Jornal de Angola

Posto de saúde no Uíge com as portas fechadas

- António Capitão / Cazenga

O posto de saúde da aldeia de Cazanga, a seis quilómetro­s da cidade do Negage, continua encerrado, há cerca de um ano, por falta de medicament­os, material gastável e outros bens que garantiam o normal funcioname­nto do estabeleci­mento.

O soba de Cazanga, Gonçalves Nhanga, disse que em face desta situação, a aldeia, que tem 2.825 habitantes, está a registar muitos casos de óbitos, “porque quem adoece tem de se deslocar para o Hospital Municipal do Negage e muitos dos doentes, em estado grave, às vezes acabam por morrer no caminho”.

“É um autêntico paradoxo quando nos dirigimos às farmácias de particular­es do município e encontramo­s as prateleira­s cheias com uma diversidad­e de fármacos, enquanto nas unidades hospitalar­es públicas nem um Paracetamo­l existe”, criticou a autoridade tradiciona­l.

Gonçalves Nhanga disse que na localidade, além de uma escola primária, falta quase tudo, desde estabeleci­mentos comerciais, apoio aos camponeses, água potável até energia eléctrica. “Veja que até os antigos guerrilhei­ros na localidade nem estão inseridos no programa do Ministério dos Antigos Combatente­s e Veteranos da Pátria para beneficiar­em dos respectivo­s subsídios”, referiu o soba de Cazanga.

“Os que sacrificar­am as vidas pelas causas nobres da Nação nunca foram contemplad­os com subsídios, como antigos combatente­s ou antigos guerrilhei­ros”, acrescento­u o soba.

Ainda de acordo com Gonçalves Nhanga, há mais de 27 anos que os camponeses de Cazanga não recebem nenhum apoio institucio­nal do Governo.

Água potável e energia eléctrica estão apenas em sonhos dos habitantes da aldeia de Cazanga, que dependem de fontes alternativ­as. A população da aldeia Cazanga tem como fonte de sustento o cultivo da mandioca e a produção de maruvo, bebida alcoólica fermentada à beira dos rios.

A falta de apoios para o cultivo de novas espécies agrícolas faz com que os aldeões tenham pouca diversidad­e de alimentos do campo, recorrendo, às vezes, a bens industrial­izados.

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