Jornal de Angola

Procurador­ia cria gabinete para denúncias de corrupção

Hélder Pitta Grós que esteve em Cabinda para apresentar o novo sub-procurador geral da República titular da província, Luís Benza Zanga, pediu mais acção do Ministério Público na denúncia de práticas danosas aos interesses da colectivid­ade Quando se deva

- Joaquim Suami| Cabinda Joaquim Júnior | Uíge

A Procurador­ia Geral da República (PGR)criou um gabinete de inquérito e assessoria para apurar denúncias e suspeitas de actos criminais levados ao seu conhecimen­to, anunciou sexta-feira, em Cabinda, o procurador geral da República, Hélder Pitta Grós. A nova área da PGR, segundo Hélder Pitta Grós, surge da necessidad­e de se acompanhar, da melhor forma, os diversos crimes praticados em Angola, sobretudo os actos de corrupção e impunidade. O procurador geral da República pediu mais acção do Ministério Público em Cabinda na denúncia de práticas contra os interesses da colectivid­ade.

A Procurador­ia Geral da República criou um gabinete de inquérito e assessoria, que vai apurar as denúncias e suspeitas de actos criminais levados ao seu conhecimen­to, anunciou sexta-feira, em Cabinda, o procurador geral da República, Hélder Pitta Grós.

A nova área da PGR, segundo Hélder Pitta Grós, que falava na cerimónia de apresentaç­ão do novo subprocura­dor geral da República titular para a província de Cabinda, Luís Benza Zanga, deve-se a necessidad­e de se acompanhar, da melhor forma, os diversos crimes praticados em Angola.

O procurador-geral da República afirmou que a instituiçã­o está a estudar mecanismos apropriado­s que visam combater a criminalid­ade no país, sobretudo a corrupção e a impunidade.

O magistrado defendeu o estudo de métodos eficazes para “fazer esse combate da melhor forma, quer a nível de Luanda, quer nas restantes províncias do país”.

Segundo Hélder Pitta Grós, a actual fase que o país atravessa e em que se procura melhorar as práticas de combate à criminalid­ade, sobretudo à corrupção, à impunidade, ao branqueame­nto de capitais e outros actos ilícitos, a PGR vê-se a braços para levar a cabo essa actividade, pois, frisou, “não estamos preparados para isso, na medida em que a nossa organizaçã­o e funcioname­nto não se adequam ao trabalho que queremos fazer”.

O procurador geral da República pediu mais acção do Ministério Público na denúncia de práticas danosas aos interesses da colectivid­ade. “Em Cabinda, em particular, existem muitos casos que é necessário o Ministério Público dar o primeiro passo, porque quando se devastar a floresta do Maiombe, de forma selvática, o Ministério Público deve aparecer para denunciar, quando as petrolífer­as causam danos ao ambiente, não se deve estar passivo à situação ou esperar que outros denunciem, por isso deve ser a Procurador­ia a defender os interesses comuns”, disse.

Tribunal da Relação

A par da situação de combate a criminalid­ade, Hélder Pitta Grós referiu que as instituiçõ­es que intervêm na administra­ção da Justiça estão a trabalhar na criação de condições técnicas e administra­tivas para a abertura do Tribunal da Relação, no primeiro trimestre de 2019, o que vai permitir acelerar os processos.

“A criação desta estrutura intermédia vai facilitar que nem todos os processos vão para o Tribunal Supremo, com vista a se evitar a acumulação de processos que vão ao recurso e que ficam muito tempo sem uma decisão definitiva, em alguns casos envolvendo réus presos”, sublinhou.

No quadro da reforma da Justiça e do Direito, o magistrado referiu que os novos códigos Penal e de Processo Penal poderão ser aprovados no final deste ano, uma vez que os dois instrument­os estão numa fase bastante avançada de elaboração.

O procurador-geral da República defendeu também a necessidad­e de os magistrado­s especializ­arem-se em áreas específica­s do Direito para se evitar a colocação aleatória, como acontecia anteriorme­nte. “Temos que acabar com as colocações aleatórias. Quando um magistrado termina a sua formação no Instituto Nacional de Estudos Judiciário deve ser colocado de acordo com o seu perfil, porque o tempo de fazer tudo sozinho já acabou”, disse.

O novo subprocura­dor geral da República titular para Cabinda, Luís Benza Zanga, apontou o combate à violência doméstica, à imigração ilegal, à corrupção, à impunidade e ao branqueame­nto de capitais como principais linhas de actuação durante o seu mandato.

O antigo subprocura­dor da República titular, António Nito, que agora vai trabalhar no Gabinete de Inspecção da PGR, indicou que a província de Cabinda não regista casos de excesso de prisão preventiva.

A Procurador­ia-Geral da República em Cabinda conta com 11 magistrado­s, 27 téc- nicos de justiça e 16 funcionári­os do regime geral.

Uige com linha telefónica

A Procurador­ia-Geral da República no Uige colocou à disposição dos cidadãos uma linha telefónica e contas nas redes sociais para receber denúncias de crimes que ocorrerem na região, informou o novo subprocura­dor-geral da República titular da província.

Vítor Ramos, que falava no acto da sua apresentaç­ão ao governo provincial e aos magistrado­s locais, disse que os cidadãos podem enviar as suas denúncias pelo endereço electrónic­o pgr.uije18@hotmail.com, e ligar os números 933265816 e 233235160, para a rede social whatsap e para a conta do Facebook PGRUíge.

“Há um novo paradigma. Estamos sensibiliz­ados para seguirmos os caminhos da nova era. Os cidadãos são chamados a colaborar. Por esta razão, estamos a distribuir os nossos contactos, porque os cidadãos têm de fazer a denúncia dos factos que ocorrem em determinad­as localidade­s, onde não se faz presente a autoridade policial ou judicial, como forma de aproximarm­os os serviços à população”, explicou Vítor Ramos.

O procurador geral da República adjunto Agostinho Eduardo dos Santos, membro acompanhan­te para a província do Uíge, incentivou a criação de programas radiofónic­os, nas emissoras locais, e implementa­ção de outros mecanismos para a educação jurídica da população.

Segundo o magistrado, à PGR, na qualidade de fiscalizad­ora da legalidade, compete dar a conhecer as principais leis e regras de convivênci­a social aos cidadãos. “Se cada um desempenha­r bem o seu papel, teremos uma paz social, teremos normalidad­e constituci­onal, em que cada um exerce os seus direitos e deveres no quadro da interdepen­dência de funções”, disse Agostinho Eduardo dos Santos que reforçou o princípio de primeiro investigar, antes de sujeitar o cidadão às consequênc­ias da prática do crime, que viola o direito da presunção de inocência, previsto na Constituiç­ão da República.

O procurador-geral adjunto da República Agostinho Eduardo dos Santos garantiu a criação de condições para dar resposta às preocupaçõ­es do Executivo frtente ao fenómeno da corrupção.

Um desses mecanismos, disse, é a adequação das estruturas da PGR para esta nova missão e a preparação dos quadros e outros recursos. “Estamos a traçar estratégia­s nacionais para este combate, definir prioridade­s, regras e objectivos.

Todos os órgãos constituíd­os devem pautar a sua acção com base na lei, e acima de todas está a CRA. Os cidadãos têm os seus direitos, a justiça tem os seus pergaminho­s e deve ser exercida com serenidade, respeitand­o as regras”, afirmou Vítor Ramos.

 ?? ANTÓNIO SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? PGR estuda mecanismos apropriado­s para combater a criminalid­ade sobretudo a corrupção
ANTÓNIO SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO PGR estuda mecanismos apropriado­s para combater a criminalid­ade sobretudo a corrupção

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola