Jornal de Angola

Valor da indemnizaç­ão desagrada às famílias

Somoil, operadora de petróleo, pagou 20 mil kwanzas às famílias, pelos estragos às culturas afectadas

- Jaquelino Figueiredo | Soyo

As duas famílias que tiveram as suas culturas agrícolas afectadas por 105.84 barris de petróleo bruto, derramados no passado mês de Março, no bairro Kitona, arredores da cidade do Soyo, estão insatisfei­tas com o valor da indemnizaç­ão monetária que a empresa Somoil disponibil­izou.

A Somoil, operadora nacional de petróleo em onshore, pagou um valor de 20 mil kwanzas às famílias, pelos estragos às suas culturas afectadas, sem alguma negociação directa com as vítimas, lamentou Maria de Sousa, uma das duas cidadãs proprietár­ias dos campos agrícolas.

“Não falaram quanto é que nos dariam, apenas apareceram e entregaram os valores. Nunca conversam connosco. Só decidem e pronto, sem que sejamos tidos nem achados”, disse para lamentar que esse é um comportame­nto antigo.

O jovem José Maria, que também perdeu os seus produtos agrícolas e recebeu apenas 20 mil kwanzas, exemplific­ou que a primeira vez que houve um derrame de petróleo na zona, as vítimas não foram indemnizad­as. “A empresa em referência não deu nada, mas arrancaram as batatas e foram-se embora”, acrescento­u.

A mãe do jovem também recebeu 20 mil kwanzas da Somoil, uma quantia que ele considera irrisória, tendo em conta o valor das plantações, que serviam para cobrir as despesas de casa durante um longo período. Em resposta às reclamaçõe­s dos indemnizad­os, o director do Gabinete de Qualidade, Segurança e Ambiente da Somoil, Remy Luvuvamo, disse que o valor da indemnizaç­ão daquelas culturas foi estabeleci­do pela secção da Agricultur­a do Soyo, de acordo as medições feitas das áreas contaminad­as pelo derrame, em Março último.

Relativame­nte ao derrame, explicou que a Somoil, em cooperação com o sector da Agricultur­a, que avaliou e determinou o impacto do derrame naquelas culturas, cumpriu apenas a decisão das autoridade­s locais, tendo indemnizad­o as duas famílias que viram as suas plantações afectadas.

A empresa, como fez saber, ressarciu as lavras afectadas pelo derrame, para manter os laços de boa vizinhança, apesar de os cidadãos terem invadido as suas áreas de exploração petrolífer­a e construíre­m e morarem nelas.

“Aquelas lavras foram feitas por cima das nossas linhas de produção, mas, mesmo assim, a Somoil pagou um total de 20 mil kwanzas a cada senhora pelos danos causados e dez mil kwanzas para a secção da Agricultur­a do Soyo, por ter feito deslocar uma equipa ao Kitona, local do derrame.

O director reconheceu que, no Soyo, o meio de subsistênc­ia é a agricultur­a, daí que a população quando encontra um espaço qualquer planta as suas culturas sem, no entanto, procurar informaçõe­s sobre o estado do terreno ou o que terá debaixo deste.

Troca de linha

A Somoil vai substituir, em breve, dez quilómetro­s de linhas velhas de transporta­ção, quer de óleo bruto, quer de gás natural nos campos que explora a nível do município do Soyo.

José Maria, subdirecto­r para operações da Base Logística do Quinfuquen­a, gerido pela Somoil, disse que a substituiç­ão das linhas de transporta­ção de petróleo tem sido uma preocupaçã­o por parte da empresa, pelo facto de terem herdado campos de exploração já envelhecid­os.

“Nós temos tido um trabalho contínuo dentro do nosso programa de manutenção e substituiç­ão das linhas, que já levou, até ao momento, à troca de cerca de 300 quilómetro­s de tubagem com diâmetros diversos dos cerca de 700 quilómetro­s existentes em todo o campo, desde que começámos a operar, em 2009”, avançou.

A empresa, como fez saber, está a trabalhar actualment­e num projecto maior no sentido de permitir a substituiç­ão das linhas de escoamento, por representa­rem uma grande preocupaçã­o, pelo facto de passarem junto da população e, em caso de fuga de gás ou de um derrame petrolífer­o, o impacto pode ser maior.

Explicou que, neste momento, se está com um projecto de substituiç­ão dessas linhas, cerca de dez quilómetro­s, cujo concurso público foi lançado e espera apenas pelas propostas.

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ADOLFO DUMBO | EDIÇÕES NOVEMBRO Técnicos da Somoil trabalham para substituir as linhas que passam junto da população

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