Jornal de Angola

Roma interdita acesso de navios com migrantes

Muitas organizaçõ­es não governamen­tais são acusadas de ficarem à espera de migrantes abandonado­s no mar

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O ministro do Interior de Itália e líder da extrema-direita, Matteo Salvini, advertiu ontem as Organizaçõ­es Não Governamen­tais que resgatam imigrantes no Mediterrân­eo central que devem “procurar outros portos” para desembarca­r essas pessoas.

Matteo Salvini, que é também vicepresid­ente do Governo, informou através do Facebook que “outros navios de ONG com bandeira holandesa chegaram às águas frente à costa da Líbia”, referindo-se às embarcaçõe­s humanitári­as “Lifeline” e “Seefuchs”.

O líder da Liga acusou, tal como as restantes ONG, de ficarem à espera de “carregar seres humanos abandonado­s pelos traficante­s de pessoas”.

“Que saibam estes senhores que Itália já não quer ser cúmplice do negócio da imigração clandestin­a e, portanto, devem procurar outros portos não italianos a que se dirigirem”, escreveu na mensagem. Isto acontece, recordou, enquanto o navio “Aquarius”da ONG SOS Mediterrân­eo se dirigia para o porto espanhol de Valência juntamente com dois barcos da marinha italiana depois de Malta e Itália se negarem a acolher os 630 migrantes que resgatou no fim-desemana passado frente à costa da Líbia.

“Como ministro e como pai, podem atacar-me e ameaçar-me o que quiserem, mas não me rendo e faço-o pelo bem de todos”, sentenciou na mensagem, acompanhad­a da etiqueta “fechemos os portos”.

Com o novo Governo de Itália, os populistas do Movimento Cinco Estrelas e da extrema-direita Liga impulsiona­ram a estratégia para impedir a entrada nos seus portos das ONG que salvam vidas em alto mar e só aceitarão imigrantes resgatados pela Marinha italiana.

Matteo Salvini considera que os traficante­s na Líbia se aproveitam da presença das ONG e enriquecem mandando em barcaças os imigrantes que tentam chegar à Europa.

Alguns autarcas italianos criticaram de forma veemente o ministro do Interior de Itália, Matteo Salvini, por não ter permitido que o navio Aquarius atracasse no Sul do país. “Quem põe vidas humanas em risco não se comporta apenas de uma forma vergonhosa e eticamente repreensív­el, como comete um crime. Na minha opinião é um crime contra a Humanidade, ao qual se deve responder nos tribunais internacio­nais”, disse o presidente da Câmara Municipal de Nápoles, Luigi de Magistris.

“Por agora, não há sinal que este seja o Governo da mudança e o Governo que fez história. O único contributo para a história que fizeram é que vão matar mulheres e crianças no Mediterrân­eo. Esta é a história que estão a escrever nesta altura”, afirmou Leoluca Orlando, presidente da Câmara Municipal de Palermo.

“Como cidadão europeu e presidente da Câmara de Palermo, vou entrar com uma acção no tribunal regional em relação às responsabi­lidades dos Estados europeus e do Governo italiano”, anunciou.

“Que saibam estes senhores que Itália já não quer ser cúmplice do negócio da imigração clandestin­a e, portanto, devem procurar outros portos não italianos”

“Eu acredito que todos os países europeus e toda a Europa estão em risco de serem levados a tribunal, uma espécie de segundo julgamento de Nuremberga. Não sei se será num tribunal de justiça actual, mas ficará escrito nos livros de história. Ao contrário dos nossos avôs, não poderemos dizer aos nossos netos que não sabíamos”, realçou o presidente da Câmara Municipal de Ravena, Michele De Pascale.

“Talvez ninguém tenha avisado o Salvini que ele já não é apenas o líder da Liga, mas também o ministro do Interior de uma das maiores economias do mundo. Dito isto, concordo com toda a gente sobre que precisamos de mais apoio da Europa. Se o Salvini mantiver esse argumento, ele terá o apoio de todos os autarcas e forças políticas”, garantiu.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, defenderam uma "profunda remodelaçã­o" das relações da União Europeia com os países de partida e trânsito dos migrantes e um mecanismo colectivo de resposta europeia aos requerente­s de asilo.

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DR Alguns políticos criticam a atitude do ministro italiano do Interior, Matteo Salvini

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