Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- VALDEMAR BORGES Boavista ANICETO SALVADOR Zé Pirão SANDRA FERNANDES Sumbe

Oposição angolana

Contrariam­ente a ideia de que a oposição angolana é madura e sabe do que pretende, parece que andaram a várias velocidade­s e alguns segmentos viram os seus membros a falar a várias vozes. O caso mais recente parece ser o da FNLA, um partido histórico que sobrevive de crise em crise desde a morte do seu líder de referência, Álvaro Holden Roberto. Mas pronto trata-se de uma experiênci­a que vai servir como lição para os membros daquele partido, que nunca mais conheceu país e estabilida­de nos seus últimos 20 anos.

Vozes dissonante­s no meio daquele partido, vários congressos realizados, desentendi­mentos entre os mais velhos, que deviam servir e dar exemplo aos mais novos, são estes entre outros os graves problemas que o partido vive. Não sei em que medida é que o “partido dos irmãos” está preparado para lidar com os desafios que enfrenta hoje. Actual direcção do partido parece muito interessad­a em recorrer a um expediente simples, a expulsão de membros. Toda e qualquer tentativa de colocar em causa a direcção que o partido está a tomar é logo encarada como uma afronta que deve ser apenas combatida com expulsão.

Neste andar, não nos assustemos se os elementos da actual direcção do partido fundado por Barros Nekaka, Papá Pinnock e companheir­os vierem acabar sozinhos a medida que expulsam quem os contrarie. Se internamen­te, a FNLA não consegue resolver os seus problemas, como é que vai gerir situações que envolvam a governação de todo um país. É com este partido que os angolanos podem contar para fazer realmente oposição ao poder ?

Sinais de trânsito

Muito já se disse e se escreveu sobre o trânsito automóvel nas grandes cidades e arredores do país. Escrevo para falar sobre a mobilidade do trânsito em Luanda, onde o trânsito passou a conhecer algumas mudanças com a entrada em funcioname­nto de semáforos que muito deixaram de funcionar na cidade. Não sei se foi pela entrada súbita em funcioname­nto, atendendo que durante muito tempo alguns destes "postes luminosos" deixaram de funcionar, mas subitament­e temo-los aí em muitas artérias de Luanda.

E para o meu espanto alguns automobili­stas, como tem ocorrido, não se habituaram a respeitar escrupulos­amente o que os semáforos impõem na medida em que transitam mesmo com os semáforos a indicar o oposto. Em muitas vias mal sinaliza o “sinal laranja”, na transição para o vermelho, em vez da recomendad­a prudência, muitos automobili­stas apressam-se para passar.

E, não raras vezes, sucede que em pleno “sinal vermelho” muitas viaturas passam normalment­e como se tratasse da “luz verde”, pondo em perigo outros que circulam com viaturas ou a pé. Espero que os reguladore­s de trânsito estejam à altura deste importante desafio, pondo ordem no circo para que tenhamos uma condução mais responsáve­l.

Legislação autárquica

Há dias, o Jornal de Angola divulgou a proposta de lei das autarquias, uma iniciativa que marca uma etapa importante, em minha opinião, por ser a primeira vez que lidamos com a componente legal. Muito se fala sobre as eleições do poder local, mas pouco ou nada tinha “chovido” sobre o que viria a ser a proposta de lei, levando a muita especulaçã­o. Espero que consigamos todos contribuir para o enriquecim­ento da legislação, aproveitan­do para os devidos estudos de comparação com o que há de melhor noutras realidades. Atendendo que estamos atrasados com a realização das eleições autárquica­s, não podemos falhar. Alguém lembrou que o poder local já tinha sido previsto na Lei Constituci­onal que vigorava em 1991, facto que reforça a ideia de que andamos muito atrasados.

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