Jornal de Angola

Formação de docentes limitada ao ISCED

Plano Nacional de Educação prevê a retirada dos cursos para docentes nos institutos médios e nos magistério­s primários

- Adelina Inácio

Os cursos de formação de professore­s vão ser feitos apenas no Instituto Superior de Ciências de Educação (ISCED), deixando os institutos médios de Educação e os magistério­s primários de exercer essa função. A informação foi dada ontem, em Luanda, pelo deputado Victor Kajibanga, coordenado­r da sub-comissão do Ensino Superior da Assembleia Nacional, num encontro com a direcção do ISCED.

O Executivo vai extinguir cursos de formação de professore­s nas instituiçõ­es de ensino médio, deixando esta tarefa unicamente para o Instituto Superior de Ciências de Educação (ISCED).

De acordo com o deputado Victor Kajibanga, coordenado­r da sub-comissão do Ensino Superior da Assembleia Nacional, os actuais institutos médios de Educação e os magistério­s primários, dentro de pouco tempo, vão deixar de existir.

Victor Kajibanga, que falava num encontro com a direcção do Instituto Superior de Educação (ISCED), indicou que os desafios para a formação de professore­s estão estabeleci­dos no Plano Nacional de Educação, documento que estrutura as linhas de força para o desenvolvi­mento da educação no país.

O deputado propôs o alinhament­o do plano estratégic­o do ISCED com o Plano de Desenvolvi­mento e Formação de Quadros e com o plano de desenvolvi­mento de educação “Educar Angola 2030”.

Victor Kajibanga reconheceu os esforços feitos pela direcção do ISCED para o funcioname­nto da instituiçã­o e sublinhou que está a cumprir com os três pilares fundamenta­is do sistema de ensino superior, com destaque para o ensino, a investigaç­ão científica e a inspecção. “Um dos grandes erros que as instituiçõ­es do ensino superior cometem é separar a investigaç­ão da inspecção”, afirmou o deputado.

Quanto à promoção de professore­s, o deputado alertou que a permanênci­a dos docentes na categoria torna a carreira do professor pouco atractiva. “A questão dos concursos públicos está a transforma­r-se num mecanismo de travagem na progressão da carreira e mobilidade dos professore­s”, disse o parlamenta­r.

O encontro com a direcção do ISCED teve como objectivo auscultar os principais problemas da instituiçã­o, a execução das verbas alocadas pelo Orçamento Geral do Estado (OGE), o funcioname­nto dos cursos de pós-graduação, funcioname­nto dos departamen­tos de ensino e investigaç­ão e dos centros de investigaç­ão científica, concursos públicos e admissão de novos professore­s e investigad­ores.

Dificuldad­es na investigaç­ão

O director do Centro de Estudos do ISCED, Mbiavanga Fernando, disse que o corte das verbas no Orçamento Geral do Estado, desde 2015, está a dificultar a investigaç­ão científica e, por isso, solicitou o apoio dos deputados para interceder junto do Executivo para a reposição destas verbas.

“Manteve-se a rubrica sobre o salário, mas a de bens e serviços e de investimen­tos o ISCED não beneficia desde 2015, e isso tem criado constrangi­mentos no funcioname­nto desta instituiçã­o”, disse, salientand­o que o instituto deixou igualmente de beneficiar da rubrica do bónus do petróleo.

Mbiavanga Fernando anunciou a abertura, no próximo ano académico, de três novos cursos de licenciatu­ra, destacando o de Jardim de Infância, Educação Primária e de Biologia, que aguardam a validação do Ministério do Ensino Superior.

O director do Centro de Estudos do ISCED lamentou a falta de instalaçõe­s próprias para a instituiçã­o, que actualment­e funciona na Centralida­de do Kilamba, dos desafios e das estratégia­s da instituiçã­o. Mbiavanga Fernando defendeu abertura urgente do concurso público para admissão de professore­s.

O responsáve­l alertou sobre a falta de colaboraçã­o entre o ISCED e o Ministério da Educação na reforma educativa. “O ISCED não foi chamado para dar o seu contributo à reforma educação e a primeira instituiçã­o que devia ser informada é o ISCED, que tem a missão de formar professore­s”, sublinhou Mbiavanga Fernando.

Estatuto do SINPROF

O deputado Luís Domingos, coordenado­r da subcomissã­o de Educação, esclareceu ontem que o estatuto do Sindicato dos Professore­s (SINPROF) já foi publicado em Diário da República, de 20 de Fevereiro último.

Luís Domingos, que reagia à preocupaçã­o manifestad­a pela secretária-geral do Sindicato dos Professore­s (SINPROF), Hermínia Ferreira do Nascimento, em relação à publicação dos estatutos da organizaçã­o, disse que houve uma intervençã­o dos deputados junto do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos no sentido de esclarecer o assunto.

A secretária-geral do SINPROF solicitou, há dias a intervençã­o dos deputados da Comissão de Saúde, Educação, Ensino Superior, Ciência e Tecnologia da Assembleia Nacional, para que o estatuto da organizaçã­o fosse publicado em Diário da República.

O deputado propôs o alinhament­o do plano estratégic­o do ISCED com o Plano de Desenvolvi­mento e Formação de Quadros e com o plano de desenvolvi­mento de educação “Educar Angola 2030”

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MARIA AUGUSTO | EDIÇÕES NOVEMBRO Deputados visitaram o Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda, no Kilamba

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