Primeiro-ministro da Etiópia visado num ataque à bomba
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, foi ontem de manhã alvo de um atentado à bomba que feriu dezenas de pessoas numa das principais praças de Addis Abeba, capital da Etiópia. O engenho explodiu quando o político participava num comício destinado a sau
O rebentamento de uma bomba na Praça Meskel, uma das principais de Addis Abeba, que visava o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, acabou por ferir ontem de manhã 83 pessoas, seis das quais em estado crítico, que participavam num comício.
A explosão, de forte impacto, cuja autoria ainda não foi reivindicada, deu-se quando Abiy Ahmed se preparava para falar a uma imensa multidão que se reuniu para saudar a decisão anunciada por um grupo rebelde de depor as armas na sequência de conversações mantidas com o Governo.
As autoridades policiais confirmaram o ocorrido e catalogaram-no como uma “tentativa frustrada para assassinar o primeiro-ministro”, que foi imediatamente retirado do local pela sua segurança pessoal sem ter sofrido um “único arranhão”.
Esta semana, as autoridades etíopes tinham anunciado a detenção de 257 suspeitos de estarem envolvidos em distintos distúrbios mortais que sacudiram no início deste mês várias zonas do país.
Efeson Lakaito, subcomandante do departamento da Polícia da zona de Wolaita, precisou que essas pessoas foram acusadas de participar em confrontos que causaram a morte de três pessoas, mais de 40 feridos, a destruição de pelo menos 70 viaturas e vários bens públicos e privados.
O primeiro-ministro etíope conseguiu uma importante vitória ao ver o grupo rebelde “Ginbot 7” anunciar a decisão de renunciar à luta armada.
Esta decisão, segundo um porta-voz do grupo, fica a dever-se ao reconhecimento dos esforços de Abiy Ahmed na aplicação de reformas políticas que “abrem as portas para a instauração de uma democracia genuína”.
De acordo com as autoridades, pode existir alguma relação entre a decisão do “Ginbot 7”, o atentado de ontem contra o primeiroministro e as manifestações violentas que têm ocorrido nos últimos dias no país, uma vez que outros grupos rebeldes podem querer demarcar-se desta posição e sublinhar a intenção de continuar a desafiar a autoridade do Governo.
As autoridades governamentais etíopes haviam decidido a 29 de Maio anular a sentença de pena de morte aplicada, à revelia, ao secretário-geral do grupo, Andargachew Tsege, autorizando o seu regresso ao país, com a condição por este aceite de resignar àquele cargo.
Fundado em 2005, o grupo rebelde “Ginbot 7” colocou como objectivo a instauração de um sistema político nacional onde o poder e a autoridade do Governo se baseasse nas escolhas livres e pacíficas feitas por todos os cidadãos.
Por outras palavras, o grupo pretendia acolher uma franja alargada da sociedade etíope, incluindo elementos da Frente de Libertação de Oromo e da Frente Nacional de Libertação de Ogaden, dois movimentos que lutam de armas na mão pela Independência daqueles duas regiões.
Em discursos recentemente efectuados, o primeiro-ministro pediu insistentemente para que todos os grupos armados depusessem as armas garantindo, em troca, que autorizaria o regresso ao país dos seus principais líderes, anulando eventuais processos judiciais em curso ou já transitados em julgado.
Foi com base nesta proposta, que Andargachew Tsege decidiu deixar o Reino Unido para regressar brevemente à Etiópia, abdicando em troca da liderança do “Ginbot 7”.
Segundo membros do Governo etíope, decorre o processo de negociações com responsáveis dos dois outros grupos armados, de modo a avaliar a possibilidade de também eles deporem as armas.
Trata-se de um processo complicado e que tem naturais inimigos tanto no Governo como nos movimentos rebeldes que não concordam e desconfiam das promessas e das reformas políticas que estão a ser aplicadas pelo primeiro-ministro, Abiy Ahmed.
Para vincar esta posição, estes elementos mais radicais parecem dispostos a fazer tudo para adiar a paz e a tranquilidade na Etiópia, mesmo que para isso tenham de recorrer ao condenável argumento da bomba.