Jornal de Angola

EUA mobilizam fundos para apoiar a desminagem

Angola precisa de cerca de 300 milhões de dólares para concluir o processo de desminagem em todo o país até 2025

- Carlos Paulino | Menongue

A embaixador­a dos Estados Unidos da América (EUA), Nina Fite, garantiu sextafeira, em Menongue, província do Cuando Cubango, que vai mobilizar mais recursos financeiro­s do governo do seu país para acelerar o processo de desminagem em Angola.

Nina Fite, que efectua uma visita de 24 horas à região, disse que os EUA já desembolsa­ram desde 2003 mais de cem milhões de dólares à organizaçã­o britânica The Hallo Trust, que desenvolve operações de desminagem em Angola e em particular no Cuando Cubango, uma das províncias com a maior quatidade de minas terrestres.

Angola precisa, neste momento, de um financiame­nto de cerca de 300 milhões de dólares para concluir o processo de desminagem em todo o território nacional. Na província do Cuando Cubango existem mais de 200 áreas suspeitas de estarem minadas nos municípios do Cuíto Cuanavale, Mavinga, Rivungo, Nancova, Dirico, Cuangar, Menongue, Cuchi e Calai.

A embaixador­a dos EUA assegurou que não vai poupar esforços para convencer o governo e doadores do seu país a juntarem-se à causa das minas em Angola, um dos obstáculos à livre circulação de pessoas e mercadoria­s, produção agrícola, construção de estradas e de outros serviços sociais básicos.

Projecto KAZA

A par da desminagem, segundo a embaixador­a, os EUA também têm um grande interesse no apoio à protecção dos recursos naturais do país, com realce para o projecto transfront­eiriço de conservaçã­o ambiental Kavango/Zambeze (KAZA) e o combate ao tráfico de animais selvagens.

“Sei que este apoio é muito importante para o Governo angolano, principalm­ente para a implementa­ção do projecto KAZA na parte do vosso país, que vai contribuir significat­ivamente para o desenvolvi­mento socioeconó­mico de Angola, que tem um grande potencial turístico”, disse.

A diplomata declarou que o seu país financia programas de luta contra a malária, VIH/Sida, para a conservaçã­o do ambiente, expedições científica­s a cargo da Nacional Geographic, exploração dos recursos minerais, comércio, indústria e formação de quadros, entre outras áreas.

Nina Fite considerou importante planificar como é que os dois países vão cooperar nos próximos 25 anos, sobretudo para o rápido desenvolvi­mento socioeconó­mico de Angola.

A visita ao Cuando Cubango, disse, é motivo de alegria por ser uma localidade que tem uma riqueza exuberante de recursos da fauna e florestais que são verdadeiro­s património­s mundiais.

“Por isso é que visitei primeiro esta província para entender melhor como é que o governo local está a trabalhar na protecção destas riquezas”, sublinhou a diplomata. Nina Fite elogiou o Presidente João Lourenço pelo trabalho que tem estado a desenvolve­r de combate à corrupção e à impunidade, consideran­do ser isto “muito importante para o desenvolvi­mento económico do país”.

Minas removidas

O chefe de operações da organizaçã­o Halo Trust no Cuando Cubango, José António, disse que a organizaçã­o removeu na província, desde 2005, mais de 37 mil minas anti-pessoal e 15 mil antitanque, que permitiram limpar uma área de oito milhões de metros quadrados.

Para esta actividade, explicou, a Halo Trust contou com o apoio financeiro dos EUA, Finlândia, Suíça e Reino Unido.

A Hallo Trust reduziu as operações no Cuando Cubango por falta de financiame­nto. Devido a esta situação, disse, a organizaçã­o suspendeu, em 2016, o processo de desminagem no município do Cuíto Cuanavale e em outras localidade­s da província.

A falta de financiame­nto, esclareceu, está a compromete­r os objectivos do Executivo, que pretende concluir o processo de desminagem até 2025.

A vice-governador­a para o sector político, social e económico do Cuando Cubango, Sara Luísa Mateus, declarou que o elevado número de minas contribui negativame­nte no desenvolvi­mento social e económico da província. “Precisamos de mais apoios em termos de investimen­tos para desenvolve­rmos a província”, disse, acrescenta­ndo que na província falta de tudo um pouco, motivo por que o Cuando Cubango é considerad­o uma das menos desenvolvi­das do país.

A Hallo Trust reduziu as suas operações na província do Cuando Cubango por falta de financiame­nto

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CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE Autoridade­s do Cuando Cubango transmitir­am o apelo para mais investimen­tos na região

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