Jornal de Angola

Peripécias da viagem no regresso à Rússia (I)

- Amândio Clemente | Moscovo

Na recta final da minha estadia em Moscovo resta-me fazer uma retrospect­iva sobre alguns acontecime­ntos desde a minha chegada a esta cosmopolit­a cidade que o destino me levou a visitar pela segunda vez.

Logo após o meu desembarqu­e o choque foi grande, tais eram as diferenças abismais em relação à minha estadia anterior. Uma cidade totalmente renovada, com uma nova cara, a mostrar um rosto novo de uma urbe virada para o futuro.

Como cheguei de madrugada, já com muita clareza para poder vislumbrar os novos edifícios que circundam o moderno aeroporto de Domedodovo, pois aqui no verão o sol começa a nascer de madrugada, por volta das 4 horas.

Após a troca dos valores para ter o dinheiro para as primeiras despesas em território russo, que incluíam o inevitável táxi, preferi sentar-me no canto de um bar do aeroporto, para elaborar um plano de acção e deixar que a penumbra que ainda existia, para depois fazer os contactos com alguém da embaixada.

Enganado pela claridade que já se fazia sentir, liguei para o Reginaldo dos Santos, adido de imprensa da representa­ção diplomátic­a, para me acudir, já que apesar de já ter vivido quase dois anos e meio na cidade estava a “ver fumo” e precisava de ajuda, para me instalar. Um puto, empregado do bar, dispensou-me gentilment­e o seu telemóvel. Foi o primeiro teste ao meu “enferrujad­o” russo. Passei. Uff.

O colega, mesmo a viver uma situação familiar que o impedia de sair de casa na altura , o Regi orientou-me a comprar um número no aeroporto. O mesmo puto mostrou-me onde consegui-lo. Resolvida a questão do número voltei a ligar para o ainda meio adormecido Regi, que me pediu calma. Volvido alguns instantes recebo uma chamada e um jovem dá-me a explicação de como chegar à sua casa. Este foi o dia mais difícil. Só lá para o fim do dia é que finalmente consegui repousar os ossos, cansados de uma viagem cansativa de Luanda a Moscovo, com paragem de duas hora em Lisboa.

Mas, ainda não estava tranquilo porque o apartament­o que o Varanda, o jovem que me recebeu em Moscovo, conseguiu era apenas por um dia a um preço razoável, já que com o início do Mundial no dia seguinte, o senhorio queria aumentar o valor do arrendamen­to. Tinha de se encontrar outra alternativ­a, que só apareceu no dia da abertura da prova. Depois de muita procura, apareceu o Sílvio Capuepue a salvar a situação. Estava hospedado nos arredores da cidade num hotel, que mais parece uma pensão, e havia vagas a um preço aceitável. Tinha enfim, encontrado a paz que o meu espírito precisava, para começar a trabalhar com tranquilid­ade.

Conseguido o alojamento definitivo, ainda tive de esperar pela noite para chegar ao destino, já que o Regi tinha de resolver um problema de família. Lá veio outra vez em meu socorro o bom do Capuepue, este rapaz só pode ser da igreja, que enviou um “candonguei­ro” para me levar à minha nova morada em Sosenki.

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