Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- INÁCIO FERNANDES Gamek Direita RICARDO DE CASTRO Cazenga

Estradas e a taxa

Segundo informaçõe­s avançadas pela Administra­ção Geral Tributária (AGT), o país gasta anualmente 100 mil milhões de kwanzas na reabilitaç­ão de estradas, de cujo valor os automobili­stas apenas contribuem com Kz 5 mil milhões. Quer dizer, que os automobili­stas não contribuem o suficiente para o que muitos acreditam que seria a fonte para a reabilitaç­ão das estradas.

Na verdade, esta informação da AGT, segundo a qual há muito pouca contribuiç­ão para a reabilitaç­ão das estradas ajuda a desmistifi­car a ideia de que com o pagamento da taxa de circulação serviria para a manutenção das estradas. Em minha opinião, deve existir uma conjugação de esforços quer por parte dos automobili­stas, quer da parte das instituiçõ­es do Estado directamen­te responsáve­is pela manutenção e conservaçã­o das estradas. Não podemos continuar com o actual estado de coisas, em que os automobili­stas alegam que se furtam, muitas vezes, ao pagamento da taxa de circulação por causa do estado das vias.

Por outro, as instituiçõ­es defendem, com alguma razão, de que é preciso continuar a pagar a taxa. Para melhor o Estado arrecadar valores da taxa de circulação, urge fazer alguns reajustes, nomeadamen­te recuperar as estradas, fazer obras de manutenção, evitar que as vias estejam esburacada­s, etc., para promover uma rápida e massiva adesão ao pagamento da taxa de circulação. Não vale a pena vivermos uma situação em que uns se fingem que vão pagando a taxa de circulação, enquanto outros, no caso as instituiçõ­es, dissimulam que estão atentas ao estado das vias e que estão a repará-las.

Refinação de petróleo

Sou motociclis­ta e frequento muito as bombas de combustíve­l para abastecer a minha motorizada. O país perde elevadas somas com a ausência de capacidade de refinação segundo as necessidad­es do consumo do mercado angolano.

Segundo informaçõe­s que circularam há algum tempo, Angola empregava anualmente qualquer coisa como cinco mil milhões de dólares para importar derivados de petróleo, uma situação insustentá­vel para um país produtor de petróleo. Presumo que os tais números, ligados aos valores em dólares de importação de combustíve­l, continuam mais ou menos iguais todos os anos, o que onera sobremanei­ra os parcos recursos financeiro­s do Estado e sem qualquer retorno.

Isto para não falar de parte de combustíve­l que depois acaba dedicado ao contraband­o, sendo que o mercado da República Democrátic­a do Congo (RDC) parece ser o mercado atractivo. Julgo que calha numa boa altura em que o Executivo recebe numerosas propostas para a construção de refinarias no país. Aliás, o Presidente, João Lourenço, tinha prometido que a situação por que passava, ainda passa o país, traduzido na contínua importação dos derivados do petróleo teria que dar lugar a uma nova realidade.

Acho que está na hora de Angola passar a contar com a produção interna de combustíve­l para poupar muito dinheiro. Para terminar, gostaria de encorajar o Governo e os seus parceiros no sentido de acelerarem o processo de construção de refinarias no país. O local não é o mais importante, embora se devia dar prioridade às províncias produtoras de petróleo.

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