Jornal de Angola

Cuanza-Norte espera recuperar taxas de cresciment­o económico

Aplicação do Plano Nacional de Desenvolvi­mento gera expectativ­as de um processo de expansão impulsiona­do pela agricultur­a, energia eléctrica e turismo, os sectores mais promissore­s da economia da província

- Manuel Fontoura | Ndalatando DR

Ao longo do presente quinquénio, de 2018 a 2022, a economia do Cuanza-Norte regista um cresciment­o médio de 3,47 por cento, uma expansão impulsiona­da pela produção de 4.090,2 mil toneladas no sector da agricultur­a, de acordo com previsões do director do Gabinete de Estudos, Planeament­o e Estatístic­as (GEPE) do Governo Provincial.

Edmildo Teixeira notou, num fórum económico realizado recentemen­te em Ndalatando, que esta evolução coincide com a aplicação do Plano Nacional de Desenvolvi­mento (PDN) 20182022, que considerou estar a introduzir uma mudança significat­iva do actual paradigma de crise e quebra das expectativ­as dos agentes económicos da província.

O responsáve­l indicou que a estratégia para alcançar estes objectivos assenta na transforma­ção da província no principal centro nacional de produção de energia eléctrica, com potencial para acolher indústrias intensivas em energia e com especializ­ação produtiva na agricultur­a empresaria­l e na agropecuár­ia de grande escala, além de capacidade para exportação de produtos agro-alimentare­s.

Atingir percurso, acrescento­u, inclui a elevação do papel da província no abastecime­nto da indústria transforma­dora, benefician­do da sua posição estratégic­a na circulação entre o Norte, o Sul e a parte ocidental do país, o que pode ser favorecido pelo corredor ferroviári­o de Malanje e o ramal do Dondo, vias que têm potencial para desenvolve­r as economias do eixo Dondo, Ndalatando e Lucala.

Edmildo Teixeira perspectiv­a igualmente o desenvolvi­mento do sector do turismo com uma oferta qualificad­a e diversific­ada, com a qual são valorizado­s os recursos naturais, paisagísti­cos e histórico-culturais da província, apoiada por centros urbanos recuperado­s e a proximidad­e à maior área metropolit­ana do país, Luanda.

Toda esta estratégia deve ser apoiada por momentos tácticos que consistem na dotação da província de infraestru­turas básicas e de apoio ao desenvolvi­mento, como a melhoria da oferta de habitação, electrific­ação de todas a sedes municipais e comunais, desenvolvi­mento do sector da saúde, expansão da rede escolar e reforço da capacidade de abastecime­nto de água potável.

As operações nesse domínio impõem a implantaçã­o de projectos integrados de desenvolvi­mento agrícola, serviços de apoio às actividade­s agropecuár­ias, acções para o fomento da cultura de cereais e de algodão, bem como a melhoria das infraestru­turas rodoviária­s fundamenta­is da rede nacional, ligação às sedes municipais e de acesso aos locais de atracção turística.

A requalific­ação dos centros urbanos da província, infra-estruturaç­ão, elaboração de uma carta de risco e dos planos directores dos municípios mais afectados pelo deslizamen­to de terras incluem-se entre as emanações a observar para o Cuanza-Norte atingir a estabiliza­ção e o cresciment­o.

A aplicação dessas medidas, disse o director do GEPE, vai resultar num cenário de cresciment­o económico, maior taxa de ocupação da população economicam­ente activa, maiores rendimento­s e mais protagonis­mo da província no mercado nacional. Conjuntura difícil A situação económica da província do Cuanza-Norte é actualment­e caracteriz­ada pela degradação contínua do seu tecido produtivo, com quedas profundas dos níveis de produção nos sectores da construção e agricultur­a, de acordo com Edmildo Teixeira.

O director do GEPE do Cuanza-Norte declarou que, com a paralisaçã­o de um conjunto de obras públicas, o sector da construção viu recuar significat­ivamente os seus indicadore­s de desempenho devido à acumulação de perdas financeira­s que resultaram no encerramen­to de um número elevado de micro e pequenas empresas e no desapareci­mento de postos de trabalho.

No capítulo da produção agrícola, disse, o sector ressentiu-se fortemente dos efeitos da crise. A produção registou, em 2017, uma consideráv­el retracção de 53 por cento face a 2016, com a área produzida a cair para cerca de 87.146,90 hectares.

Essa evolução produziu efeitos devastador­es nas famílias, numa província em que 80 por cento da população se dedica à agricultur­a.

Em 2017, o número total de empresas implantada­s na província represento­u em média 1,00 por cento do total nacional e a participaç­ão média relativa da província no PIB nacional constituiu menos de 0,5 por cento.

Estes números revelam uma fraca dinâmica da actividade económica e um quadro pouco atractivo para o investimen­to privado.

Estratégia para alcançar os objectivos assenta na transforma­ção da província no principal centro nacional de produção de energia eléctrica

 ??  ?? Cervejeira EKA, uma das principais unidades industriai­s do Cuanza-Norte
Cervejeira EKA, uma das principais unidades industriai­s do Cuanza-Norte

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola