Embaixador congolês desmente mal-estar nas relações bilaterais
Embaixador Didier Kazadi considera falsos os rumores sobre mau momento nas relações entre as autoridades dos dois países vizinhos e pede atenção para não deixarem que “forças externas” minem os laços históricos
O embaixador da República Democrática do Congo (RDC), Didier Kazadi, considerou ontem “mal-entendidos” os rumores segundo os quais as relações com Angola estejam a viver um mau momento, nos últimos tempos, desde o início das negociações políticas para a realização das eleições naquele país vizinho.
Recentemente, o portavoz do Governo congolês, Lamber Mende Omalanga, levantou publicamente suspeições sobre uma alegada conspiração de Angola e do Ruanda contra aquele país.
O diplomata congolês, em entrevista ao Jornal de Angola, afirmou que a RDC e Angola são "países gémeos" que partilham relações históricas anteriores à independência.
Didier Kazadi considerou “falsas” estas informações e apelou às autoridades angolanas e congolesas para “não permitirem que forças externas minem os laços históricos entre os dois governos e povos”.
O diplomata, acreditado quinta-feira como novo embaixador plenipotenciário daquele país em Angola, disse que as relações são boas e isso mesmo foi transmitido ao Chefe de Estado, na breve audiência posterior à cerimónia de acreditação, no Palácio Presidencial da Cidade Alta, em Luanda. “Angola nos ajuda sempre. Não entendo porque hoje teríamos relações de cooperação afectadas por mal-entendidos”, disse.
O diplomata disse que, enquanto embaixador, vai trabalhar para reforçar os entendimentos alcançados em matéria de cooperação a nível da comissão bilateral entre os dois países.
Questionado sobre que tipo de ajuda de Angola a RDC precisaria para preparar e realizar as eleições, Didier Kazadi disse que há uma preparação que está a ser feita por uma comissão especializada independente. O diplomata esclareceu que a participação de Angola como observador pode ser feita através da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da União Africana (UA).
Fortalecer a cooperação
À imprensa, depois de entregar as cartas credenciais ao Chefe de Estado angolano, o embaixador falou das relações existentes entre os dois países prometeu contribuir para o seu estreitamento e o seu fortalecimento.
O novo embaixador disse que abordou com João Lourenço vários aspectos, entre os quais a situação política na RDC, sobretudo o processo de preparação das eleições.
O embaixador disse ter confirmado ao Presidente João Lourenço que “tudo está a correr bem e os acordos políticos para a preparação das eleições estão a ser respeitados”. Didier Kazadi substitui o diplomata Gustave Beya Siku, que no dia 8 de Junho apresentou ao Chefe de Estado angolano cumprimentos de despedida, depois de cumprir a sua missão diplomática em Angola.
À imprensa, depois da audiência com João Lourenço, Gustave Siku minimizou as denúncias de alegada conspiração contra a RDC evolvendo Angola e o Ruanda, lembrando que as relações entre os dois países são profícuas e que os dois Chefes de Estado concertam continuamente posições sobre questões ligadas à região e à cooperação.
“Penso que devíamos ter cuidado com algumas informações especulativas. Não há, de forma alguma, desentendimento, nem tão pouco clima de fricção entre os nossos países”, sublinhou Gustave Siku.
Aniversário da RDC
A RDC comemora hoje 58 anos de independência. O diplomata congolês considera que o percurso dos congoleses, desde o assassinato de Patrice Lumumba até ao derrube do regime de Mobutu Sese Seko, é histórico.
O diplomata lamentou o facto de a RDC não ter alcançado ainda o desenvolvimento, mas disse que este desafio começou com Laurent Kabila e foi retomado por Joseph Kabila. “Ainda temos inimigos que impedem esse desenvolvimento tanto almejado pelos congoleses, mas vamos continuar nesta luta”, disse, acrescentando que o actual Presidente Joseph Kabila tudo faz para alcançar a paz e o desenvolvimento.