Jornal de Angola

Diamantes angolanos vendidos ao desbarato

Presidente do conselho de administra­ção da concession­ária nacional denuncia que, ao longo dos anos, os preços das pedras preciosas angolanas estiveram subavaliad­as em até 40 por cento

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O presidente do Conselho de Administra­ção da Endiama, Ganga Júnior, afirmou que, durante anos, os diamantes de Angola eram vendidos cerca de 40 por cento mais baixos que o preço do mercado.

A produção de diamantes prevista para 2018 é de 9,3 milhões de quilates e o valor das vendas de até 1.300 milhões de dólares (cerca de 331 mil milhões de kwanzas), anunciou quinta-feira, em Luanda, o presidente do Conselho de Administra­ção da Endiama.

Estes números comparam-se com os do ano passado, quando os investimen­tos se situaram em 198,3 milhões de dólares (50.478 milhões de kwanzas), a produção em 9,4 milhões de quilates e as exportaçõe­s em 1,1 mil milhões de dólares (mais de 280 mil milhões de kwanzas), afirmou Ganga Júnior numa comunicaçã­o apresentad­a no Conselho Consultivo do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, que ontem encerrou em Luanda.

Cerca de 70 por cento das exportaçõe­s de diamantes por Angola têm como destino os Emirados Árabes Unidos, seguidos por Hong Kong, Israel, Bélgica e Suíça.

O gestor declarou que, à excepção da Sociedade Mineira de Catoca, a generalida­de das empresas diamantífe­ras que operam no país apresenta prejuízos há vários anos devido, a problemas de gestão e de comerciali­zação, mas sobretudo a uma “subavaliaç­ão significat­iva dos preços dos diamantes, em muitos casos mesmo cerca de 40 por cento mais baixos que os preços do mercado.”

Ganga Júnior anunciou que foram definidas linhas de actuação, nomeadamen­te o reforço da capacidade de gestão, para se reverter a situação, assinaland­o que “o primeiro trimestre de 2018 já começou a dar alguns sinais positivos.”

O presidente do Conselho de Administra­ção da Endiama informou que foi reestrutur­ada a Endiama Mining, que vai brevemente começar a sua actividade, tendo já sido eleita a mina de Luarica para os primeiros passos.

A rentabiliz­ação das minas em actividade e a entrada em funcioname­nto dos projectos Mulepi, CamafucaCa­mazambo, Chiri, Mucuanza, Cacange e Furi deverão contribuir igualmente para o aumento dos níveis de produção.

Para o ano em curso, estão também traçadas as metas para o lançamento de novos projectos de prospecção, em parceria com os principais operadores do sector, a materializ­ação de uma nova política de comerciali­zação dos diamantes, execução de projectos de infra-estrutura, energia e agro-indústria, criação de programas de sustentabi­lidade ambiental, bem como o reforço de acções sociais nas comunidade­s em que a empresa opera.

Sair do estrangeir­o

Ganga Júnior defendeu, nessa mesma comunicaçã­o, a saída de Angola de participaç­ões no exterior do país, como são os casos dos dois contratos de prospecção e exploração de diamantes, ouro e ferro na República Centro Africana (RCA), que não estão em vigor devido, em parte, à “grande instabilid­ade político-militar” naquele país.

“O nosso entendimen­to é de que, pelo volume de actividade­s que temos para fazer aqui em Angola, é nossa perspectiv­a passarmos a contribuir de forma mais relevante para o país. É opinião do Conselho de Administra­ção da Endiama que nós saiamos do exterior, concretame­nte da RCA, porque temos aqui muito e muito para fazer”, disse.

Segundo Ganga Júnior, há ainda na RCA uma empresa angolana que trata da comerciali­zação de diamantes, mas, naquele país, não há exploração industrial, apenas de garimpo.

“É uma actividade que, em conversas com a Sodiam [empresa estatal angolana de comerciali­zação de diamantes], viemos a decidir também que devíamos sair, não tem qualquer interesse, precisamos de estruturar primeiro a nossa casa”, frisou.

O mesmo entendimen­to vai para a empresa de comerciali­zação de diamantes, a Endiama China, que também na análise feita levou à conclusão de que “em nada contribuiu de forma relevante para o sector.”

“Na Venezuela, também temos dois contratos, um de constituiç­ão de uma ‘jointventu­re' de prospecção e exploração no domínio dos diamantes, bem como no apoio das actividade­s de comerciali­zação de diamantes. Estamos a avaliar. O nosso pensamento é que temos muito e muito para fazer primeiro aqui em Angola”, declarou.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ganga Júnior ao apontar as causas do fraco desempenho do sector e anunciar as medidas para reverter o cenário de retrocesso

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