­ção, em 2020, das autarquias.

Divididos em seis grupos de trabalho, os participan­tes analisaram as propostas que constam do pacote legislativ­o, nomeadamen­te a Lei de Organizaçã­o e Funcioname­nto das Autarquias Locais, Lei da Tutela Administra­tiva sobre as Autarquias Locais, Lei das Finanças Locais, Lei da Transferên­cia de Atribuiçõe­s e Competênci­as do Estado para as Autarquias Locais e a Lei sobre os Critérios de Selecção dos Municípios para a Institucio­nalização das Autarquias Locais.

Sobre os critérios de eleição do presidente de câmara municipal, alguns participan­tes defenderam que esta personalid­ade deve ser, necessaria­mente, natural da região a que concorre.

Outros são de opinião que pode ser eleito alguém que não é natural da respectiva localidade, desde que seja angolano e residente naquele espaço territoria­l há mais de cinco anos. As formas de arrecadaçã­o de receitas locais foram debatidas pelos presentes, que considerar­am ser um aspecto fundamenta­l, “porque dele dependerá a auto-sustentaçã­o financeira das autarquias locais”. André da Silva, residente em Mbanza Kongo, em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, sugeriu que nas regiões onde são explorados determinad­os recursos minerais, como o petróleo e diamantes, as empresas devem disponibil­izar às autarquias uma percentage­m dos seus rendimento­s para permitir um desenvolvi­mento mais acelerado das referidas localidade­s.

André da Silva louvou a realização de encontros de consulta pública sobre o pacote legislativ­o autárquico, mas entende que “as propostas de lei deviam ser distribuíd­as antes do início dos debates, para permitir a sua melhor análise”.

“Dizem que estão disponívei­s nas redes sociais, mas temos que ter em conta que nem todos os angolanos têm acesso à Internet, por isso, devia ser feita uma distribuiç­ão física dos documentos em causa”, apelou.

O director do Gabinete Jurídico da Administra­ção Geral Tributária, Hermenegil­do Coxe, que apresentou a proposta de lei sobre as Finanças Locais, reforçou a ideia de que as autarquias devem ter um orçamento próprio.

O jurista apontou como receitas da administra­ção local o imposto predial urbano, a sisa, a taxa de circulação e licenças.

Segundo Carlos Teixeira, director do Centro de Pesquisa de Políticas Públicas e Governação Local da Universida­de Agostinho Neto, que fez a apresentaç­ão do memorando sobre linhas de força da proposta de legislação, as autarquias estão sujeitas às normas, princípios e às regras de anualidade, universali­dade e equilíbrio e da contabilid­ade pública.

O especialis­ta explicou que a adopção do modelo autárquico não significa independên­cia, mas sim a autonomia do poder local. Quanto à estrutura das câmaras municipais, o académico referiu que não será uniforme, podendo depender, entre vários elementos, do número de eleitores ou da população de uma região.

Participaç­ão da Polícia

Os efectivos da Polícia Nacional em Malanje foram exortados, quinta-feira, a aderirem às discussões públicas sobre o processo de implementa­ção das autarquias, previsto para 2020.

O apelo foi lançado pelo comandante provincial em exercício da Polícia Nacional, subcomissá­rio Ramos Peso, na abertura da jornada comemorati­va do 39º aniversári­o do Ministério do Interior, assinalado no dia 22 do mês em curso. “Gostaria de chamar a atenção a todos os membros do Ministério para darem a sua contribuiç­ão na discussão pública sobre as autarquias a serem implementa­das em 2020”, disse o subcomissá­rio. O também director provincial do Serviço de Investigaç­ão Criminal apelou aos efectivos da Polícia a passarem a mensagem aos seus familiares sobre a importânci­a das eleições autárquica­s.

Ramos Peso chamou a atenção para a necessidad­e de maior empenho dos efectivos, com vista a elevar o grau de responsabi­lidade e profission­alismo para o cumpriment­o das tarefas.

Director do Gabinete Jurídico da Administra­ção Geral Tributária apresentou a proposta de lei sobre as Finanças Locais

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