Fotógrafo anti-apartheid sepultado em Joanesburgo
O fotógrafo sul-africano David Goldblatt, que denunciou o regime de apartheid na África do Sul, foi ontem a sepultar em Joanesburgo.
David Goldblatt morreu segunda-feira em casa, em Joanesburgo, aos 87 anos.
Goldblatt ficou conhecido pelo trabalho fotográfico, que documentou as atrocidades da política de segregação racial seguida pelo governo de minoria branca da África do Sul, desde 1948, até ao início da década de 1990.
Goldblatt foi o primeiro fotógrafo sul-africano a expor individualmente no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).
Nascido em 1930, na África do Sul, Goldblatt começou a trabalhar como fotógrafo em 1961, tendo o seu trabalho sido desde o início influenciado pelo apartheid.
Em extensas séries de fotografias (inicialmente publicadas em livros e revistas), Goldblatt deu rosto às estruturas sociais estabelecidas por aquele regime opressivo.
Através da fotografia a preto e branco, Goldblatt capturou imagens das minas de ouro em decadência e dos seus operários, dos negros pobres do Soweto, da classe média branca em Boksburg, perto da Cidade do Cabo, e da vida dos Afrikaners, parte da população branca, que Goldblatt invejava pelas suas fortes raízes sul-africanas, mas que, ao mesmo tempo, culpava pelo apartheid.
As pessoas e objectos que Goldblatt fotografava nas suas séries a preto e branco são colocados no centro das imagens e moldados pela luz e pela sombra, por vezes de forma dramática.
Goldblatt publicou um primeiro livro em 1973, com a escritora Nadine Gordimer, Nobel da Literatura - “On the Mines” -, em que abordava as condições de trabalho nas minas de ouro.
Seguiu-se então o ensaio sobre a população branca, “Some Afrikaners Photographed”, que lhe abriu as portas das galerias europeias e do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.
Nos últimos anos, o olhar de Goldblatt estendeu-se pelas dificuldades sociais que marcam a actualidade sul-africana.