Jornal de Angola

Monumento reúne famílias pacificada­s

- Matias da Costa

O cemitério dos Mártires do Cuito, capital da província do Bié, é hoje um marco histórico do país que lembra angolanos mortos em defesa da liberdade e da paz no período da guerra pós-eleitoral de 1992.

Único do género no país, com mais de sete mil sepultados, o cemitério recebe periodicam­ente visitas de angolanos e estrangeir­os com o intuito de se familiariz­arem com a história da resistênci­a do Cuito e perceberem a razão do monumento.

A construção do cemitério monumento, que ocupa uma área de 75 mil metros quadrados, e a exumação dos corpos anteriorme­nte enterrados em jardins, quintais e outros locais impróprios, decorreu de 13 de Outubro de 2003 a Novembro de 2004, e custou 510 milhões de kwanzas ao Estado.

Famílias com diferentes crenças religiosas e opções políticas, ontem desavindas, encontram momentos de pacificaçã­o e de reconcilia­ção quando visitam aquele local. Em entrevista ao Jornal

de Angola, o director provincial do Gabinete dos Registos e Organizaçã­o Administra­tiva do Bié, Anastácio Sambowe, considerou motivo de orgulho a homenagem aos mártires da guerra.

O responsáve­l, que é também um sobreviven­te da resistênci­a do Cuito, reconheceu que o preço da liberdade, que acabou com a vida de muitos angolanos, foi determinan­te para a manutenção da Independên­cia Nacional e o alcance da paz.

Anastácio Sambowe reconhece que as famílias partilham hoje o mesmo sentimento de perda, mas transborda­m de satisfação, apesar de tudo, por viverem num país livre e soberano.

O prelado católico Artur Savita destaca que aquele cemitério carrega um símbolo histórico da resistênci­a do povo angolano, em particular do Bié, consideran­do “a travessia ténue no deserto até à conquista efectiva da paz e bem-estar”.

Artur Savita felicitou a vontade expressada pela população do Cuito em esquecer o passado negativo e lembrou que o cemitério respeita e honra aqueles que deram as suas vidas durante a guerra.

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MATIAS DA COSTA | EDIÇÕES NOVEMBRO | CUITO Anastácio Sambowe é um dos sobreviven­tes

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